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Mãe de vítima de estupro percorre 10 mil km para conscientizar a Índia

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Há um ano e meio, a filha adolescente de Puneeta Kumar (nome fictício) foi estuprada por um professor no banheiro da escola; há poucos dias a heroica mãe chegou a Nova Délhi após percorrer mais de 10 mil quilômetros para conscientizar a Índia sobre o problema da violência sexual junto a outros milhares de pais e vítimas de abuso no país.

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A “Marcha pela Dignidade” partiu no dia 20 de dezembro de Bombaim (oeste) e, às vezes a pé, às vezes em veículos, percorreu 24 estados indianos para evitar que histórias como de Aishwarya (nome também fictício) se repitam em um país onde em 2016 houve 38.947 estupros, 19.765 deles de menores de idade, segundo dados oficiais.

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A adolescente de 15 anos ingeriu veneno após a agressão, mas sobreviveu graças ao tratamento médico recebido em um hospital no estado de Uttar Pradesh.

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No entanto, o trauma continuaria, pois Puneeta só conseguiu registrar uma denúncia depois de dois dias de muita insistência e ligações aos jornais locais, explicou à Agência Efe esta mãe após sua chegada a um descampado de Delhi, onde ficaram reunidos os participantes depois da marcha.

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Segundo seu relato, o autor do abuso lhe ofereceu 1 milhão de rupias (R$ 52 mil) em troca de silêncio sobre o caso.

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“Recusamos a oferta dizendo que queríamos justiça para a nossa filha. Se pegássemos o dinheiro, há outras meninas que também vão à escola e suas vidas seriam arruinadas”, disse Puneeta, consciente de que, se um professor sair impune, isso encorajará outros docentes a cometer as mesmas atrocidades.

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A mãe afirma que o dinheiro que rejeitado acabou nas mãos da polícia, que só começou a investigação depois de dez dias, e realizou o exame de corpo de delito em sua filha depois de um mês e meio.

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“Já se passou um ano e meio desde que isso aconteceu e (o estuprador) ainda está em liberdade. Estive em toda parte, fui a Lucknow (a capital regional), mas não me deram justiça, não foi feito nada e ele não está na prisão”, denunciou Puneeta com os olhos marejados.

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AFP
Imagem: AFP

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Aishwarya não tem vontade de viver, não se concentra nos estudos e insiste em dizer que tentará se matar de novo se seu agressor não for preso.

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Puneeta perdeu sua família, seus vizinhos, “todo mundo”. “Nem sequer me dão trabalho como mão de obra, ninguém vem até nós e nem fala conosco”, lamentou. Mas há muito tempo essa mãe também perdeu o medo e não deixará de levantar sua voz pela causa.

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O que aconteceu à sua filha não deve acontecer a mais ninguém e essa é a razão pela qual durante os últimos dois meses dividiu sua vivência em dezenas de colégios, onde encorajou as meninas a denunciar os abusos sexuais e suas famílias a não escondê-los por medo do estigma.

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O coordenador do evento, Asif Sheikh, advertiu à Efe que as vítimas que denunciam “não têm apoio das suas famílias, suas comunidades e sua vizinhança”; muitas vezes os parentes explicam o estupro através de um “erro” da vítima e “sempre” a pressionam para que não conte a verdade.

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“Queremos acabar com a vergonha”, disse Sheikh, enquanto ao fundo milhares de braços enfeitados com laços rosas se levantavam em sinal de apoio às palavras de ordem gritadas no palco por várias celebridades engajadas na causa.

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“Esta é uma marcha histórica, na qual mais de 25 mil sobreviventes de estupro individual e estupro coletivo viajam mais de 10 mil quilômetros pelo país. Convenceram legisladores e a sociedade a parar com a violência sexual contra as mulheres na Índia”, disse.

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Puneeta e outras milhares de pessoa têm certeza de que esta é a única forma de mudar as coisas.

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“As mulheres e meninas devem levantar suas vozes para que isso pare. Acontece com uma menina de cinco anos, de dez anos, uma mãe, uma mulher mais velha. Acontece com todo mundo”, concluiu a ativista. EFE

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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