Saiu no site HUFFPOST:
Veja publicação original: A publicitária de 39 anos encontrou um jeito de se relacionar com outras mulheres e ressignificar seu próprio papel no mundo: “Juntas, a gente pode se fortalecer”.
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A publicitária de 39 anos encontrou um jeito de se relacionar com outras mulheres e ressignificar seu próprio papel no mundo: “Juntas, a gente pode se fortalecer”.
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Quando a rede Héstia, criada por Luciana Sato, 39 anos, completou um ano, algumas das mais de 5 mil mulheres que compõem o grupo na internet se reuniram pessoalmente. Cada uma com uma vela, a dinâmica consistia em acender a vela da outra, que estava ao lado. Em roda, iniciou-se esse movimento. Sem apagar a própria chama, a próxima era acesa. Sem apagar a chama da outra, a sua estava ali, em brasa. Algo simbólico e simples. Muito significativo. “Nós sozinhas somos pontos e, juntas, a gente forma uma rede. Juntas, a gente pode se fortalecer.”
Foi com esse objetivo que a publicitária criou a rede em fevereiro de 2017. E é com muita energia que Luciana fala sobre o projeto. Um orgulho expresso no seu sorriso, nas histórias sobre cada encontro que gosta de contar, em tudo que recebeu com essa iniciativa. E, para ela, o segredo está mesmo nisso. Na troca. A rede nasceu com a ideia de “estimular o autoconhecimento por meio da sororidade e apoio entre as mulheres”. Esse ritual em círculo, aliás, é repetido nos encontros em forma de roda de conversa. Um conceito essencial. “Existe uma premissa sobre o milionésimo ciclo. As mulheres quando estão em círculo elas se curam e curam a humanidade. Na milionésima vez que isso acontece, muda o sistema porque a energia é tão forte que muda isso nas pessoas. Um movimento que vai para o inconsciente coletivo.”
“Nós sozinhas somos pontos e, juntas, a gente forma uma rede. Juntas, a gente pode se fortalecer.”
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O projeto para a criação desse movimento todo começou quando Luciana passou a observar os hobbies do marido. “Há algum tempo meu marido ficou desempregado e nessa época o que me chamou atenção é que ele tinha um grupo de moto e eles andavam muito junto, eles deram muito apoio, pagavam as viagens pra ele, arranjaram entrevista de emprego e achei muito legal esse apoio e essa comunidade que começou por um hobbie.”
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Luciana percebeu que ela e suas amigas e as mulheres de seu círculo nao tinham algo do tipo. “Vi que as mulheres estavam se afogando nos papéis… no papel de mãe, no papel de filha, de esposa, de dona da casa, de executiva, mas não tinham o papel de mulher.
Foi quando criou um grupo no Facebook para discutir esse tema. Dessa ação quase despretensiosa, começaram os encontros da rede. A ideia era mesmo reunir amigas e amigas de amigas para que ali, naquele espaço, ninguém precisasse desempenhar um papel determinado por outra pessoa. “A ideia era não se apresentar pelo crachá. Eu não sou a mãe, esposa, funcionária de uma multinacional. Eu sou a Luciana. Parecia uma terapia coletiva porque as mulheres quando estão juntas elas se deixam vulnerabilizar. Nesse encontro elas podiam ser elas, era um acolhimento.”
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“Vi que as mulheres estavam se afogando nos papéis… no papel de mãe, no papel de filha, de esposa, de dona da casa, de executiva, mas não tinham o papel de mulher.”
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Desse primeiro encontro a coisa foi crescendo. Cada vez mais mulheres foram indicando outras e a coisa ganhou forma. Hoje, os encontros acontecem em São Paulo em média uma vez por mês. Cada dia há um tema de discussão, algum workshop. Tudo impulsionado pelas integrantes da rede de forma colaborativa. “Eu sou a pessoa que agrega, mas quem conduz é sempre alguém da rede, até para dar voz para essas mulheres. Todo mundo tem alguma coisa pra compartilhar.”
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É isso que Luciana busca. Ela conta que é uma pessoa ligada em relacionamentos e procura manter esse vínculo. “Me interesso pelas pessoas, quero saber o que estão fazendo. A rede foi um presente pra mim nesse sentido porque fez com que eu reencontrasse muitas amigas de anos e conhecesse pessoas com a mesma energia e os mesmos questionamentos. Foi um super presente.” E viu como isso pode afetar outras partes da vida e fazer com que os – muitos – papéis oferecidos para a mulher sejam revistos. “Ontem voltei tarde de um encontro da rede e as crianças estavam dormindo, mas eu não senti culpa. Vejo que sou uma mãe melhor porque meus filhos veem que estou feliz.”
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“A ideia era não se apresentar pelo crachá. Eu não sou a mãe, esposa, funcionária de uma multinacional. Eu sou a Luciana. As mulheres quando estão juntas se deixam vulnerabilizar.”
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Publicitária de formação, Luciana sempre trabalhou com comunicação e passou por grandes empresas. Largou o mercado e investiu na própria agência, teve dois filhos nessa fase (hoje estão com seis e quatro anos) e retornou ao mundo corporativo algum tempo depois. “Mas quando a gente vira empreendedora, a gente nunca deixa de ser”, alerta. Até por isso ela acha que veio essa vontade de criar a rede e, por conta, ela segue seus estudos nas áreas que a interessam. Atualmente seu foco é a relação com pessoas. Antes de receber a reportagem do HuffPost em sua casa, em São Paulo, ela estava fazendo uma de suas leituras, movimentando as ideias. Já deve estar pensando em um workshop para o próximo encontro..
Porque é isso que realmente movimenta Luciana. Pensar nos ciclos. No círculo, naquilo que gira.. “Esses encontros são muito energizadores. Volto e não consigo dormir. Fica aquela coisa, aquela energia… é uma energia muito forte”. Dá para sentir mesmo. Ali está a certeza de que a chama dela está acesa. Quente. E que nenhuma a sua volta será apagada. Pelo contrário.
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Ficha Técnica #TodoDiaDelas
Texto: Ana Ignacio
Imagem: Caroline Lima
Edição: Andréa Martinelli
Figurino: C&A
Realização: RYOT Studio Brasil e CUBOCC
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