Saiu no site G1:
Veja publicação original: Lei Maria da Penha completa 12 anos, mas dados ainda preocupam
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Por Mirielly de Castro e Paula Moreira
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Na região do Alto Tietê, somente neste ano foram cinco feminicídos, fora os casos em que a vítima sobrevive à violência.
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Nesta semana, a Lei Maria da Penha, criada para proteger as vítimas da violência, completa 12 anos. Mesmo com a lei, os casos de violência contra as mulheres são preocupantes. Na região do Alto Tietê, de janeiro a julho, foram cinco feminicídos, fora as situações em que a vítima sobrevive à violência.
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As estatísticas preocupam muito e pedem medidas efetivas e um trabalho de conscientização. Pra chamar a atenção para esse assunto e orientar as mulheres sobre os direitos delas, a Prefeitura de Suzano realizou um simulado de feminicídio e julgamento, no Fórum, na terça-feira (7).
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O simulado faz parte do projeto Promotoras Legais Populares. “No projeto, temos trabalhado durante oito meses todos os tipos de direitos, sempre com corte de gênero. Marcar um evento como este é reforçar e resistir, na batalha em prol das mulheres”, explica Sandra Nogueira, coordenadora do curso.
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A presidente do Fundo Social de Solidariedade de Suzano, Larissa Ashiushi, ressaltou que o objetivo é que as mulheres fiquem mais informadas. ”E que fiquem cada vez mais empoderadas e saibam que podem muito. Então é muito importante que o município tenha essa capacitação, para elas se tornarem muito mais independentes.”
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O evento contou com advogados do grupo de voluntários do Sindicato dos Comerciários de São Paulo. A coordenadora do juri simulado do sindicato, Patrícia Santos, conta que o projeto foi realizado pela primeira vez para comemorar um ano da Lei Maria da Penha. “Foi uma forma lúdica que encontramos de fomentar a lei, para que sintam na pele e consigam julgar e entender melhor as questões.”
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Os homens também marcaram presença. É que existe um grupo masculino na luta pelo fim da violência contra a mulher. “Nossa proposta é capacitar outros homens. Aqui em Suzano fizemos um curso de capcitação de seis meses, em que aprendemos a forma de abordagem para conversar com outros homens. O índice de reincidência diminui consideravelmente quando tem essa abordagem um pouco mais pontual do entendimento do machismo. Já tem estudos demonstrando isso”, comentou o advogado César Braga.
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Vítima
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Uma dona de casa de 46 anos, que prefere não se identificar, foi vítima de violência em 2003. Ela já era casada há 15 anos e tinha dois filhos quando foi agredida pelo marido. “Ele sempre foi muito ciumento, me impedia de estudar. Quando fiz a inscrição pra voltar a estudar, ele me agrediu fisicamente.”
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Ela também havia iniciado um curso de orientação para mulheres vítimas de agressão, escondida do marido ciumento. “Eu já tinha iniciado o curso e não era mais tão leiga. Após a violência, fui até a delegacia de Suzano onde registrei o boletim de ocorrência e recebi todas as orientações. Eu fiquei no acolhimento e depois foi determinada uma medida preventiva.”
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Em Suzano, de janeiro a julho de 2018, foram registrados três casos de tentativa de feminicídio. Nenhuma mulher morreu.
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Casos na região
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Em todo Alto Tietê o Diário TV mostrou cinco casos de mulheres assassinadas, vítimas de violência doméstica. Em Santa Isabel, Larissa da Silva Cavalcanti, de 23 anos, foi morta por disparo de arma de fogo dentro da própria casa. O principal suspeito é o companheiro dela, Clebson Santana Silva, de 36 anos.
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Na cidade de Ferraz de Vasconcelos, Joaquim Pereira da Silva, de 47 anos, confessou ter matado a mulher Susan Alan Mendonça, de 43 anos. Os laudos da polícia apontaram que a auxiliar de limpeza foi asfixiada por estrangulamento.
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Já em Itaquaquecetuba, Natali Melo dos Santos, de 26 anos, foi assassinada pelo marido Adriano Diogo das Chagas, de 27 anos, na sala do apartamento onde ,com vários golpes de faca.
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Em Mogi das Cruzes, Evelyn Silvestre da Silva, de 31 anos, foi degolada. O principal suspeito, segundo a polícia, é o companheiro dela, Benedito de Siqueira Reis. Ele teria usado uma faca pra cortar o pescoço da vítima.
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Também em Mogi das Cruzes, Jaqueline Aparecida Lopes Moraes, de 19 anos, morreu em consequência de um traumatismo craniano depois que o namorado dela, Sael, a derrubou no chão com uma cotovelada.
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O telefone para denúncia da violência contra a mulher é o 180.
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