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Karina Bacchi, Mariana Kupfer e outras mães falam de produção independente

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Veja publicação original: Karina Bacchi, Mariana Kupfer e outras mães falam de produção independente

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Por Talyta Vespa

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Só mulher sabe. E só algumas delas sabem.

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Ser mãe, para muitas mulheres, é um desejo tão ardente que, se o corpo diz não, se o parceiro da hora diz não, e se o ginecologista diz não, elas botam todas as impossibilidades para trás e, sozinhas, produzem seu tão desejado bebê.

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Criar um filho sem pai sempre foi a realidade de um sem-número de mulheres. Mas a tecnologia, de algumas décadas para cá, com especial apuro para os últimos anos, permitiu que elas tomassem as rédeas na quase inteireza do processo de gerar um filho. Algumas fazem esse caminho sem transar com um homem, apenas com a ajuda de médicos e material genético masculino doado ou comprado. Outras, transam, engravidam, não contam para o futuro pai o que vai rolar e carregam seu filhinho, sozinhas, pela vida. Há diversos outros métodos; alguns mais éticos que outros, mas todos partem de um mesmo lugar: mulheres que querem ver seu barrigão crescer – e não pensam em adotar – sem a presença de um homem para o filho chamar de pai.

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Universa entrevistou médicos especialistas no assunto. Colheu números dessa movimentação no Brasil. E, sobretudo, ouviu histórias de mulheres que decidiram fazer uma produção independente. Elas podem inspirar. Podem chocar também. Mas quem é capaz de dizer que alguma delas está errada?

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A produção independente pela via médica

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Há várias maneiras de fazer um bebê “sozinha”. A que é planejada em uma clínica de fertilização é apenas uma delas. De um lado, é cara. De outro, é a que conta com cuidados de especialistas. É dispensável lembrar, não, na verdade, é indispensável: antes de começar um tratamento tão definitivo como esse, o ideal é que a mulher esteja conversando com um psicólogo e tenha apoio de familiares e amigos.

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Ela também precisa saber que nunca, ela ou o filho ou a filha, poderá conhecer o homem que doou o material genético usado para compor seu embrião, se assim ficar acordado em contrato. No Brasil, esse material pode ser comprado de bancos de sêmen, americanos, por exemplo, via clínica de fertilização, ou doados por homens brasileiros. Neste caso, a mãe paga pelo serviço de armazenamento do esperma que as clínicas oferecem.

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Quando o material genético usado é de um doador brasileiro, a mãe pode escolher sete caraterísticas, físicas ou emocionais, que o doador tem. Quando o sêmen vem de fora, são 35 as possibilidades.

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Para a produção de um bebê numa clínica, dois tratamentos são possíveis. Um deles é a inseminação artificial, em que os gens do doador são introduzidos no útero materno. O outro é a fertilização in vitro, em que óvulos e espermatozoides são misturados em laboratório e um embrião é colocado no corpo da mulher. Os dois procedimentos são caros.

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Cada inseminação sai por, ao menos, R$ 10 mil. Médicos ouvidos por Universa dizem que em mulheres entre 35 e 40 anos, faixa etária que mais procura tratamento, a chance da primeira tentativa dar certo é de 25%, porcentagem igual à de uma relação sexual desprotegida. No geral, a gravidez, por esse método, acontece na terceira tentativa

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No que diz respeito à fertilização, cada tentativa custa, por baixo, R$ 15 mil, e as chances de sucesso são de 40%. O aumento na possibilidade de sucesso se dá porque o embrião é colocado prontinho no útero. Por fertilização, as gestações costumam vingar na segunda introdução dos embriões.

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A maternidade em laboratório e sem a presença de um pai cresce substancialmente no país. Segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a importação de sêmen dos bancos americanos para o Brasil cresceu 2 500% entre 2011 e 2017.

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Ter dinheiro e ser mais velha que 35 anos são dois dos principais motivos que levam as mulheres a fazerem uma produção independente, segundo Alfonso Massaguer, ginecologista especializado em reprodução assistida e membro da Sociedade Americana de Reprodução Assistida. Em seu consultório, Massaguer observa que mulheres de classes média e alta que entram cedo no mercado de trabalho esperam ter estabilidade financeira para só depois serem mães.

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“A estabilidade financeira é mais importante que um parceiro para muitas mulheres que querem ascender no trabalho. Se a idade chega e o parceiro ideal não, elas consideram, e cada vez mais, uma produção independente”, diz o médico.

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Reprodução/Instagram
Imagem: Reprodução/Instagram

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Karina Bacchi: congelamento de óvulos e compra de sêmen nos EUA

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A atriz Karina Bacchi deu à luz em agosto. Seu filhinho Enrico, de dez meses, foi feito, além de muito amor, com óvulos congelados que Karina havia reservado anos antes, e sêmen comprado de um banco americano. “Terminei uma relação longa e descobri que tinha uma doença chamada hidrossalpinge, que é, grosso modo, um acúmulo de líquido nas trompas. Precisei retirá-las e isso impossibilitou que eu tivesse filhos de forma natural. Me vi diante do risco de não realizar meu sonho da maternidade e me assustei. Decidi então que seria mãe independente”, diz Karina.

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Karina teve seu filho aos 41 anos. Aos 35, ela havia congelado óvulos. “Imaginei que seria mais difícil ser mãe naquela idade e decidi me prevenir”, explica. Quatro anos depois, por causa da descoberta e posterior tratamento da doença, a atriz começou a fazer tratamentos hormonais para engravidar. Foram três meses até que a gestação se concretizou, por meio da fertilização in vitro. Ela escolheu um banco de sêmen americano para que pudesse ter mais referências sobre os doadores.

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“Quero que, futuramente, o Enrico também possa acessar essas informações”, diz Karina. “O doador com quem mais me identifiquei foi o que tinha mais traços similares aos da minha personalidade. Também tive acesso às fotos da infância dele. O que me chamou mais atenção nelas foi a alegria de criança; ele tinha um brilho, um sorriso alegre. Eu queria algo além dos traços físicos”.

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Karina fez todo a fertilização no Brasil. Mas decidiu dar à luz nos Estados Unidos. Ela queria que o filho tivesse a dupla cidadania. “Tenho a italiana, e sei o quanto isso é positivo. O Enrico poderá escolher onde morar, estudar e trabalhar sem o obstáculo da falta de documentação. Foi um presente meu para ele”, explica.

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Reprodução/Instagram
Imagem: Reprodução/Instagram

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A atriz gastou R$ 82,5 mil para fazer e ter seu filhinho. E, ela diz que em nenhuma parte do processo teve medo. “Minha família me apoiou durante todo o tempo”, diz Karina, que conta ter virado alvo de julgamentos, por vezes, negativos, dada à coragem de fazer uma reprodução independente: “Eu espero poder motivar as mulheres de uma forma positiva. E também desejo que as que escolherem percorrer esse caminho tenham os pés no chão, porque ser mãe sozinha é uma responsabilidade dobrada”.

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Karina vai estrear um novo reality show, em agosto, na Record, sobre salões de beleza. A atenção ao filho, apesar do novo trabalho, vai continuar total. “O Enrico mudou muito minha vida. Eu vivo por ele e para ele. Dou banho, papinha, amamento, ajudo a engatinhar. Quero continuar apresentando o mundo para ele”.

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‘Escolhi olhos azuis porque daria uma mistura bacana’, diz Mariana Kupfer

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Aos 36 anos, a apresentadora Mariana Kupfer teve a certeza de que era hora de ser mãe. Depois de pesquisar muito sobre produção independente, ela decidiu procurar uma clínica especializada em reprodução assistida.

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“Saí de lá certa de que era o que eu queria. Confiei totalmente no meu médico, que me mostrou o caminho das pedras. Importei o sêmen dos Estados Unidos, já que os bancos de lá fornecem mais opções na hora de escolher as características do doador. Escolhi um de olhos azuis e cabelos loiros, porque achei que daria uma mistura legal, pois sou morena e tenho olhos castanhos. Mas tudo isso foi um detalhe: além da compatibilidade sanguínea e de questões de saúde, meu critério para escolher o doador foi a personalidade dele, também descrita pelo banco de sêmen. Sou agitada, então escolhi uma pessoa calma, mas gentil e muito educada”, explica Mariana.

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Arquivo Pessoal
 Mariana e a filha, Victória KupferImagem: Arquivo Pessoal

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Ao optar pelo banco de sêmen americano, Mariana enfrentou uma burocracia que fazia parte da legalidade do processo. Entre a decisão de ser mãe independente e a notícia da gestação, passaram-se cinco meses. A apresentadora comprou todos os lotes de sêmen fornecidos pelo doador. “Consegui engravidar na primeira tentativa, mas achei melhor prevenir e comprar todos os lotes, caso eu precisasse fazer mais de uma inseminação”, conta.

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Arquivo Pessoal
 Imagem: Arquivo Pessoal

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Entre as opções de escolha em relação ao doador pelos bancos americanos, a mulher pode decidir se quer ou não que o filho, após os 18 anos, conheça o “pai”. Mariana não quis. Outro procedimento permitido pela clínica onde a apresentadora realizou o procedimento é a sexagem do embrião. Assim, é possível escolher o sexo do bebê – mas as chances de dar certo são de apenas 30%. “Quando soube que a sexagem era permitida, disse que meu sonho era ter uma menina. Só que a probabilidade de dar certo era de apenas 30%. Mentalizei, engravidei de gêmeos. Um dos embriões não se desenvolveu, e veio a Vic”.

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Victória tem 7 anos e é cheia de personalidade. A mãe diz que não consegue convencer a pequena nem a usar laços no cabelo. “Eu digo: ‘Filha, por favor, a gente vai a esse evento. Todas as meninas estarão com laços, coloque um também’. A resposta vem na lata: ‘Eu não sou todas as crianças, quero usar o cabelo assim’. Nem se eu quisesse conseguiria influenciar a personalidade da minha filha.”

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Arquivo Pessoal/Mariana Kupfer
Imagem: Arquivo Pessoal/Mariana Kupfer

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A pequena já sabe que “a mamãe engoliu uma semente do amor para que ela pudesse nascer”. Essa foi a forma que Mariana encontrou para começar a falar sobre produção independente com a filha. “Foi uma forma romântica que encontrei de dizer a verdade a ela. Quando minha filha tiver capacidade cognitiva para entender o processo científico, vou levá-la à clínica onde realizei o procedimento para que ela tome conhecimento de tudo”.

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“Congelei meus óvulos aos 41 anos e decidi ser mãe”

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Arquivo Pessoal
 Bettina engravidou após congelar óvulosImagem: Arquivo Pessoal

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O fato de ter um namorado que não queria ter filhos e a escolha por uma vida profissional que lhe deu pouco tempo para investir em um novo relacionamento, fez com que a cineasta carioca Bettina Boklis decidisse congelar alguns óvulos aos 41 anos.

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“Quando fiz o congelamento, eu já estava com a ideia da produção independente na cabeça”, conta Bettina.

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Daí para partir para a fertilização in vitro foi um salto. “Eu pensei: ‘já que congelei, vou engravidar logo’. Para tomar esse tipo de decisão, levei em consideração o fato de ter um emprego fixo; o que era uma segurança. Minha família, entretanto, morava toda no Rio de Janeiro; e eu, em São Paulo. Fiquei um pouco receosa com isso, mas senti que era meu momento”, conta a cineasta. Para manter os óvulos congelados, ela pagou cerca de R$ 900, por ano.

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Foram três tentativas de fertilização até Bettina engravidar. Ela optou pelo banco de sêmen brasileiro que, apesar de oferecer apenas sete tipos de características para a escolha do doador, não apresentou muitas burocracias. “No Brasil, as características do doador apresentadas à mulher são religião, cor de cabelo, cor do olho, peso, altura, tipo sanguíneo, hobby e profissão”.

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Arquivo Pessoal
 Imagem: Arquivo Pessoal

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Para Bettina, a aparência do doador não era tão importante: “O que me importava era a saúde, a combinação sanguínea. O procedimento realizado por ela custou R$ 18 mil, em 2013. Naquela época, havia apenas 300 sêmens disponíveis em todo o Brasil.

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Sua filhinha, hoje com 4 anos, perguntava onde estava o papai. “Entendi que já era o momento de falar sobre isso. Fui com ela a um psicólogo e decidi escrever um livro infantil que conta sua história”. Bettina tem também um blog, onde fala de produção independente.

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“Nunca menti para a minha filha e isso foi essencial para que ela confiasse em mim”.

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“Fui mãe independente pelas vias ‘normais’”

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Foi durante um intercâmbio de estudos no Canadá, que Clara*, de 27 anos, decidiu que queria ser mãe – e que, para isso, não precisava de um pai. Sem dinheiro e sem apoio da família para bancar um tratamento de reprodução humana, a jovem, então com 24 anos, apostou no que ela denomina como “vias normais”.

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“Calculei meu período fértil por meio de um aplicativo de celular. Nesse dia, me arrumei toda, passei um perfume gostoso e fiz questão de não colocar camisinha na bolsa. Fui até uma danceteria em Toronto pronta para seduzir um gringo”, conta Clara, que é mãe de Sofia*, de 2 anos.

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A tática da brasileira era transar com um homem educado e bonito e engravidar dele. Com um adendo: ela não contaria para ele o intuito, nem, muito menos, se ficasse grávida.

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“Vi um cara alto, loiro, de olhos azuis e com o corpo definido. Me aproximei e ele, muito gentil, levantou do banco para que eu pudesse me sentar. Pensei na hora: é ele”.

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Clara soube que o homem tinha 35 anos, era americano e superinteligente. “A química bateu forte e nos beijamos. Os amassos foram esquentando, até que sugeri que fôssemos para o banheiro da balada. Eu queria colocar em prática a minha decisão”.

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“Nos enfiamos em uma cabine, e ele disse que estava sem camisinha. Lamentei que eu também não tinha, mas garanti que não era portadora de nenhuma DST e que tomava anticoncepcional. Ele era profissional da saúde e, por isso, precisava ter os exames de sangue em dia”.

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Clara engravidou. “Liguei para os meus pais, falei que tinha me envolvido com um homem no Canadá, e que estava grávida dele. Inventei também que ele tinha ido embora e que não havíamos trocado telefone. Eles ficaram desesperados, mas disseram que me apoiariam”. Aos três meses de gravidez, Clara voltou para o Brasil.

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“Não sei se fiz o certo, mas tento não pensar muito nisso. Minha filha ainda é pequena e não cogito falar sobre isso futuramente”, diz Clara.

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*O nome utilizado nesta reportagem é fictício e visa a preservar a identidade da personagem

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O que diz a lei

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Segundo a advogada e especialista na área de família Rita de Cássia Gonzalez, não há uma lei que impeça uma mulher de esconder de um homem a paternidade do filho. “Pela lei, ela não é obrigada a informar ao pai que ele tem um filho. Apesar de, nos cartórios, o nome do pai ser requisitado, a mulher pode sair pela tangente afirmando que não sabe quem é — o que realmente pode acontecer”, explicou.

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“Em termos de ética, não cabe a mim julgar a atitude da personagem”, concluiu Rita.

 

 

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