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Veja publicação original: Juízas reclamam de machismo e falta de visibilidade na carreira judiciária
TRF-5 nunca admitiu magistrada mulher
74% apontam dificuldade de ascensão
POR AMANDA AUDI
A maioria das juízas federais considera que a representatividade das mulheres no Judiciário ainda é baixa e precisa melhorar. Essa foi a resposta dada por 86% de juízas federais, conforme relatório da Ajufe(Associação dos Juízes Federais do Brasil) divulgado nesta 4a feira (7.fev.2018).
No TRF-5 (Tribunal Regional Federal da 5a Região), que abrange os Estados de Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe, não há nenhuma magistrada de carreira.
Nos últimos 2 concursos para admissão de juízes no tribunal, as bancas examinadoras foram compostas apenas por homens. Para as integrantes da Comissão Ajufe Mulher, isso dificulta o ingresso de mulheres.
Nos tribunais regionais e em Instâncias superiores, o índice de mulheres varia entre 18% e 20%, segundo Clara Mota, coordenadora da Comissão Ajufe Mulheres. A própria Ajufe nunca foi presidida por uma magistrada.
Curiosamente, a divulgação do relatório foi aberta por 1 homem: Nelson Alves, vice-presidente da Ajufe. Ele iniciou a fala saudando “todas as colegas”. Estava rodeado de juízas federais da Comissão. Coube a ele falar sobre as dificuldades enfrentadas pelas mulheres na carreira judiciária.
Segundo o levantamento, as dificuldades enfrentadas pelas mulheres são a dupla jornada (trabalhar fora e dentro de casa) e a dificuldade de manter o núcleo familiar pela necessidade de mudanças de cidade. Também foi apontado que juízes do sexo masculino “têm muito mais apoio logístico e material” do que as mulheres.
Para 74%, mulheres têm mais dificuldade em ascender na carreira. Mais da metade citou que desembargadores se identificam mais com candidatos homens. Na fase inicial da carreira, são 26% de juízes substitutas. Na fase seguinte, cai para 20% nos tribunais.
“À juíza não é dado ambicionar crescer na carreira na mesma medida que os juízes”, respondeu uma entrevistada que não foi identificada.
Algumas disseram que seria importante afastar a ideia de que algumas atividades são “típicas de homens”. Sugerem fazer campanhas que mostrem mulheres como corregedoras de presídios e na área criminal.
Das entrevistadas, 81% entendem que sua vida pessoal é mais afetada pelo exercício da magistratura do que os colegas homens. Um dos pontos é não ser acompanhada pelo marido ou companheiro em caso de mudança de cidade. Isso foi citado por 83% das mulheres.
“A mulher acompanha o homem quando ele tem que se mudar de cidade. Mas em poucos casos o homem acompanha a mulher quando ela precisa se mudar por causa do trabalho”, diz Carla Fernanda Martins, juíza federal de Santa Catarina.
A pesquisa foi respondida por 185 magistradas de Varas Federais entre julho e agosto de 2017.
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