Saiu no site G1
Veja publicação original: João de Deus aparece na Casa Dom Inácio Loyola pela 1ª vez após denúncias de abuso sexual
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Médium disse que é inocente: ‘João de Deus ainda está vivo’. Em 30 horas, mais de 200 mulheres procuraram o MP-GO dizendo terem sido abusadas durante tratamentos espirituais.
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Por Murillo Velasco e Paula Resende
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Após as denúncias de abuso sexual, o médium João de Deus, de 76 anos, esteve nesta quarta-feira (12) na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, no Entorno do Distrito Federal, onde é o líder espiritual. Esta é a primeira vez que ele aparece em público depois que as acusações vieram à tona e uma força-tarefa passou a investigar os supostos crimes. João Deus ficou menos de 10 minutos no local e, antes de ir embora, declarou que é inocente.
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A tarde, horas depois, o Ministério Público pediu a prisão de João de Deus. O pedido ainda precisa ser analisado pela Justiça.
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O médium chegou por volta das 9h30, à Casa Dom Inácio de Loyola. Ele desceu de um carro branco e, rodeado por voluntários da instituição, se dirigiu até o meio do salão onde os trabalhos espirituais eram realizados. No local, João de Deus foi aplaudido pelos funcionários e se pronunciou sobre as denúncias, conforme mostra um vídeo enviado pela defesa do religioso.
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“Meus queridos irmãos e minhas queridas irmãs, agradeço a Deus por estar aqui. Ainda sou irmão de Deus, mas quero cumprir a lei brasileira porque estou na mão da lei brasileira. João de Deus ainda está vivo. A paz de Deus esteja convosco”, diz João de Deus.
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Segundo a assessoria de imprensa do médium, ele teve uma crise de pressão alta e teve de ir embora. Ele deixou o local cercado por um cordão humano.
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João de Deus entrou no mesmo carro branco e foi embora da Casa. Não há informações se o médium voltarará para realizar atendimentos nesta quarta-feira, como de costume.
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Pouco depois de o médium deixar o local, a assessora de imprensa da Casa, Edna Gomes, falou com a imprensa. Ela afirmou que João de Deus é inocente, está pronto para se defender, mas não deu entrevistas durante a sua primeira aparição em público devido à crise de hipertensão. Ela reiterou que a intenção do líder religioso é de continuar atuando, a menos que a Justiça o impeça de tal feito.
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“Ele sempre fala que ele é inocente. Eu, em seis anos que estou como assessora, eu nunca vi nada na casa que gerasse todas essas denúncia. A decisão de ele vir hoje é que ele queria fazer os trabalhos normais, mas ele não queria confrontar a Justiça. Então ele achou melhor sair, a pressão dele aumentou bastante e ele passou mal. Mas ele está aqui, aberto, para que a Justiça apure todos os fatos. O senhor João é um guerreiro, ele está pronto para falar, está pronto para dar respostas à Justiça”, declarou.
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Tumulto
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Durante a visita do médium, houve momentos de tumulto. Um dos advogados da equipe de defesa de João de Deus, Hélio Braga Júnior, disse que o “princípio de confusão” fez com que a equipe de voluntários da casa optasse por um outro momento para que o líder religioso se manifestasse sobre as denúncias.
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“Ele veio hoje para prestar uma satisfação a todos, mas, infelizmente, houve este princípio de confusão e, em outra ocasião ele deve se manifestar”, disse o advogado.
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Cláudio José Antônio Pruja é voluntário na Casa de Dom Inácio há 21 anos. Ele afirma que não era intenção dos integrantes da casa causar qualquer tipo de confronto.
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“A gente nunca havia presenciado uma situação desta na nossa casa. O senhor João chegou rodeado de voluntários que o protegiam, não tinha segurança, não tinha polícia. A intenção não era causar este tipo se confronto ou qualquer tipo de agressão, seja por parte dos membros da casa ou pelos integrantes da imprensa. Repito que aqui é um lugar de luz, nós temos muito carinho por tudo que é feito aqui e acreditamos que tudo isso será esclarecido”, disse.
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Médium João de Deus visita aa Casa Dom Inácio Loyola pela 1ª vez após denúncias de abuso sexual — Foto: Murillo Velasco/ G1
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Em relação à confusão presenciada pelo G1 e outros veículos de comunicação no momento em que o médium chegou, a assessora do médium reconheceu que houve um comportamento inadequado por parte de alguns membros da instituição e pediu desculpas por isso.
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˜Eu peço desculpas a vocês, com elegância, com simplicidade e honestidade. Isso não acontece aqui na casa. Talvez as pessoas estejam nervosas em função de tudo que está acontecendo, mas, em nome da casa, eu peço desculpas pelo comportamento deselegante de algumas pessoas. Peço desculpas a vocês. A casa é uma casa de amor, de ternura. Eu vi coisas incríveis aqui, inimagináveis de cura, então eu peço desculpas pelo comportamento de algumas pessoas.”
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Visitas de brasileiros e estrangeiros
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Os portões do local se abriram às 5h15. No entanto, a movimentação de visitantes só se intensificou por volta de 7h, quando vans e ônibus começaram a chegar com excursões em busca de atendimento do médium.
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O G1 apurou que, entre os frequentadores da casa nesta manhã, havia a presença de brasileiros de vários estados, holandeses e norte-americanos.
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“A gente acredita no poder de cura deste lugar. E a casa acaba sendo maior do que estas coisas que vão surgindo, então eu me sinto segura e tenho fé de que aqui encontro auxílio e suporte para os problemas que enfrento”, disse uma mulher do interior de São Paulo, que não quis se identificar.
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Turistas vão a Abadiânia à espera de atendimento de João de Deus — Foto: Murillo Velasco/ G1
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A instituição foi fundada pelo médium em 1976. Ele realiza atendimentos espirituais às quartas, quintas e sextas-feiras, recebendo pessoas em busca de amparo para problemas de saúde de diversos tipos.
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O local ficou mundialmente conhecido depois que artistas de Hollywood foram ao local em busca de atendimento. Além disso, ex-presidentes da República, governadores, políticos e atores brasileiros também frequentam a casa em busca de cura para enfermidades.
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Denúncias
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O jornal “O Globo”, a TV Globo e o G1 têm publicado nos últimos dias relatos de dezenas de mulheres que se sentiram abusadas sexualmente pelo médium. Não se trata de questionar os métodos de cura de João de Deus ou a fé de milhares de pessoas que o procuram.
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A força-tarefa que investiga as denúncias contra João de Deuscomeçou o trabalho de investigação na segunda-feira (10), depois que o programa Conversa com Bial divulgou o relato de 10 mulheres que disseram ter sido abusadas sexualmente pelo médium.
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O Ministério Público Estadual de Goiás (MP-GO), que assim como a Polícia Civil, investiga a suspeita de crimes sexuais durante tratamentos feitos pelo religioso, havia contabilizado, até o fim da terça-feira (11), mais de 200 denúncias contra o médium.
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Para atender às mulheres que não moram em Goiás, o MP-GO preparou uma sala de videoconferência. Nela, ficam os cinco promotores de Goiás que participam da força-tarefa, duas psicólogas e dois tradutores de línguas estrangeiras.
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“Temos casos fora do Brasil, por isso, temos a necessidade de acompanhamento para ajudar a gente a esclarecer todas essas situações”, afirma o procurador-geral do órgão, Benedito Torres.
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Até as 13h desta quarta-feira, 13 pessoas haviam procurado a Polícia Civil para registrar denúncias contra o médium, sendo que 9 já foram ouvidas formalmente pelos delegados que integram a força-tarefa da corporação.
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“Segundo o depoimento dessas mulheres, o núcleo da ação é sempre o mesmo. Um atendimento reservado, em local restritivo e, depois de algum tempo, condutas que são semelhantes nas descrições delas”, explica o delegado-geral da PC-GO, André Fernandes.
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Os depoimentos nas delegaciais também são acompanhados por psicólogos. “Há uma recepção dessas psicólogas. Elas desenvolvem um trabalho para que a vítima consiga expor toda essa situação. A investigação necessita de maturação, a vítima procura, mas nem sempre na primeira oportunidade consegue ser clara. Então, há oitivas de 2 a 3 horas de entrevista, de busca de informação, para formar o nosso material”, detalha o delegado.
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João de Deus nega acusações
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O advogado Alberto Toron, que defende o médium, afirmou que o cliente nega as acusações e que ele está à disposição da Justiça para esclarecimentos.
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“Muito enfaticamente ele nega. Ele recebe com indignação a existência dessas declarações, mas o que eu quero esclarecer, que me parece importante, é que ele tem um trabalho de mais de 40 anos naquela comunidade, atendendo a todos os brasileiros, gente de fora do país, sem nunca receber esse tipo de acusação”, disse.
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Além disso, o advogado esclareceu que o padrão de João de Deus era atender a todos em grupo. “Eventualmente atendeu alguma pessoa, alguma autoridade sozinho, isso é um episódio localizado. Mas pessoas, mulheres, crianças em geral, eram atendidas coletivamente diante de um grande número de pessoas”, continuou.
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Por fim, disse que o cliente vai colaborar com as investigações. “Achamos que tudo isso deve ser objeto de uma investigação marcada pela seriedade e nós esperamos que isso aconteça para que a verdade venha à tona”, concluiu Toron.
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Funcionários chegam para trabalhar na Casa Dom Inácio de Loyola em Abadiânia — Foto: Murillo Velasco/ G1
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