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Grávida que pediu aborto ao STF recebe apoio na web

Saiu no site REVISTA MARIE CLAIRE:

 

Veja publicação original:   Grávida que pediu aborto ao STF recebe apoio na web

 

Hashtag #PelaVidaDeRebeca passou a ser compartilhada nas redes sociais após Rebeca Mendes contar as dificuldades que a fizeram pedir a interrupção da gravidez na justiça

 

A estudante Rebeca Mendes, de 30 anos, foi à justiça nesta semana solicitar o direito de interromper sua terceira gestação alegando não ter condições de ter um terceiro filho. Ela é mãe de duas crianças, tem um emprego temporário e ainda cursa uma faculdade, porém não possui recursos para dar continuidade à gravidez, nem de criar mais uma criança.

O pedido foi feito por meio do PSOL e da ONG Anis – Instituto Bioética, que também tentam descriminalizar o aborto até a 12ª semana de gestação. Nos documentos, o partido aproveitou para pedir uma liminar para estender os efeitos desta decisão a todas as mulheres.

O processo, que ganhou visibilidade nas redes sociais nos últimos dias, conquistou o apoio de internautas e coletivos feministas, que se sensibilizaram com a história de Rebeca. Elas iniciaram uma campanha na web pelos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres como a autora da ação.

 

 

Com a hashtag #PelaVidaDeRebeca nas redes sociais, as mulheres pedem que a solicitação da estudante seja atendida pelo STF. “Conhecer a Rebeca, sua identidade, sua história, seu rosto é uma maneira de protegê-la da lei que criminaliza e da sociedade que julga”, publicou o coletivo Think Olga em seu perfil no Facebook ao compartilhar um vídeo no qual ela fala sobre sua situação.

 

 

CARTA
Aos 6 meses de gestação, Rebeca enviou uma carta endereçada a ministra Rosa Weber, do STF, pedindo a descriminalização do aborto, uma vez que a interrupção da gravidez de maneira clandestina mata muitas mulheres, especialmente as mais pobres.

‘Serei então uma mãe de dois filhos desempregada e grávida. Se já é difícil para uma mulher com filhos pequenos trabalhar em nosso país, é impossível uma mulher grávida conseguir um trabalho para qualquer atividade que seja. Seremos três pessoas passando necessidades, não conseguindo pagar meu aluguel sem ter dinheiro para comprar comida e com toda essa dificuldade ainda terei um bebê a caminho”, explicou na carta publicada no site Think Olga.

A ação ainda não foi julgada e não tem previsão de entrar em pauta.

LEIA A CARTA NA ÍNTEGRA
“Meu nome é Rebeca tenho 30 anos, sou mãe de dois meninos. Thomas de 9 anos e Felipe de 6 anos. Antes de me julgar, Ministra Rosa Weber, peço que me escute, pois não é fácil, mas tentarei descrever o motivo do meu atual sofrimento.

Na terça-feira, dia 14/11, eu descobri que estou grávida. Minha menstruação, até então, estava atrasada apenas 10 dias. O que isso significa pra mim naquele momento? Bom, senti um grande abismo se abrindo e me sugando cada vez mais para baixo. Desde então, eu já não sei o que significa dormir, comer, estudar, enfim, tudo o que faço tranquilamente e quando não estou fazendo “nada”, eu estou chorando. Fico imaginando as possibilidades, e a longo prazo se eu estivesse vivendo outra realidade, o mínimo diferente que fosse, eu não estaria escolhendo fazer um aborto. O que tentarei fazer aqui é um relato verdadeiro do que está acontecendo neste momento e mais ainda, tentarei ser o mais racional possível.

Já adianto aqui, são dois motivos que me levam a essa decisão. O principal deles é que em fevereiro para ser mais exata, no dia 11/02/2018 eu serei uma mulher desempregada. Tenho um contrato de trabalho temporário no IBGE, e nessa data ele se encerra sem a possibilidade de renovação. Serei então uma mãe de dois filhos desempregada e grávida. Se já é difícil para uma mulher com filhos pequenos trabalhar em nosso país, é impossível uma mulher grávida conseguir um trabalho para qualquer atividade que seja. Seremos três pessoas passando necessidades, não conseguindo pagar meu aluguel sem ter dinheiro para comprar comida e com toda essa dificuldade ainda terei um bebê a caminho. Esse é um cenário que a longo prazo não tenho perspectiva de melhora.

O outro motivo que tenho é que estou cursando o quinto semestre do curso de Direito, curso este onde eu possuo uma bolsa integral pelo PROUNI e é o passaporte da minha família para uma vida melhor. Continuar com essa gestação significa também interromper por prazo indeterminado a conclusão desse sonho. Não sou uma mulher irresponsável, estava trocando de uso de um contraceptivo por outro. Como não possuo convênio médico, todo procedimento é feito pelo SUS, onde todo e qualquer procedimento é moroso.

Moro na cidade de São Paulo e, pra ser sincera, eu poderia ter ido até a Praça da Sé com R$ 700,00 reais e comprar o tal do “Citotec” e ter tomado na minha casa e acabado com tudo isso. Diante dessa possibilidade pesquisei o funcionamento e as consequências deste ato. Me entenda, eu nunca estive nessa posição e os relatos que vi foram mais que suficientes para descartar essa possibilidade. O medo do procedimento não funcionar e acarretar má-formação ou o remédio causar uma hemorragia causando a minha morte e, ser levada para um hospital e chegando lá ser levada para delegacia. Não quero ser presa e muito menos morrer. Não parece ser justo comigo. Não estou grávida de 4 ou 5 meses, estou grávida de dias apenas.”

 

 

 

 

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