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Freira luta para acabar com abuso sexual nas igrejas da Índia

Saiu no site HUFFPOST

 

Veja publicação original:  Freira luta para acabar com abuso sexual nas igrejas da Índia

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Para freiras, questionar a igreja é como questionar a sociedade inteira. Mas Kalapura não se deixa abalar.

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Por Piyasree Dasgupta e Meryl Sebastian

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Em outubro, quando o bispo Franco Mulakkal retornou à diocese de Jalandhar, no estado de Punjab, ao norte da Índia, depois de passar 21 dias na prisão, seus apoiadores o receberam de volta com guirlandas enormes e chuvas de pétalas de rosa. Quando as imagens da recepção de herói dada ao padre acusado de estupro encheram sua tela de TV e sua linha de tempo nas redes sociais, alguma coisa dentro da Irmã Lucy Kalapura deu um clique.

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Kalapura tem 52 anos e é freira há mais de três décadas. Ela já ouvira muitas histórias sobre clérigos poderosos que cometiam abuso sexual contra mulheres e às vezes crianças. Mas o caso de Mulakkal a deixou abalada.

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“Era tão implacável, eu mal conseguia acreditar. Ouvi que ele a violentou 13 vezes”, disse Kalapura ao HuffPost Índia, referindo-se a uma freira de um convento em Kuruvilangad, no distrito de Kottayam.

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Foi em junho de 2018 que essa freira registrou queixa policial contra Mulakkal, acusando-o de tê-la atacado sexualmente múltiplas vezes entre 2014 e 2016.

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Quando a notícia do abuso veio à tona, algumas freiras da congregação da vítima, a ordem das Missionárias de Jesus, começaram a protestar, exigindo que fossem tomadas medidas contra o bispo.

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Kalapura achou que mais mulheres de conventos sairiam às ruas para exigir a prisão de Mulakkal.

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“Mas, que nada, em vez de o bispo ser detido, percebi que mais e mais mulheres estavam criticando a freira que prestou queixa contra ele”, disse Kalapura, que integra a Congregação Clarista Franciscana.

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SIVARAM V / REUTERS
O bispo Franco Mulakkal (segundo à direita) diante de uma delegacia de polícia nos arredores de Kochi, 19 de setembro de 2018. 

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Então, para começar, ela colocou no Facebook uma série de atualizações de status enfurecidas, exigindo justiça para a vítima do bispo. Mas não achou que isso fosse o suficiente.

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Sem esperar para ver se outras pessoas seguiriam seu exemplo, Kalapura foi ao local de um protesto onde algumas organizações da sociedade civil promoviam uma manifestação contra o bispo.

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No dia 8 de setembro, 5 freiras iniciaram um protesto diante do supremo tribunal do estado de Kerala. Kalapura também participou dos protestos, que não demoraram a chegar à atenção nacional, intensificando a pressão sobre o governo de Kerala para tomar uma atitude.

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Mulakkal foi detido, passou 3 semanas na cadeia, foi solto sob fiança e agora está de volta à diocese de Jalandhar, sede da congregação das Missionárias de Jesus.

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As freiras que lutaram para que ele fosse preso vêm sendo assediadas, isoladas e enfrentam a ameaça de retaliações de seus superiores na igreja.

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Nos últimos 4 meses Kalapura recebeu duas reprimendas de seu convento, acusando-a de não seguir “os princípios da vida religiosa” e alegando que ela violou as regras da congregação. A primeira reprimenda foi feita no Natal do ano passado, mas não a impediu de defender a freira violentada com posts nas redes sociais e declarações à imprensa.

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Por isso, no dia 9 de janeiro, o convento lhe deu um segundo aviso. Desta vez, segundo Kalapura, a reprimenda inclui uma ameaça disfarçada de expulsão da ordem religiosa.

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Ato de coragem

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Não é de hoje que a poderosa Igreja Católica é acusada de proteger sacerdotes que abusam sexualmente de crianças e mulheres. Uma investigação da AP divulgada este ano trouxe à tona décadas de abusos sexuais sofridos no interior da igreja por freiras na Índia. Quase duas dúzias de pessoas com quem a AP conversou disseram ter conhecimento direto de incidentes dessa natureza.

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O grau em que Kalapura e as 5 outras feiras colocaram em risco sua subsistência e sua segurança pessoal é evidenciado pelo fato de vários padres homens terem medo de elevar a voz contra Mulakkal e a igreja, apesar de terem desejado apoiar os protestos.

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GETTY IMAGES
Freiras cristãs e defensoras muçulmanas, em protesto diante da Alta Corte de Kochi, em Kerala, em 13 de setembro de 2018, reivindicam a prisão do bispo Franco Mulakkal.

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Um padre de Kerala compartilhou com o HuffPost Índia uma carta que recebeu de autoridades superiores de sua congregação depois de comparecer a um protesto organizado por freiras no estado. A carta avisa o padre que ele sofrerá medidas disciplinares se voltar a tomar parte em atos públicos.

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“Tenho as mãos atadas, e muitos outros estão como eu, sem poder fazer nada”, ele disse, pedindo para que seu nome não fosse publicado.

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Kalapura segue adiante, apesar de já ter recebido vários avisos desse tipo.

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“Ela é uma mártir”, disse a Irmã Jesme, ex-freira que abandonou seu convento em Kerala em 2008 e depois publicou um livro polêmico intitulado Amen: The Autobiography of a Nun (Amém: a Autobiografia de uma Freira), em que acusa a igreja de múltiplas instâncias de negligência e conduta antiética. “Ela ainda faz parte de um convento, mas está travando uma guerra contra eles. É preciso coragem inacreditável para fazer isso. Mesmo que eu tivesse querido fazer isso dez anos atrás, eu não teria tido coragem de botar a boca no trombone enquanto ainda fazia parte do sistema”, ela disse ao HuffPost Índia.

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Jesme destacou que a vida social nas comunidades cristãs de Kerala está estreitamente interligada com a igreja. Na realidade, muitas vezes é difícil separar os vários espaços da vida social da vida religiosa da comunidade. Por isso mesmo, o ato de questionar ou fazer oposição à igreja é uma decisão que transforma a vida de quem a toma. “Quando uma criança nasce os pais vão à igreja. Casamentos são celebrados na igreja. Os batismos ocorrem na igreja. As pessoas se encontram em feiras e bazares da igreja. Nos dias santos as pessoas também vão à igreja. Literalmente tudo gira em torno da igreja. Desafiar a igreja significa desafiar a família, os amigos e todo o mundo que você conhece e ama, no nosso caso”, disse a ex-freira.

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Anto Kokkat, membro da Reforma Católica de Kerala, organização que ajudou a organizar várias reuniões de protesto, disse ao HuffPost Índia que a implementação da Lei da Igreja vai impedir que as igrejas exerçam poder desproporcional, garantindo mais segurança para as mulheres nas congregações. A Lei, com a qual a maioria dos partidos políticos se absteve de mexer e que várias organizações civis cristãs querem ver implementada, confere ao governo o poder de regulamentar as terras pertencentes à igreja.

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ASSOCIATED PRESS
Uma freira chora enquanto participa de protesto para exigir a prisão do bispo Franco Mulakkal, em Kochi, Kerala, 13 de setembro de 2018. 

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Igreja versus Liberdade

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Kalapura vem de uma família de 11 irmãos e entrou para a ordem das Missionárias de Jesus aos 17 anos de idade. Ela acabara de concluir o colégio, e entrar para a igreja lhe pareceu uma vocação legítima. Com o passar dos anos, entretanto, vários aspectos da disciplina da igreja começaram a incomodá-la. Mesmo assim, ela tomava o cuidado de nunca falar disso com ninguém.

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Em 2003, porém, disse Kalapura, aconteceu uma coisa “terrível” – ela não revelou o que foi ―, e a única maneira que ela encontrou de lidar com isso e superar foi colocar seus pensamentos no papel. Ela começou escrevendo relatos de como enfrentava as dificuldades. Em seguida, começou a escrever poemas curtos sobre a natureza e como ela entendera que “Deus vive na natureza”. Mais tarde, com o passar dos anos, quando as restrições do convento começaram a incomodá-la, Kalapura também pôs no papel suas reflexões sobre o amor, o casamento e a vida. Tudo isso não passou de um processo de catarse até 2016, quando algumas amigas sugeriram que ela publicasse um livro com seus poemas.

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“Em 2016 comecei a pedir permissão e um pouco de ajuda financeira para publicar o livro. Mas as duas coisas foram recusadas”, ela contou. “Eram poemas simples de louvor à natureza e a Deus, mas me disseram que eles contrariavam as normas de nossa vida como religiosas.”

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Kalapura passou dois anos tentando convencer o convento a reconsiderar suas “disciplinas” e autorizá-la a publicar o livro de poemas. O convento não cedeu. Então, em março de 2018, ela lançou o livro, passando por cima da proibição do convento.

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“Não demorei a começar a receber cartas e telefonemas da provincial (a freira responsável pelo convento). Eu também comprara um carro e aprendera a dirigir, apesar de a ordem ter me proibido. Tentei explicar que eu precisava do carro para me deslocar no meu trabalho e que escrever é um ato de autoexpressão para mim. Mas acho que a irmã não entendeu o que eu disse”, disse Kalapura ao HuffPost Índia.

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Alguns meses mais tarde, quando o caso de Mulakkal veio à tona, Kalapura disse que se identificou com o isolamento enfrentado pela vítima do bispo e as poucas mulheres que lhe estavam dando apoio.

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“Eu também uso o hábito (de freira). Seria uma desonestidade intrínseca de minha parte deixar de dar apoio a elas”, disse Kalapura.

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Jesme falou dos anos que passou em seu próprio convento tentando formular perguntas e especulou que deve ser insuportável para Kalapura continuar protestando enquanto ainda fazia parte da ordem religiosa.

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“Imagino como as outras freiras devem tratá-la, a indiferença, a hostilidade. É tão, tão difícil estar lá dentro e se rebelar”, ela comentou, dizendo ainda que espera que os atos de Kalapura deem coragem a outras mulheres.

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Poder e abusos

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Em  Amen, publicado pela Penguin em 2009, Jesme escreveu extensamente sobre sua desilusão com os erros e a negligência cometidos na igreja, que incluem abuso sexual e lavagem de dinheiro. A ex-freira disse ao HuffPost Índia que o abuso sexual era visto como tão corriqueiro que os homens e mulheres no poder muitas vezes convenciam suas vítimas que fazer silêncio significava renderem serviço a “Deus”.

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“Às vezes os padres e bispos poderosos agarram muitas pessoas do convento – à força ou com o consentimento delas. Se elas não concordam, esses padres falam ‘isto daqui é algo sagrado, precisamos manter em sigilo. Qualquer pecado que possa ocorrer, confesse a mim e eu a absolverei. Sou padre’”, disse Jesme aoHuffPost Índia.

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Em meados da década de 1990, um padre em Bengaluru a abordou com uma proposta semelhante. “Ele disse: ‘Se confesse comigo’. Eu não fui.”

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PENGUIN
Irmã Jesme

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Jesme suspeita que Mulakkal, com seu comportamento, pode ter incentivado outros padres a perseguir mulheres da mesma maneira. “Tenho certeza que muitas freiras foram vitimadas pelos mesmos homens, mas têm medo de denunciá-los. Há um padrão que se repete”, explicou Jesme. “Essas coisas acontecem em todo lugar. Muitas vezes, mesmo quando você denuncia para as superioras, elas lhe dizem que assim como Jesus sofreu, você também precisa sofrer.”

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A freira de 62 anos disse que muitas vezes levava suas preocupações às suas superioras, mas, em vez de ser ouvida e apoiada, estas lhe diziam que as pessoas estavam apenas obedecendo à “vontade de Deus”. “Eu ia lá furiosa, cheia de questionamentos, e voltava mansa como um cordeirinho”, ela contou.

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Kalapura disse que nas poucas vezes em que conversou com uma vítima de abusos sexuais, foi vista como uma mulher de grande força. “Eu quis encontrá-la, mas não me deixaram. Mas conversamos ao telefone de vez em quando. Ela sofre muitas dificuldades, mas não é o tipo de pessoa que quer se abrir muito sobre isso, então eu também não lhe perguntei muita coisa”, ela explicou.

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Enquanto Jesme parece atribuir o ciclo interminável de abuso nas igrejas ao fato de que muitas pessoas ingressam na vida religiosa porque precisam de emprego, não porque se interessem pela espiritualidade, Kalapura crê que muitas pessoas entram para o convento ainda muito jovens e mais tarde se dão conta de que têm desejos diferentes.

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Ela contou que uma das coisas que anotou em seu diário foi que uma pessoa só deve aderir a essa vida de abstinência quando já é mais velha e tem plena consciência de tudo o que isso implica.

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“Os tempos estão mudando. Há transformações culturais também. Como os tempos mudaram, está na hora de refletir sobre o casamento e o sacerdócio. Se há padres e freiras que querem se casar, eles deveriam poder fazê-lo.

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“Quando eles se casarem e tiverem alguns filhos, saberão o que é a vida”, prosseguiu Kalapura. Para ela, a igreja precisa entender que “a sexualidade é uma dádiva de Deus” e não negar a quem nela trabalha o direito ao amor. Na realidade, ela opinou, é a repressão sexual que alimenta a cultura de exploração sexual.

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“Esses homens pregam a abstinência sexual mas não conseguem cumpri-la, então utilizam o poder que exercem para satisfazer suas necessidades. Quantas pessoas ele (Mulakkal) não deve haver oprimido?”, ela especulou

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Mas Jesme acredita que os predadores sexuais dentro da igreja têm profunda consciência da posição de privilégio que ocupam e a aproveitam para conseguir ganhos sexuais e materiais.

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“Quando comecei a me falar publicamente o que penso, imediatamente me tacharam de louca. Na realidade, pessoas no meu convento começaram a falar para minha mãe me enviar a um retiro para cuidar de meus ‘problemas mentais’. Apesar de ter ficado horrorizada, minha mãe não me deixou partir”, ela disse. Sua família a excomungou durante anos, apenas telefonando a ela uma ou duas vezes por ano para checar se ela ainda estava vida.

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“Eles têm vergonha de mim”, disse Jesme.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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