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Veja publicação original: Feminicídio
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Trata-se do assassinato da mulher pela própria condição de ser mulher.
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Por Bianca Gianloureço
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No Brasil, ele foi tipificado pela Lei, que alterou o art. 121 do Código Penal (Decreto-Lei nº 2.848/1940).
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Dentro desta lei, o feminicídio é reconhecido como um assassinato pela própria condição feminina e normalmente envolve a violência doméstica/familiar ou menosprezo/ discriminação contra a mulher.
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Digamos que ele constitui a última etapa da escala de violência contra a mulher.
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E por ser a última escala, isto não quer dizer que ele não tem nenhuma relação com a violência psicológica, violência física e outras modalidades de agressão contra a mulher.
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Ela está estritamente relacionada.
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A discriminação, opressão, desigualdade e uma vasta gama de abusos são os promotores de inúmeras sequelas psicológicas, físicas e até a morte das mulheres.
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Para que fique claro, o feminicídio não é algo isolado e que acontece em cenários específicos.
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Na realidade, ele é a face mais visível de todo tipo de opressão violenta contra a mulher.
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E por isso mesmo, torna-se de suma importância orientar, identificar, esclarecer, compreender e demonstrar todos os tipos de violência que as mulheres são submetidas no seu cotidiano.
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Um conjunto de elementos sobre o que é ser homem e o que é ser mulher inseridos de diferentes formas dentro da sociedade contribui para que mortes brutais aconteçam.
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Lembrando que a violência começa com imposições, restrições, desconsideração e simplificações do outro e de sua singularidade dentro de uma relação.
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E justamente pela violência conter estes elementos de aniquilação do outro de alguma maneira, precisamos entender como esta disseminação da cultura de aniquilação do feminino se inicia nas relações.
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E para isso não precisamos ir muito longe. Os principais agressores/assassinos de mulheres estão dentro de casa. Pois é.
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Mas se estas pessoas são tão próximas por que não existem ações preventivas ou legais para que a morte não aconteça?
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A culpabilização da vítima é um dos primeiros obstáculos durante a denúncia.
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E esta culpabilização vai desde a própria vítima passando pelos amigos, pessoas próximas e até mesmo por alguns profissionais que não têm o preparo técnico adequado para acolher ou mesmo há uma rede de serviços insuficientes.
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Aliás, esta culpa está presente se ela denuncia ou também se ela não faz a denúncia.
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Mas isto é só uma ponta de iceberg. Digamos que há algo acima disto tudo por assim dizer.
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Vamos retornar para a velha questão de objetificação, ódio e desvalorização das mulheres.
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Enquanto ela persistir, infelizmente, a violência vai se fazer presente.
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E deste modo, o que eu quero deixar como alerta é que precisamos cuidar da forma como entendemos o que é ser homem e o que é ser mulher e de que maneira estamos educando as crianças dentro desta questão.
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E eu não falo só em educação formal nas escolas.
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Estou colocando como foco pequenas ações e práticas que procurem acabar com a desvalorização e objetificação do feminino dentro das nossas casas.
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Mas você pode perguntar: Ah, mas será que se meu filho tiver a mesma quantidade de obrigações que a minha filha em casa, ele não vai se tornar um machista mesmo?
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Sinceramente eu não sei.
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Mas, você vai estar contribuindo para um pequeno movimento (ou quem sabe grande movimento) para desmobilizar uma estrutura cristalizada de ódio e discriminação contra as mulheres.
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E quando digo que não sei no parágrafo anterior não é por que não acredito em uma educação que promova a igualdade de gênero.
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É que, infelizmente, existe uma quantidade de elementos e fatores presentes no nosso meio social e cultural que vão ditar o certo sobre “ser homem” e o certo” sobre ser mulher”.
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Mas precisamos das pequenas ações de grande impacto promovidas pela educação de gênero para contrabalancear este histórico de violência contra as mulheres.
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E as consequências deste tipo de educação não vão beneficiar somente as mulheres mas, vão contribuir para homens mais saudáveis e menos engessados em seus papéis.
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Enfim, quis trazer aqui minha contribuição para este assunto que tem se tornado pulsante.
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(*) A autora é graduada em Psicologia pela Universidade Paulista. CRP:06/113629, especialista em Psicologia Clínica Psicanalítica pela Universidade Salesianos de São Paulo e Psicanalista. Atua como psicóloga clínica.
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Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.
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