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Veja publicação original: Europa: da ‘macho culture’ e do assédio às exigências das mulheres para a política
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Por Carla Bernardino
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O objetivo é ter mais mulheres a concorrer às eleições europeias, que se realizam de 23 a 27 de maio, mas o caso conversa-se, em grande parte, no masculino, ou não estivessem eles em maioria na decisão política. Já na plateia do seminário sobre o Poder das Mulheres na Política, que está a decorrer esta terça-feira, 5 de março, em Bruxelas – que pede mais candidatas na política e a inversão das percentagens – é praticamente feminina.
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Para a presidente da EIGE, o Instituto Europeu para a Igualdade de Género, Virginijia Langbakk, é a “macho culture” (a cultura machista, em tradução literal) que está a travar as mulheres seja no acesso à política, seja na libertação dos estereótipos, seja na desigualdade salarial, seja no tempo que ainda não têm para chegar ao poder.
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Dimitros Papadimoulos, o vice-presidente do Parlamento Europeu e presidente do Grupo de Alto Nível para a Igualdade e Diversidade de Género diz mesmo que esse é o seu objetivo. “No Parlamento Europeu, quer convencer mais homens, para que possamos ter o maior acordo possível e unanimidade em termos em votos para que possamos possamos ir em frente nesta questão da igualdade”, referiu, lembrando que quando chegou à União Europeia, os homens integravam estas estruturas quase de forma facultativa. Hoje, diz que os termos estão a mudar.
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As palavras, sim. Mas e as ações? De acordo com os dados divulgados pela analista política do Parlamento Europeu Martina Prpic,“metade as mulheres no Parlamento Europeu receberam ameaças e ataques sexuais online”, referiu, de acordo com um estudo. Uma investigação que, segundo reporta, vem explicar que “2/3 das denúncias chegavam de membros masculinos do Parlamento”.
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Quando os treinos por parte dos parlamentares de combate ao assédio sexual estão a ter uma participação ligeira e se sabe que foram 35 as pessoas que participaram nesta proposta, Papadimoulos fala em “desapontamento” com “um número tão baixo”. “Temos de fazer muito mais”, reconheceu durante a conferência. Por isso quer transformar esta ferramenta com caráter “obrigatório no próximo mandato”. As sanções também são tema, mas nada de definido. O responsável quer mais avaliação de “instituições externas com psicólogos, sociólogos e outros especialistas”.
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Das quotas à dramatização da mensagem e à linguagem neutra
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A medida é “intermédia”, diz Langbakk, mas as quotas são necessárias para trazer mais mulheres à política e para acelerar um crescimento feminino no Parlamento Europeu de 17% em 1979 para 36% este ano. E a presidente da EIGE diz mesmo que a “introdução destas ferramentas em nove países (dos quais um é Portugal), o número de mulheres aumentou”, revelou.
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Para Martina Prpic as quotas podem ser um caminho, mas têm de ser enquadradas, tem de ser “temporárias” e como forma de “permitir um balanço progressivo”. “É preciso dar treino, acompanhamento às mulheres, é preciso financiamento porque as mulheres têm menos acesso do que os homens”.
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Mas falta o resto e lembra o que está a “puxar as mulheres para trás”. “O trabalho não pago, um em cada três homens gasta uma hora por dia no trabalho familiar. Os estereótipos não estão a mudar muito, mas as mulheres não têm ainda o tempo para estarem na política”, refere a presidente da EIGE. A este fator, Langakk volta a falar do assédio e da sensação de falta de voz como as amaras que as travam.
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Papadimoulos lembra que é preciso caminhar para uma “linguagem neutra”, sem “género” como caminho para a igualdade. A presidente da EIGE também olha para isso como uma possibilidade. Para a cineasta Mila Turajlic a língua é um caminho, mas de uma outra forma: pede “dramatização” das mensagens como forma de convocar mulheres para a política e explica que hoje, apesar do sue intenso passado político, consegue “chegar a mais transformações politicas numa sala de cinema escura do que numa forma estabelecida. Nestes fórums, pensamos em palavras e frases seguras e não provocadoras”, analisa.
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