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Encontros no Rio de Janeiro debatem literatura feita por mulheres

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Em ‘Expressões’, as poetas Angélica Freitas e Viviane Laprovita discutem a atuação literária feminina em unidades do Sesc RJ

 

A partir da pergunta “por quais caminhos a poesia, a resistência e o cotidiano se encontram?”, as poetas Angélica Freitas e Viviane Laprovita debatem sobre a literatura feita por mulheres em encontros semanais em unidades do Sesc Rio de Janeiro. O próximo encontro da série Expressões será realizado no Sesc Niterói na quarta-feira, dia 11 de outubro, às 16h horas. Na semana seguinte, no dia 18, as artistas se encontram no Sesc São Gonçalo, às 19h, e no dia 25, elas encerram a série no Sesc Madureira, às 15h.

“Vivemos uma primavera feminina que cada vez mais tem florescido com o ativismo e a união das mulheres na produção artística e cultural, o que sem dúvida reflete na literatura. O silêncio dá lugar à voz dessas mulheres que se acendem por dentro através da poesia, da performance, do corpo que grita por liberdade, reconhecimento e respeito. Falar e ouvir sobre esse processo de empoderamento feminino é urgente, nossas produções estão transbordando cheias de potência e verdade, só não percebe quem não quer”, afirma Viviane Laprovita, artista de São João de Meriti que atua como fotógrafa, cineasta, artista visual, grafiteira, poeta e slammer.

Para a poeta e tradutora Angélica Freitas, debater a produção literária feminina pode promover o fortalecimento das mulheres. “Acho sempre bom discutir sobre a produção literária feminina, ver que caminhos estamos tomando. Esses diálogos nos dão pistas para o nosso próprio trabalho. E o contato com o público tende a ser muito fértil, também. Então, esses diálogos são um compartilhamento muito grande de poemas e vivências, entre nós duas, que escrevemos, e também com as pessoas que chegam lá para nos escutar. Será maravilhoso se todas pudermos sair desses encontros mais fortalecidas e com mais vontade ainda de escrever e de mudar o que precisa ser mudado. É uma experiência muito enriquecedora para mim ouvir a Viviane, entender como e por que ela escreve. É uma poesia com muita urgência e força.”

Os encontros terão entrada gratuita e serão mediados pela poeta e escritora carioca Yasmin Nigri. Além do feminismo presente na produção das artistas, as discussões também devem abordar a presença do protagonismo de mulheres negras nas obras. “Vivemos um importante momento onde a escrita feminina negra perpassa por valores identitários, autoconhecimento e afirmação. Muitas mulheres estão escrevendo sobre seus processos de aceitação dos cabelos crespos, contestando estereótipos hipersexualizados, falando sobre a solidão da mulher negra, colocando pra fora questões que caminham pra um processo de autocura diante da opressão do racismo. São os corpos que reagem. A participação de mulheres negras performando suas poesias através dos slams tem crescido muito, um exemplo é o Slam das Minas RJ, que terá uma final estadual composta inteiramente por mulheres negras que ganharam as edições da competição durante o ano de 2017. E esse é só o começo desse movimento de transformação”, afirma Viviane.

Para ela, a série Expressões pretende funcionar como uma espécie de espaço de compartilhamento de perspectivas femininas sobre a literatura, sobre o ativismo cultural e feminista e o fazer poético “que refletem os atravessamentos subjetivos de cada mulher, além de uma atualização sobre as produções literárias femininas contemporâneas”.

“A junção de dois universos aparentemente distantes em termos de contextos surpreende quando mostra como eu e Angélica passamos por coisas parecidas e dividimos inquietações enquanto escritoras que vão de questionamentos machistas da sociedade sobre a legitimidade da nossa poesia a tentativas de um enquadramento constante numa escrita frágil pautada num estereótipo de que mulher só pode escrever sobre o universo feminino. Nossas conversas pretendem desconstruir esse estereótipo à medida em que compartilhamos as referências que nos influenciam e assumimos nossa escrita como livre: não concordamos com classificações limitadoras, escrevemos em busca da felicidade”, declara Viviane Laprovita.

Os encontros literários têm duração de 1h30 e classificação livre.

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