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‘Empresas que não buscam diversidade de gênero serão irrelevantes’

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Veja publicação original: ‘Empresas que não buscam diversidade de gênero serão irrelevantes’

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Por Alexandre Leoratti

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Segundo Paula Mazanék, head de investimentos do Banco do Brasil, é preciso engajar as mulheres

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“Empresas que não buscam diversidade de gênero se tornarão irrelevantes e terão sua sustentabilidade questionada”. A conclusão foi de Paula Mazanék, head de investimentos do Banco do Brasil, durante o evento “O ciclo de vida do gap de gênero – Evidências do setor financeiro e do setor público no Brasil”, realizado nesta quinta-feira (30/8), no escritório Pinheiro Neto Advogados, em São Paulo.

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O evento recebeu diretores do setor financeiro e público para debater a diferença salarial entre homens e mulheres, oportunidades de crescimento na carreira, promoção para cargos de decisão e soluções para diminuir a desigualdade de gênero.

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A head de investimentos do Banco do Brasil complementou sua análise afirmando que, dentro do mercado financeiro, “não é raro ser a única mulher dentro da sala de decisões”. “É necessário engajar as mulheres. Elas são capazes de chegar em altos cargos. Não é toda empresa que atende só homem branco e hétero”, explicou Paula.

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Na abertura do evento, a sócia da consultoria Oliver Wyman, Ana Carla Abrão Costa, apresentou dados sobre o gap no mercado profissional entre homens e mulheres. De 114 países, o Brasil ficou na 90ª posição no ranking global de Gender Gap do World Economic Forum. Para Costa, o dado é preocupante também para o setor público. “Apesar das cotas e parte do fundo partidário destinado para mulheres, nada mudou. Isso reflete também na composição do nosso Congresso Nacional”, diz Costa.

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No mercado financeiro, por exemplo, o estudo revelou que, nos 10 maiores bancos do país, as mulheres representam apenas 8% dos cargos de altos executivos e 10% dos membros do conselho.

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Apesar disso, as mulheres entram no mercado de trabalho em uma proporção até maior do que os homens, representando 55% dos analistas júnior. Entretanto, quanto maior o cargo dentro de um banco, menor a quantidade de mulheres. Dois dos 10 maiores bancos do Brasil não possuem nenhuma mulher entre seus altos executivos.

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“Isso acontece devido a um conjunto de causas. É mais custoso para a mulher investir na carreira. Existem também as normas sociais e culturais que são apresentadas na infância, desigualdade salarial e falta de representatividade nas empresas”, afirmou Costa.

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Maternidade

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Outro tema debatido no evento foi a maternidade, que em alguns casos pode representar uma dificuldade para a mulher em prosseguir com os seus atuais cargos, especialmente por causa das atuais políticas de licenças.

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As palestrantes presentes apoiaram com unanimidade uma política de licença parental, em que homens e mulheres podem dividir a licença com flexibilidade, para diminuir a desigualdade de gênero. “O que acontece é que mulheres chegam a um cargo de gerência e abandonam esse posto. A maternidade é uma alternativa pesada à profissão”, explicou Costa.

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De acordo com Leila de Melo, diretora executiva da área jurídica e ouvidoria institucional do Itaú Unibanco, apesar de ter sido promovida no setor financeiro, mesmo durante a época em que seus filhos nasceram, a combinação entre maternidade e trabalho representou uma “superação”.

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“Sem a compreensão dos meus gestores, não seria possível. Há muitas que desistem. É uma balança de questionamentos de se vale a pena continuar com a carreira. A maternidade não pode ser o contrário de ter sucesso na carreira”, afirmou a diretora.

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Para Ana Paula Vescovi, presidente do conselho administrativo da Caixa Econômica Federal e secretária-executiva do Ministério da Fazenda, a maternidade não é uma desvantagem que a mulher sofre em relação ao mercado de trabalho, pelo contrário, pode funcionar como uma vantagem em relação aos homens.

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“A maternidade traz uma dimensão espetacular do mundo. É um momento peculiar, a profissional muda de foco na vida, inclusive profissional. A licença parental é positiva por dividir os cuidados, mas tem que ser uma convicção da empresa, não pode ser um processo impositivo”, declarou.

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Meritocracia

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Em sua fala, Ana Paula Vescovi tocou em outro ponto central do debate de gênero: a meritocracia na ascensão da mulher para cargos executivos e de gerência. Para ela, a igualdade de gênero é uma “política de meritocracia”.

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Ela citou como exemplo líderes do sexo feminino que comandam o Judiciário, como a presidente do Supremo Tribunal Federal, a ministra Cármen Lúcia, e a ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Laurita Vaz. “Mulheres em cargos de liderança levam benefícios para a empresa. Dá retorno e sustentabilidade para o modelo de negócios”, afirmou Ana Paula.

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Ana Paula também defendeu o modelo de seleção de candidatos do setor público, por reforçar o caráter meritocrático. “As mulheres não precisam de proteção, e sim de mais encorajamento”, explicou, acrescentando que é contra qualquer sistema de cotas.

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A opinião de Vanessa Lobato, vice presidente de recursos humanos do Grupo Santander no Brasil, foi diferente. Para ela, a meritocracia “é uma ótima desculpa para não se fazer nada” em relação à desigualdade de gêneros.

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“Se a meritocracia fosse verdade nessa discussão, teríamos mais mulheres nas universidades e empresas. Ações afirmativas são necessárias. É preciso,por exemplo, ter mulheres no processo de seleção das empresas”, explicou Lobato.

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Para Larissa Galimberti, sócia do Pinheiro Neto Advogados, o modelo de seleção do setor público, por concurso público, pode não representar a forma mais justa para as mulheres ingressarem no setor.

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“Apesar de ver mais engajamento do setor público sobre a questão, nos concursos sempre há uma prova oral. Essa etapa possui a maioria dos julgadores homens. Ao mesmo tempo, percebo um aumento das discussões sobre esses problemas”, afirmou Galimberti.

 

 

 

 

 

 

 

 

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