Saiu no site REVISTA MARIE CLAIRE:
Veja publicação original: Emma González: tudo sobre a voz da nova geração
Pode ser que você tenha visto na sua timeline no Twitter e no Facebook o discurso de uma jovem de cabeça raspada, sem entender muito bem do que se tratava. Essa é Emma González, uma adolescente de 18 anos, que tem se transformado em uma das principais vozes contra a cultura armamentista nos Estados Unidos.
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O ativismo de Emma virou pauta no dia 14 de fevereiro deste ano, quando a escola da jovem entrou para as estatísticas: a Marjory Stoneman Douglas High School, em Parkland, na Flórida, foi o alvo de um tiroteio em massa. Um ex-aluno entrou armado na escola e assassinou 17 jovens. Emma foi uma das sobreviventes ao massacre..
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Alguns dias depois, em uma série de protestos que aconteciam em Fort Lauderdale, Emma fez um discurso que viralizou na internet: era o começo do seu posicionamento contra a facilidade de acesso à armas de fogo nos Estados Unidos, e falou tanto sobre as dores de ver os amigos morrerem bem na sua frente, quanto enfrentou de peito aberto as justificativas do presidente Donald Trump do direito ao porte de armas.
O discurso de Emma foi tão forte, e tão poderoso, que ela se tornou uma das principais ativistas sobre o assunto nos últimos tempos, inclusive, se tornando o destaque do March For Our Lives, o maior evento anti-armamentista que aconteceu no país nos últimos anos.
O novo discurso de Emma, feito no último sábado (24), foi tão impactante quanto o primeiro. A fala da estudante durou pouco mais de 6 minutos e 20 segundos – o tempo exato em que o atirador ficou dentro da sua escola. Desde então, ela foi capa de revistas e escreveu cartas defendendo a causa e pedindo por leis mais rígidas em relação à venda e ao porte de armas.
Aliás, nos EUA, as armas são a terceira principal causa de morte de crianças, segundo uma análise feita em junho do ano passado. Em média, 19 crianças são levadas para o hospital para serem tratadas por ferimentos à bala diariamente, e muitas delas não resistem. A violência armada afeta mais os meninos do que as meninas, mais os adolescentes do que as crianças pequenas e mais as crianças negras do que as de qualquer outra raça.
Emma não se tornou só a porta-voz de todo um movimento, que ganhou o nome de Never Again (ou ‘Nunca Mais’, em português). Mesmo antes do massacre e da crise armamentícia, ela apoiava a organização não governamental Sierra Club (dedicada à proteção do meio ambiente e uma das mais famosas e tradicionais dos Estados Unidos) e é presidente da Aliança Gay-Hetéro da escola – e membro ativo da comunidade LGBTQ+, também porque é bissexual.
A cabeça raspada também se tornou uma marca registrada e ela chegou a comentar sobre o corte para o perfil ‘Humans of Stoneman Douglas’, inspirado no famoso perfil Humans of New York, falando sobre o assunto: “Eu decidi cortar o meu cabelo porque era um saco mantê-lo. Era quente o tempo inteiro, era muito pesado e me dava dores de cabeça. Também era caro de cuidar”, disse. “Eu até fiz uma apresentação em power point para convencer os meus pais de que eu deveria fazer isso, e eu ficaria muito bem – e eu fico!”
AFINAL, O QUE ELA QUER?
O movimento #NeverAgain, ao contrário do que muitas pessoas imaginam – incluindo ativistas e apoiadores do NRA, a Associação Nacional de Rifles norte-americana -, não pede pelo fim do acesso às armas para o cidadão americano comum, um direito constitucional no país.
O que os jovens de Parkland e tantos outros buscam é maior controle na distribuição de armas, dificultando o acesso ao público geral às armas semi-automáticas e exigido um laudo psicológico para confirmar a estabilidade emocional diante do porte de armas.
Com certeza, Emma ainda terá muito a dizer sobre o assunto e nós podemos apenas esperar que ela seja, de fato, ouvida.