Saiu no site O TEMPO
Levantamento foi feito no fim de 2023 pela PRF do Paraná e, entre sugestões da pesquisa, estava a sua replicação em todo o país, o que não aconteceu
A pesquisa foi aplicada durante o 1º Encontro de Gestoras da PRF, que recebeu algumas mulheres da gestão estadual e nacional da corporação, além de representantes das Comissões de Direitos Humanos e Equidade de Gênero e outras autoridades. Durante o evento, também foi ministrada uma palestra com informações sobre violência de gênero e assédio moral e sexual no ambiente de trabalho.
O questionário incluía, ainda, detalhes sobre os assédios morais, sendo que a maioria dos relatos das mulheres envolve a questão de gênero, com a “desqualificação do trabalho feminino”, seguido de perto por ameaças e perseguições, hostilidade e frases pejorativas ou grosseiras.
Por fim, o estudo colheu sugestões das servidoras da PRF do Paraná para a melhoria no ambiente de trabalho. Entre os pedidos, estão campanhas de conscientização de homens e mulheres; facilitação de denúncias de assédio sexual e moral; punição adequada aos assediadores; presença de mulheres em todas as comissões que analisam as denúncias, entre outras reivindicações.
Depois de analisar os resultados, a Comissão Regional de Equidade de Gênero da PRF no Paraná concluiu, entre outras questões, pela criação de um Grupo de Trabalho Permanente para apreciar os pedidos das mulheres que responderam à pesquisa. Também foi sugerida a “evolução da pesquisa para a Gestão Nacional”, para que todas as PRFs do Brasil também contribuíssem.
Entretanto, de acordo com uma policial rodoviária federal que participou do evento e respondeu à pesquisa, que não será identificada, apesar de o levantamento ter sido repassado para a PRF nacional, em Brasília, nenhuma medida teria sido adotada desde então em relação aos questionários.
“Mas até mesmo o pequeno número de mulheres que respondeu à pesquisa já diz muita coisa. Por que essas outras mulheres não responderam a uma pesquisa tão simples? Isso aconteceu pela questão do medo da retaliação. A gente sabe que sempre houve o corporativismo masculino. Então existe esse medo de ser retaliada pela gestão”, disse.
“Apesar de ter ido para Gestão Nacional, não evoluiu nada. É paz e amor, direitos humanos, o amor venceu, mas só na teoria, pois a impunidade continua acontecendo do mesmo modo de antes”, criticou a policial que não será identificada.
Outro lado
Procurada pela reportagem de O TEMPO sobre o que foi feito depois do recebimento da pesquisa respondida pelas mulheres do Paraná, a assessoria de imprensa da PRF em Brasília informou, por nota, que adotou uma série de medidas em âmbito nacional e estadual para combater os assédios moral e sexual, citando a realização do 1º Encontro de Gestoras da PRF e o estabelecimento de uma Comissão Nacional e 27 Comissões Estaduais de Equidade de Gênero. Porém, a pesquisa foi respondida pelas mulheres justamente no encontro citado e acabou enviada à Gestão Nacional também pela Comissão Estadual usada como exemplo pela PRF como ações tomadas após o questionário.
“A instituição realiza campanhas contra o assédio e relacionadas à integridade, além de divulgar canais para que servidoras e colaboradoras possam fazer as denúncias. Além disso, será implantada uma política interna de prevenção e combate ao assédio”, completou a PRF.