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Ela começou vendendo doces na rua e hoje produz até cinco toneladas por mês

Saiu no site UNIVERSA

 

Veja publicação original:   Ela começou vendendo doces na rua e hoje produz até cinco toneladas por mês

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Por Simone Cunha

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Maria José de Lima Freitas, 48, é a empreendedora responsável pela Mazé Doces. Mineira, de fala tranquila, ela conta sua história com um sentimento de gratidão por tudo o que passou, até pelos momentos mais difíceis. “Mesmo quando tudo parecia dar errado, eu não podia desistir, tinha dívida para pagar, dois filhos para sustentar… E ainda bem que continuei”, diz.

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Ela lembra que, na roça, ainda menina, a mãe lhe atribuía o dever de fazer os doces: “Eu não gostava, pois vinha marimbondo por causa do açúcar das frutas. Mas entendo que minha mãe estava plantando uma semente que, mais tarde, iria florescer. E foi no momento em que eu mais precisava, para comprar alimento para a minha família”.

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Ela passou a infância no campo, em um pequeno vilarejo, e, ao se casar, mudou-se para Carmópolis (MG). Na cidade, conseguiu emprego para fazer limpeza em uma cooperativa de crédito. E garante que foi feliz por quatro anos nesse trabalho. Nessa época, já era mãe de Tirzah (hoje com 28 anos) e engravidou do segundo filho, o Gabriel, que está com 21. Ela então saiu de licença maternidade e, quando voltou, foi demitida: “Perdi algo que muito amava, o meu trabalho, e a renda que provia a minha casa”.

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Foi vivendo com o dinheiro da rescisão o quanto deu, procurando emprego, sem conseguir nada. Depois de quase um ano, percebeu que precisava mudar de rumo. Acordou com a ideia de fazer algo para vender. Pegou leite fiado, arrumou um tacho emprestado e fez doce de leite com amendoim. Saiu na rua, ao lado da filha, e conseguiu cerca de R$ 20 com as vendas, que dividiu entre uma comprinha de alimentos e mais ingredientes para repetir a receita.

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Depois de um mês, tomou coragem e ofereceu seus doces em uma lanchonete da cidade. O dono olhou e perguntou se ela fazia cristalizado. Ela nunca havia feito, mas se sentiu desafiada a tentar.

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Em busca de formação e apoio

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Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

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Procurou uma doceira da região que a ensinou, só que a receita não deu certo. Mas, naquelas condições, não podia desperdiçar nada. Saiu para a rua assim mesmo e conseguiu vender tudo. Desde esse dia, passou a fazer os doces de terça a quinta-feira e, na sexta, saía para vender nas ruas. Logo depois, houve uma festa na cidade e ela montou uma barraca para vender seus doces.

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O dono da lanchonete apareceu, provou e criticou, disse que os doces estavam ruins. Foi aí que ela ficou sabendo de um curso em uma cidade próxima e decidiu se aprofundar. Depois das aulas, percebeu que precisava investir um pouco mais na sua cozinha. “Tentei um empréstimo de R$ 5 mil no banco, mas não foi aprovado. Consegui o dinheiro com pessoas conhecidas, com juros mais altos, para fazer o que precisava. Levei quatro anos e meio para pagar essa dívida, quitada em 2004”, lembra.

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De um orelhão, ligou para o Sebrae para pedir algumas orientações e eles lhe mandaram um tipo de cartilha, chamada Ponto de Partida, com informações sobre como desenvolver o negócio. “Não podia fazer uma coisa de cada vez. Tinha que preparar os doces e ainda entender como funcionava uma pequena empresa. Era complicado, um vocabulário pouco comum, por isso, voltei a estudar. Terminei o Ensino Médio para conseguir ler mais, compreender e fazer contas”, afirma.

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As primeiras críticas, recebidas do comerciante da cidade, foram feitas em julho de 1999. Em setembro, ela fez o doce novamente e mandou entregar na casa dele: “Tinha feito 16 bandejas de doce. Logo depois, a mulher do dono da lanchonete apareceu e disse que ele havia mandando levar o que eu tivesse. Comprou tudo. Na época, me rendeu R$ 64 reais”.

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Fábrica e loja próprias

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Por mais quatro anos, Mazé continuou vendendo os doces tradicionais em casa e fazia os cristalizados para a lanchonete. Já conseguia o suficiente para cobrir os gastos básicos, mas sem excessos. O que sobrava era guardado. Nesse período, outro cliente a procurou para levar os doces para o Rio de Janeiro. Em 2003, ela contratou sua primeira funcionária e, em 2004, fez seu primeiro curso no Sebrae, o Empretec.

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“O curso me deu clareza e resgatou minhas caraterísticas empreendedoras”, diz. Mazé registrou a empresa em 2005, no mesmo ano em que comprou um terreno e montou a sua fábrica. Naquela época, já estava com a vida financeira estabilizada e, só para a lanchonete, vendia semanalmente entre R$ 600 e R$ 800. Em 2007, inaugurou sua loja que, até hoje, vende compotas, geleias, doces em barra e cristalizados. São cerca de 70 variações.

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Empolgada, decidiu abrir outra loja em Divinópolis alguns anos mais tarde. Mas o empreendimento não deu o retorno esperado. Rapidamente, Mazé fechou o negócio, administrou as dívidas que ficaram e conseguiu se recuperar. Atualmente, ela produz de três a cinco toneladas de doces por mês, que podem ser encontrados em vários estados da região sudeste do país. Para dar conta de tudo isso, emprega 21 funcionários.

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Arquivo pessoal
Maria José de Lima Freitas, da Mazé Doces, e os filhosImagem: Arquivo pessoal

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A doce Mazé 

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Hoje, ela garante que vive com conforto. Pôde realizar alguns sonhos: investir em carros, uma paixão, e viajar algumas vezes para seus destinos favoritos, que são Paris, Punta del Leste e Chile. “Continuo trabalhando muito, mas a vida não é só caminhar, é preciso curtir o caminho”, diz. Diariamente, ela vai à fábrica e supervisiona todos os processos. Seu trabalho é sua paixão.

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Para quem pretende empreender, ela reforça que é preciso acreditar no próprio sonho, além de se reinventar de tempos em tempos, para acompanhar as mudanças que acontecem com os consumidores: “Já tenho muitos novos planos, só não posso contar ainda. Mas minha mente não para de criar”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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