Saiu no site FOLHA DE S.PAULO
Veja publicação original: Editora Fernanda Diamant é a nova curadora da Flip
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Por Guilherme Genestreti
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Festival quer aumentar espaço da não ficção nos debates
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Diamant foi anunciada, na tarde desta terça (25), a nova curadora do programa principal do evento. Ela assume o posto no lugar da jornalista baiana Joselia Aguiar, que esteve no comando das duas últimas edições do tradicional festival literário na cidade litorânea do Rio de Janeiro.
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“A não ficção fica mais [tempo] na boca depois que você assiste a um debate. Ela muitas vezes tem uma coisa mais para fora do que o exercício da ficção”, diz a editora de 38 anos. “E permite trabalhar mais assuntos contemporâneos, como urbanismo, política, gênero.”
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A editora Fernanda Diamant, em São Paulo – Nino Andres/Divulgação
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Diamant quer abarcar dentro desse caldo obras históricas, biográficas, autobiográficas e jornalísticas, por exemplo. “Há autores que escrevem sobre ciência com capacidade literária expressiva”, diz ela.
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Ela própria é uma entusiasta da divulgação científica. Participou, neste ano, da coordenação editorial de uma nova tradução do clássico “A Origem das Espécies”, tratado seminal sobre a teoria da evolução, de Charles Darwin, que saiu pela editora Ubu.
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Outra frente de atuação na Flip se dará no formato das mesas. A editora, que é formada em filosofia pela USP, pensa em propor novas formas de apresentação e talvez encurtar a duração de algumas delas.
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“Queria introduzir elementos diferentes”, diz ela, que cita a performance de poesia falada feita pela rapper e autora britânica Kate Tempest, na edição de 2016.
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A nova curadora está ciente da emergência das pautas mais politizadas, levadas a cabo por grupos de militância identitária. A Flip do ano passado, por exemplo, se ancorou na figura de Lima Barreto para discutir, entre outros assuntos, o racismo, tema que tornou a ecoar em debates da edição deste ano.
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“É um ganho que não tem volta”, diz, sobre a introdução desses tópicos. “O importante é ter um olhar novo dentro desses assuntos e encontrar formas renovadas de debatê-los. O feminismo é chapéu para muita coisa, desde o romance de autoajuda para jovens até a pesquisa sofisticada.”
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Segundo Diamant, ainda não foi determinado qual será o autor homenageado de 2019, mas o nome deve vir à tona antes de o ano acabar. A escolha é discutida em conjunto dentro do comando da Flip. A homenageada da última edição foi Hilda Hilst.
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“São muitas opções. Acho bom variar entre nomes que são mais unânimes e outros mais polêmicos. Queremos encontrar a razão que justifica a homenagem.”
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Quanto aos convidados internacionais da festa, a nova curadora espera realizar uma mistura entre grandes nomes do mainstream e outros menos conhecidos do público.
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Uma das criadoras da revista literária Quatro Cinco Um, na qual também atua à frente da edição, Diamant teve passagens pelas editoras Publifolha e 34. Mulher de Otavio Frias Filho (1957-2018), diretor de Redação da Folha morto em 21 de agosto último, ela frequenta a Flip desde que começou, em 2003.
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Ela cita a edição de 2007, que homenageou o dramaturgo Nelson Rodrigues, como uma que foi especialmente marcante. “Fiquei impressionada com uma instalação. Entrava-se numa igrejinha e se podia ouvir depoimentos e entrevistas dele”, lembra. “A Flip me formou.”
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A próxima edição da festa literária acontecerá entre 10 e 14 de julho de 2019.
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Quem já foi curador da programação principal da Flip
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2017-2018: Joselia Aguiar
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2014-2016: Paulo Werneck
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2012-2013: Miguel Conde
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2011: Manuel da Costa Pinto
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2008-2010: Flávio Moura
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2007: Cassiano Elek Machado
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2006: Ruth Lanna
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2005: Ruth Lanna e Samuel Titan
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2003-2004: Flávio Pinheiro
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