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E se a ciência ouvisse mais as mulheres?

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Veja publicação original: E se a ciência ouvisse mais as mulheres?

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Foram estudados os efeitos deste, ou daquele, medicamento em mulheres? Por que as assistentes pessoais virtuais têm sempre nomes femininos? Um grupo de pesquisadoras defende que se ponha fim a este tipo de viés no campo da pesquisa e da inovação.

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Por ocasião da 21ª edição do Prêmio L’Oréal-Unesco pelas Mulheres e a Ciência, entregue a cinco pesquisadoras, várias especialistas explicaram como estas desigualdades de gênero têm um impacto nos resultados de pesquisa – especialmente no âmbito da saúde.

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“Homens e mulheres não apresentam os mesmos sintomas durante um ataque do coração”, lembra Londa Schiebinger, professora de História das Ciências na Universidade de Stanford, da Califórnia.

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Como, durante muito tempo, acreditou-se se tratar, sobretudo, de uma afecção masculina, os testes de diagnóstico foram concebidos com essa mesma leitura. Resultado: o acompanhamento é, com frequência, inadaptado para as mulheres.

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– O modelo: o homem branco -“Na Medicina, historicamente, o organismo do homem branco foi considerado a norma. O das mulheres era analisado ‘a posteriori’ e estudado, com frequência, como um desvio da norma”, acrescenta essa cientista, diretora do projeto “Inovações de gênero em Ciência, Saúde e Engenharia”, em Stanford.

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“Nos damos conta de que, em matéria de pesquisa, tem que se trabalhar, ao mesmo tempo, sobre o homem e sobre a mulher, nos animais machos e nas fêmeas”, incluindo em nível de células-tronco.

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“Há uma necessidade absoluta de que os pesquisadores levem em conta o sexo e o gênero na ciência”, insiste Schiebinger.

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“As mulheres não são ‘homens menores’. É hora de ser consciente disso, sobretudo, na hora de desenvolver um medicamento”, destaca a professora Cara Tannenbaum, diretora científica do Instituto de Saúde de Mulheres e Homens (ISFH), no Canadá.

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Este instituto público tem como missão estimular a pesquisa sob a influência do gênero e do sexo biológico em medicina e financiar suas possíveis aplicações no âmbito da saúde.

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– Estereótipos -O auge da Inteligência Artificial (IA) também suscita inúmeras questões.

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“Estamos percebendo que os algoritmos podem reproduzir estereótipos sexistas e desfavorecer as mulheres no processo de seleção, inclusive na atribuição de empréstimos bancários”, relata a diretora da Fundação L’Oréal Alexandra Palt.

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Rachel Adams, pesquisadora da Universidade de Londres, examinou o caso dos assistentes pessoais virtuais, todos com vozes femininas como padrão.

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A Apple desenvolveu Siri, um nome nórdico que significa “bela mulher que os leva à vitória”, afirma.

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A Amazon optou por Alexa, em alusão a Hera, a deusa grega da fertilidade e do casamento. Cortana, a assistente da Microsoft, procede de um videogame: trata-se de uma I com uma aparência muito sexy.

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Essas assistentes têm uma “voz passiva, nada ameaçadora”, acrescenta Rachel Adams. Estão encarregadas de “cumprir tarefas julgadas pouco importantes como marcar uma reunião”.

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“Isso reproduz o estereótipo da mulher a serviço do homem”, completa.

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À pergunta “Quer sair comigo?”, uma delas responde “gostaria, mas não tenho a forma corporal”. Nenhuma delas diz “não”.

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Outro âmbito que, segundo as pesquisadoras, deveria ser considerado é o dos robôs encarregados de auxiliar os idosos em sua vida diária, segundo Schiebinger.

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Para sua concepção – defende a pesquisadora -, é importante levar em consideração as diferenças de sexo oposto, já que as necessidades não são as mesmas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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