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É mais difícil mulher que namora mulher tornar pública a relação?

Saiu no site UNIVERSA

 

Veja publicação no site original:  É mais difícil mulher que namora mulher tornar pública a relação?|

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Por Nathália Geraldo

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Para pessoas LGBT, falar sobre a própria orientação sexual pode ser uma tarefa emocional pesada, principalmente porque os dados de crimes de homofobia no Brasil ainda são aterrorizantes. Fato é que, de uns tempos para cá, atrizes como Alice Braga e Bianca Comparato, Camila Pitanga e Beatriz Coelho, o casal Maria Maya e Laryssa Ayres e a cantora Ludmilla (que forma o ‘Brumilla’ com sua mulher Bruna Gonçalves) revelaram o namoro com mulheres.

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As duas primeiras, segundo informou a imprensa, mantiveram o relacionamento por mais de três anos antes que ele viesse a público.

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A atriz Nanda Costa e a percussionista Lan Lahn, hoje casadas, também preferiram manter o relacionamento em segredo por mais de cinco anos – antes de mostrarem o amor para o Brasil inteiro, na capa da revista MarieClarie, em agosto de 2018. Nanda, que está no ar como Erika na novela “Amor de Mãe” afirmou que o casal não tratou do tema em público antes “por medo e por preconceito, entre outros motivos”.

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Nanda Costa e Lan Lanh falaram sobre relacionamento cinco anos depois de estarem juntas - Reprodução/Instagram
Nanda Costa e Lan Lanh falaram sobre relacionamento cinco anos depois de estarem juntas

Imagem: Reprodução/Instagram

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Para a psicóloga Beatriz Rosa Moreira, o tempo de espera para revelar um relacionamento não heterossexual é influenciado por vários fatores -o medo de ser hostilizado é um deles.

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“Falar sobre isso está mais comum, e acredito que, para mulheres, com a chegada do feminismo, do feminismo negro, há um impulsionamento para elas lutarem [e terem coragem de se expor]”, analisa. “Mas o fato de essas atrizes revelarem relacionamentos pode atingir de alguma forma mais as pessoas que não são LGBTs; gera mais visibilidade do que representatividade.”

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A psicóloga da linha de psicodrama Daniela Cardoso, focada em pessoas trans e LGBTs, pondera que a abertura de mais mulheres falando que amam mulheres pode facilitar que outras pessoas LGBT também se sintam livres para falar sobre sua sexualidade, ainda que a sociedade esteja sob uma estrutura de relações machista e patriarcal.

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“Falar abertamente sobre a orientação sexual e o modo com que têm a vida sexual/afetiva pode incentivar as outras. Mas vale dizer que não é necessário fazer esse anúncio, já que os heterossexuais não fazem esse tipo de movimento.”

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Sexualidade x vida pública

Na opinião da blogueira de Universa Ana Angélica Martins, a Morango, mulheres bi, lésbicas ou de outra orientação sexual falarem sobre suas relações não heterossexuais é sempre um ato de coragem, especialmente quando são pessoas públicas. Ela escreveu sobre o tema em sua coluna, aliás, falando sobre o fato de amor ser resistência.

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Ela avalia ainda que a ideia de que o homem gay sofre mais preconceito e tem mais dificuldade de assumir namoros por conta de vivermos em uma sociedade machista nem sempre condiz com a realidade.

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“Abrir uma parte tão íntima da vida, que é a sexualidade, não é mais fácil para mulheres do que para homens. Se assumir não é mais fácil. Isso pode trazer impactos que podem ser negativos, a maioria das pessoas que se assumiu conta que perdeu contrato, por exemplo”, explica.

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“Disseram que a Alice Braga, por exemplo, falou da relação porque era conivente porque vai lançar um trabalho. Na verdade, não tem nada de conveniente, é corajoso fazer isso agora. Afinal, se ela não tivesse nenhuma produção no momento, diriam que a informação era para chamar atenção.”

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Neste ano, Alice Braga e Bianca Comparato assumiram publicamente seu relacionamento amoroso - montagem com fotos de Gil Inoue e Zanone Fraissat/Folhapress
Neste ano, Alice Braga e Bianca Comparato assumiram publicamente seu relacionamento amoroso

Imagem: montagem com fotos de Gil Inoue e Zanone Fraissat/Folhapress

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Assumir sexualidade não é obrigação

Beatriz avalia que, se uma pessoa pública ou anônima tem uma orientação sexual que vai contra a heteronormatividade social, deve respeitar suas próprias condições e limites ao falar sobre com quem se relaciona.

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“Não adianta se forçar a falar sobre orientação, se tem noção do ambiente hostil em que vive. É preciso formar um círculo social seguro, ambientes em que você possa se expressar.”

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Na opinião da psicóloga Daniela Cardoso, que se identifica como lésbica, a definição de as artistas serem bissexuais ou lésbicas cabe a elas. “Uma coisa é certa: dar nome às coisas faz com que elas existam, mas ninguém precisa dizer a qual ‘quadradinho’ pertence. Por fim, só elas podem dizer como elas são.”

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Se uma pessoa LGBT se sente com vontade de compartilhar sua vivência com familiares e amigos, é necessário um movimento de autoconhecimento e reconhecimento da rede de apoio que terá para se colocar no mundo.

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“Eu mesma fiquei por muito tempo pensando se ia assumir minha sexualidade ou não, e eu sou psicóloga”. “Aí, fui entendendo que era uma questão de marcar lugar e que talvez não me interessaria ter relações com pessoas que não aceitariam quem eu sou de fato”.

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Como se assumir de forma segura?

Não há um manual para falar sobre sexualidade para amigos, familiares, no trabalho. O apoio de profissionais da psicologia, no entanto, pode fazer diferença.

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“É importante se respeitar, entender o quanto é importante que as pessoas saibam. E se não conseguir fazer esse diálogo sozinha, por que não procurar um profissional? A ajuda terapêutica, por vezes, pode ser procurada antes mesmo de a pessoa LGBT se relacionar com alguém. Aí, a pessoa pode estar mais preparada para um relacionamento”, afirma Daniela.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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