Saiu no site REVISTA MARIE CLAIRE:
Veja publicação original: #DonaDeSi: É hora de chamar os homens para o diálogo
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Por Suzi Pires
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Em sua coluna desta semana, Suzi Pires fala sobre o feminismo 2.0, com a participação masculina no debate
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“CHAMAR OS HOMENS PARA O DIÁLOGO” é o novo grito do feminismo contemporâneo, porque não há mais como fazermos painéis, palestras ou debates sobre a nossa condição no mercado de trabalho, na sociedade ou onde quer que seja, sem termos a interlocução, a escuta e o entendimento dos homens quanto as nossas questões. Se continuarmos “rezando missa somente para convertidas” não daremos mais passos à frente, caindo na espiral sem fim da reclamação, sem mudarmos qualquer estrutura.
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CHAMAR OS HOMENS PARA O DIÁLOGO é o FEMINISMO 2.0, que se faz atual e urgente, pois se caracteriza como uma ação afirmativa de responsabilidade de todas nós. A cada momento que não dialogamos com nosso chefe, marido e colegas de trabalho sobre problemas estruturais que nos negam à equidade social, perdemos uma grande batalha. Simplesmente por não dialogarmos e mostrarmos o óbvio. A revolução feminista não tem mais necessidade de ser violenta, ela é da palavra, do diálogo e da REEDUCAÇÃO MASCULINA. Acredito que inserir os homens nas nossas questões e chama-los para encorpar nossas necessidades e conquistá-las com a gente seja o trabalho mais exaustivo que teremos desde que a primeira sufragista jogou sua primeira pedra!
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Modificar estruturas no diálogo requer paciência, atenção e muita disciplina. É quase educar uma criança que estava vivendo sem família nas ruas. Essa criança criou sua própria rotina, seus limites (que são nenhum) e seu jeito de falar. Ao ser re-educada, nada surtirá efeito no âmbito da discussão, mas somente no âmbito do diálogo e do exemplo. O EXEMPLO é fundamental para que retiremos dos homens as crenças que limitam não só a nós, mas a eles mesmos. E eles só vão prestar atenção nos exemplos se outros homens estiverem agindo diferente. Sim, eles funcionam em manada, portanto é momento de capturarmos os homens mais sensíveis a causa feminista onde quer que você esteja. No seu trabalho, com certeza tem um colega que tem pequenas ações que revelam seu absoluto cansaço das ações machistas. Preste atenção porque você vai achar este colega e quando encontrar, dê todo o apoio e proteção que ele precisar para deixar fluir a mudança nele.
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A partir de um exemplo, outros virão. Será com este colega que você terá mais força para parar uma reunião e restabelecer as regras de que um homem não corta a fala de uma mulher. Lembre-se que toda a estrutura que vivemos vem de um DNA HISTÓRICO, uma herança biológica-comportamental que nos encerrou na cultura da obediência, retirando nossa VOZ PROPRIA. Pois, este tempo nem os homens aguentam mais.
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A estrutura machista a que estão condenados tem feito cada vez mais homens deprimidos, insatisfeitos e vazios. Os que possuem uma inteligência emocional mais bem trabalhada entende o problema e tenta viver em outras normas e são os chamados de outsiders. Pois bem, precisamos chamar outsiders para cada evento, palestra ou debate que fizermos e incluí-los no assunto, tirando a cara de guerra dos sexos que se instalou erroneamente de uns tempos pra cá.
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Mas, a pergunta a ser feita pra você, cara DONA DE SI, é: eu realmente acredito que posso chamar os homens para o diálogo da mudança? Você acredita que é possível? Você acredita na sua força? Você tem disponibilidade para a exposição que isso vai te gerar? Ou você vai preferir “lavar as mãos” e achar que outra colega, com mais tempo, força e coragem posas fazer isso no seu lugar? Olhe em volta de você e perceba (anote, se precisar) todas as atitudes castradoras de mulheres que você testemunhou ao longo do seu dia e transforme a sua possível falta de coragem na força absoluta de mudar o mundo para as mulheres que virão e para você. Ainda é tempo.
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