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Divorciada, atleta, médica: 8 mulheres que foram pioneiras no Brasil

Saiu no site UNIVERSA

 

Veja publicação original:  Divorciada, atleta, médica: 8 mulheres que foram pioneiras no Brasil

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Por Camila Brandalise

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Direitos femininos que hoje são lei, como o voto e o acesso à educação, têm em suas histórias passagens bastante pitorescas — e, em alguns casos, machistas, principalmente no que diz respeito às primeiras vezes em que foram exercidos.

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A primeira vez que uma mulher votou no Brasil, por exemplo, foi por intercessão do marido. A primeira formada em uma faculdade só conseguiu o diploma quase 80 anos depois de o ensino superior ser instituído no país. A primeira militar precisou se vestir de homem. E a primeira diplomata ouviu que era melhor ter continuado “à direção do lar”.

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Veja oito mulheres que tiveram seus nomes cunhados na história do Brasil como pioneiras ao fazerem valer os seus direitos:

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Voto da primeira eleitora foi “obra do marido”

Wikimedia Commons
A professora Celina Guimarães VianaImagem: Wikimedia Commons

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O direito ao voto feminino no Brasil foi promulgado em 1932, mas no Rio Grande do Norte, o governador José Augusto Bezerra de Medeiros sancionou uma lei em 1927, antecipando essa possibilidade. Por isso, a primeira mulher a votar no Brasil foi uma potiguar, a professora Celina Guimarães Viana.

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Segundo relatos de Celina, no entanto, esse direito foi uma “obra do marido”. Entusiasta da participação feminina nas eleições, Eliseu Viana fez a inscrição eleitoral da mulher e, assim, colocou o nome dela na história.

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Prefeita falava em “igualdade política”

Wikimedia Commons
Alzira Soriano no dia da posse como prefeita de Lajes (RN)Imagem: Wikimedia Commons

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Foi também no Rio Grande do Norte que a primeira mulher foi eleita para um cargo político — no Brasil e na América do Sul. Alzira Soriano foi escolhida prefeita de Lajes com 60% dos votos, em 1928. “Tornou-se em realidade o nosso sonho de igualdade política. A prova eloquente de reconstrução político-social caracteriza-se pela minha eleição ao posto de prefeita deste município”, afirmou Alzira, em seu discurso de posse.

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Divorciada fez lobby pela aprovação de lei

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A juíza de paz Arethuza Figueiredo Henrique Silva de Aguiar tinha 38 anos quando seu divórcio –o inaugural no Brasil– foi autorizado pela Justiça, em dezembro de 1977. Naquele mês, a lei regulamentando as separações de casais foi sancionada.

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Em separação de corpos havia sete anos, em 1970, Arethuza chegou a ir para Brasília conversar com deputados e senadores para pedir que a lei fosse aprovada. “Ninguém deve fingir nada, nem por patrimônio nem pelos filhos”, disse ela em entrevista ao “Estadão”, em 2017.

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Atleta olímpica era a única mulher na delegação brasileira

Divulgação/Documentário "Maria Lenk - A Essência do Espírito Olímpico"
A nadadora Maria LenkImagem: Divulgação/Documentário “Maria Lenk – A Essência do Espírito Olímpico”

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Trinta e três atletas representaram o Brasil nas Olimpíadas de Los Angeles, em 1932. Uma era mulher, a nadadora Maria Lenk, primeira brasileira a representar o país na competição mundial.

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Ela não conseguiu nenhuma medalha olímpica, mas em outras competições, quebrou recordes, ganhou campeonatos no Brasil e em outros países e cravou seu nome na natação como uma das primeiras atletas do mundo a adotar o estilo borboleta.

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Morta em 2007, Maria Lenk dá nome a um dos principais torneios de natação do Brasil.

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No Itamaraty, depois de ouvir que seria melhor continuar “à direção do lar”

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A baiana Maria José de Castro Rebello Mendes foi aceita como diplomata no Itamaraty em 1918. Sua entrada no Ministério das Relações Exteriores foi contestada pela opinião pública, que não aceitava a possibilidade de uma mulher trabalhar nesta área. Foi preciso que um jurista, Ruy Barbosa, apoiasse publicamente sua inscrição para o cargo.

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Ao aprovar seu nome, o então ministro Joaquim Nabuco disse que “melhor seria, certamente, para o seu prestígio que continuasse à direção do lar, mas não há como recusar a sua aspiração.” Ela foi aprovada e tomou posse no mesmo ano, tornando-se não só a primeira diplomata, mas a primeira mulher a fazer carreira no serviço público brasileiro.

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Autora de romance político e feminista

Arquivo Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin
O livro “Aventuras de Diófanes”, de Teresa Margarida Silva e OrtaImagem: Arquivo Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin

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A paulistana Teresa Margarida Silva e Orta escreveu o livro “Máximas de virtude e formosura com que Diófanes, Climinéia e Hemirena, príncipes de Tebas, venceram os mais apertados lances da desgraça” em 1752, quando morava em Portugal.

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É considerada a primeira autora de uma obra em língua portuguesa. A história narra a vida de Hemirena, uma mulher que muda seu nome para Belino e começa a viver como homem.

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O livro faz uma defesa do acesso à educação por garotas e do direito ao trabalho para as adultas.

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Primeira mulher na universidade entrou 80 anos depois do primeiro homem

Wikimedia Commons
Primeira brasileira com diploma, Rita Lobato Velho Lopes se formou em medicinaImagem: Wikimedia Commons

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O ensino superior foi fundado no Brasil em 1808, mas só quase 80 anos depois, em 1887, é que a primeira brasileira formou-se no país. E isso, graças a um decreto, de 1879, que “autorizava” mulheres a frequentarem faculdades e obterem títulos acadêmicos. A pioneira em questão foi Rita Lobato Velho Lopes, que se graduou pela Faculdade de Medicina da Bahia. Ela foi também a primeira a exercer a profissão de médica na América do Sul.

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Militar, mas vestida de homem

Divulgação
Maria Quitéria de Jesus Medeiros é considerada a primeira mulher militar do BrasilImagem: Divulgação

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A baiana Maria Quitéria de Jesus Medeiros se vestiu de homem e se apresentou como soldado Medeiros para se alistar na artilharia brasileira no período das lutas pela independência, em 1822. Naquela época, mulheres não eram aceitas na vida militar.

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Ela foi descoberta pelo pai duas semanas depois de entrar para o Batalhão dos Voluntários do Imperador. Mas, por causa de sua disciplina e habilidade com armas, foi mantida no grupo.

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Condecorada por D. Pedro I, ficou conhecida como a primeira mulher a pertencer a uma unidade militar no Brasil.

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Fontes: Instituto Joaquim Nabuco; livro “Mulheres do Brasil – A História Não Contada”, de Paulo Rezzutti (ed. Leya); UFBA (Universidade Federal da Bahia); TSE (Tribunal Superior Eleitoral; Ministério das Relações Exteriores; Faperj (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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