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Veja Publicação original. O tema da diversidade e inclusão, e a sua importância, já vinha sendo debatido com frequência dentro das empresas, inclusive pelos altos níveis de liderança em algumas delas. Uma gama de estudos aponta que companhias com equipes diversas e heterogêneas geram melhores resultados nos negócios. Essa pauta estava em destaque, e com a pandemia ela ganha força em algumas empresas e simplesmente sai de cena por questões de priorização em outras. Independentemente das conversas sobre D&I dentro dos ambientes corporativos, a observação dos números reais durante pandemia são preocupantes e demonstram uma concentração de prejuízo para os grupos mais vulneráveis e com menor representatividade nas lideranças dessas organizações.
O levantamento de diversas entidades, como a Organização Internacional do Trabalho e o IBGE, apontam que homens e mulheres negros, historicamente mais afetados pelas crises econômicas, serão novamente os mais vulneráveis no momento atual no Brasil. Nos EUA, dos 40 milhões de postos de trabalho perdidos desde o início da pandemia, a maior parte impactou a comunidade afro-americana e as mulheres. Isso é extremamente preocupante.
Mais alarmante ainda: um estudo conduzido por uma empresa de tecnologia de recrutamento no Reino Unido mostrou que 14% das companhias daquele país consideram o tema da inclusão como menos importante para a recuperação dos negócios no pós-pandemia quando comparado com o momento atual. Em contraste, um outro estudo, elaborado pela pesquisadora Angela Chitkara, da City College of New York, apontou que companhias que não avançarem no tema de inclusão e diversidade irão colocar seus negócios em risco.
Todo esse cenário gerado pelo covid-19 trouxe à tona uma discussão sobre como devemos repensar o futuro e como podemos aproveitar esse momento para debater questões que impactem positivamente toda a sociedade. A crise atual jogou luz sobre as diferentes faces da desigualdade – seja social, de gênero ou de raça. Seria um grande desperdício não aproveitarmos este momento para endereçarmos e avançarmos nessas questões. Como podemos deixar de lado debates teóricos e colocarmos em prática mudanças que promovam inclusão e diversidade para mulheres, negros, para a comunidade LGBTQI+, PCDs e para tantos outros grupos que estão presentes na nossa sociedade mas têm baixíssima representatividade em nossos ambientes corporativos.
Para chegarmos onde queremos, precisamos começar a refletir, por nós mesmos: qual é o meu papel – como indivíduo no ambiente corporativo e na sociedade – na construção de empresas e de uma sociedade com maior equidade de oportunidades? Dentro das organizações, essa reflexão precisa ser fator cultural, que permeia todos os colaboradores, passando por C-Levels, middle management e toda a operação. Não é uma tarefa fácil, nem sempre teremos as respostas para todos problemas, mas é uma reflexão que devemos nos provocar, afinal de contas está nas nossas mãos, como indivíduos e como empresas, a construção de um melhor modelo de sociedade e de ambientes corporativos.
Diversidade e Inclusão promovem ambientes corporativos mais criativos, mais inteligentes, mais engajados, mais inovadores e por consequência que produzem melhores experiências para os consumidores finais e melhores resultados para os negócios. Um estudo elaborado pela consultoria empresarial McKinsey, “Diversity wins: How inclusion matters”, demonstra com números os benefícios e resultados da D&I.
Ainda há muito espaço para que as lideranças empresariais se atentem ao fato de que a diversidade e inclusão é uma resposta chave para o momento atual, sendo um dos caminhos para a retomada do crescimento das empresas no pós-pandemia. O momento atual é fértil para que possamos construir uma nova realidade mais diversa e inclusiva, com maior equidade de oportunidades e resultados. O que precisamos fazer é quebrar a inércia da conversa e mover para a ação, com atitude e ações afirmativas contundentes ao tamanho do problema e também da oportunidade.