Saiu no site G1
Veja publicação original: Diversidade e empreendedorismo
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O relato de três empreendedoras sobre os desafios do dia a dia.
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Por Juliana Munaro
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O desafio da Carol Rosa, personal organizer, é provar para as pessoas que sua área de atuação exigia preparo e conhecimento. A Raquel Molina, que trabalha com drones, passou por muitas provações até conquistar credibilidade no mercado em que atua. Já para Maitê Lourenço, que trabalha com inovação, o desafio é provar todos os dias que tem conhecimento para estar na posição que conquistou. Três mulheres empreendedoras, que atuam em áreas distintas e enfrentam diariamente situações hostis.
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Há sete anos, quando resolveu sair do emprego em uma grande empresa para investir no serviço personalizado de organização, Carol Rosa enfrentou o preconceito da família que não via importância no trabalho. “As pessoas falavam, ‘você vai largar sua carreira para arrumar o armário dos outros?’”, conta.
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Investindo em pesquisa e aperfeiçoamento, hoje a visão é outra. Mesmo porque, a empresa cresceu e hoje oferece não apenas o serviço, mas também produtos personalizados. Carol Rosa acaba de inaugurar um showroom com mais de 12 mil produtos em estoque.
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Carol enfrenta dificuldades atuando em uma área vista como feminina. Imagine então mulheres que atuam em mercados mais masculinos como tecnologia. Raquel Molina é formada em Tecnologia da Informação e sempre atuou na área. Como empreendedora, ela fundou uma das primeiras empresas de treinamentos para pilotos de drones do Brasil. “Já teve gente que ficou procurando o instrutor. Sempre achando que o instrutor seria um homem”, conta.
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Em feiras de negócios, ela lembra que sentia que as pessoas faziam perguntas para testar seus conhecimentos. Porém Raquel tirou de letra. “Sempre fui bastante segura, isso ajudou bastante. Claro, corria atrás pra ter embasamento. Sempre tive um perfil mais técnico, isso ajudou bastante”, explica.
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Maitê também trabalha com inovação. É fundadora de uma aceleradora de startups que apoia empresas criadas por equipes com a participação de pelo menos um negro. Ela enfrenta não apenas o machismo, mas também o preconceito racial. “Para nós, como população negra, já existe todo um estereótipo. Somos caracterizados como uma população que empreende por necessidade, isso quando somos vistos como empreendedores, porque ainda somos tidos como operacionais. Sempre nos é dado esse lugar de subalterno”, conta.
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Maitê passou por situações em que as pessoas não acreditavam que ela estava em um evento para ser palestrante ou mentora. “Eram dadas duas opções ou eu era da produção ou era público”, explica. Ela conta ainda que os desafios já começam no banco para abrir uma conta bancária. Além disso, a capacidade é colocada a prova o tempo todo. “Uma frase muito comum que eu ouço é: ‘Você começou sozinha?’ Eu passo por essas afirmações que questionam o meu lugar.”
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Carol Rosa também enfrenta situações parecidas. Ela começou a empresa sozinha e depois de alguns anos, o marido, Eduardo, entrou no negócio. “Quando as pessoas olham eu e meu marido, elas têm certeza que a gente começou junto”, explica. Para Carol, é como se não acreditassem que ela teria capacidade de tocar a empresa por conta própria.
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Além das dificuldades, essas três mulheres têm em comum a persistência, acreditavam em seu potencial. “A mulher tem a mesma capacidade do homem para fazer qualquer coisa. A gente tem que se unir”, enfatiza Raquel.
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