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Dezenas de modelos acusam Mario Testino e Bruce Weber de abuso sexual

Saiu no site  REVISTA MARIE CLAIRE:

 

Veja publicação original:   Dezenas de modelos acusam Mario Testino e Bruce Weber de abuso sexual

 

“New York Times” revela denúncias de investidas dos fotógrafos a rapazes. “Ele era um predador sexual”, disse um dos modelos sobre o fotógrafo da família real

 

 

 

Depois do escândalo de Terry Richardson, ícones dos mais renomados no mundo da fotografia de moda, o peruano Mario Testino e o americano Bruce Weber foram acusados de assédio sexual por vários modelos masculinos, que contaram suas alegações com exclusividade ao “New York Times”. Testino é um dos mais célebres fotógrafos de moda da atualidade, tendo clicado os principais nomes da indústria e outras celebridades. Já Weber, que dirigiu algumas das campanhas de moda mais marcantes das últimas décadas, já havia sido acusado por um outro modelo, em dezembro.

 

 

Testino, famoso por seus trabalhos com top models como Gisele Bündchen e estrelas em ascensão, 13 modelos o acusaram. A principal alegação é a de que ele os colocava nus no Chateau Marmont, badalada mansão-hotel nos arredores de Los Angeles, e depois fazia investidas explícitas. Segundo Ryan Locke, fotografado por Testino para a Gucci, o fotógrafo chegou a expulsar a equipe que o acompanhava e o seduziu na cama onde o fotografava, dizendo que “eu sou a menina e você é o garoto”.

 

 

— Ele era um predador sexual — afirmou Locke. — Quando ia me encontrar com ele, todo mundo fazia piada, dizendo que ele era notável: ‘Aperte os cintos’.

 

 

Questionado sobre o comportamento de Testino, o então designer da Gucci, Tom Ford — que se tornou diretor de fotografia e posteriormente de cinema, mais conhecido pelo longa “Animais noturnos” (2016) — disse que não estava presente no episódio citado por Locke.

 

 

Mas outros assistentes de Testino disseram que ele teria o padrão de contratar jovens modelos heterossexuais e tentar seduzi-los. Até assistentes de fotografia o acusaram: Hugo Tillman afirmou que Testino o deixava desconfortável, pedia para massageá-lo e depois tentou beijá-lo em encontros privados em quartos de hotéis. Um outro ex-assistente, sob anonimato, afirmou que Testino se masturbou em cima dele.

 

 

— Já o vi com as mãos nas calças de outras pessoas ao menos umas dez vezes — contou Thomas Hargreave, produtor que trabalhou com Testino por anos, até 2016. — A maior parte se comportava como se fosse uma brincadeira.

 

 

Testino fotografou as famílias de várias celebridades, como o casal William e Kate, Madonna, além de modelos como Gisele e Alessandra Ambrosio. Em 2014, recebeu a Ordem do Império Britânico. Recentemente, o jogador Neymar também foi clicado por ele. Marcas de peso, como Michael Kors, Burberry e Dolce & Gabbana, também tiveram Testino fotografando.

 

 

Quinze rapazes que já trabalharam com Weber — marcado por ensaios e campanhas como as da Calvin Klein e da Abercrombie & Fitch — descreveram ao “NYT” uma rotina de usos dele de nudez e comportamento coercitivo sexual, principalmente em ensaios. O principal momento, segundo eles, seria quando Weber pedia a eles que se despissem e fizessem exercícios de respiração.

 

 

— Lembro dele botando os dedos na minha boca e agarrando minhas partes íntimas. Nunca fizemos sexo nem nada, mas houve muito toque, molestação — afirmou o modelo Robyn Sinclair, com quem Weber trabalhou para a Ralph Lauren.

 

 

Segundo o “NYT”, já existia no meio dos modelos um termo para quem fosse se reunir em privado com Weber, que pedia privacidade para seus ensaios: “ser brucificado”. As principais acusações são de que ele apalpava a genitália dos modelos durante os exercícios de respiração.

 

 

— A primeira coisa que me disseram sobre Bruce é que ele bota pessoas em situações realmente precárias — disse Terron Wood, que foi fotografado por ele várias vezes entre 2007 e 2010.

 

 

Em dezembro, um modelo acusara Weber de assédio sexual e discriminação, alegando “práticas de teste do sofá”. No relatório de um processo obtido pela “ABC News”, Jason Boyce afirma que, durante uma sessão de fotos ocorrida em dezembro de 2014, ele foi “submetido a uma série de práticas diferentes de tudo o que ele havia experimentado até então”. Segundo o processo, o fotógrafo teria retirado a cueca do modelo e o forçado a tocar em seu pênis:

 

 

“Horrorizado e enjoado, Boyce fechou os olhos, esperando que Weber parasse”, afirma o texto. “Weber colocou seus dedos na boca de Boyce. Chocado, Boyce abriu os olhos. Weber pediu que ele mantivesse os olhos fechados, e manteve seus dedos na boca de Boyce. ‘Se você fosse mais confiante, iria mais longe’, Weber sussurrou. ‘O quão longe você quer chegar? O quão ambicioso você é?’. Boyce não respondeu.”

 

 

Depois da experiência, sentindo-se “intensamente assustado” com a ideia de rever Weber, o modelo foi para a sua casa, na Califórnia, e nunca mais modelou em Nova York, onde teria ocorrido o incidente.

 

 

A resposta dos acusados:

Outros vários modelos citados pelo “NYT” afirmaram não estar prontos para declarar publicamente. E os dois fotógrafos responderam:

“Estou completamente chocado e entristecido pelas alegações ultrajantes feitas contra mim, que nego completamente”, afirmou em nota Weber.

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