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Desigualdade de gênero: mulheres recebem, em média, 77% do salário dos homens, diz estudo

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Por Gabriella Bertoni

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Mais uma vez a desigualdade de gênero bate à nossa porta. Uma pesquisa do Instituto Locomotiva, apresentada em junho deste ano no Women 20 Outreach Brazil, revelou que o salário das mulheres ainda corresponde a 77% da remuneração dos homens.

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O estudo apontou que, enquanto os homens recebem, em média, R$ 2.408, as mulheres ganham R$ 1.863 no Brasil. Esses dados mostram o quanto a desvalorização da mulher como profissional é institucionalizada, uma vez que já ocupamos um grande espaço no mercado de trabalho.

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Para você ter uma ideia, nos últimos 20 anos, o percentual de mulheres chefes de família passou de 22% para 44% dos lares, de acordo com dados apurados em 2017 pelo Instituto. No mesmo período, 8,3 milhões de brasileiras entraram no mercado formal de trabalho e respondem por R$ 41 de cada R$ 100 recebidos pelos trabalhadores brasileiros.

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A situação das mulheres piora quando o assunto é preconceito racial. A média de salário de um homem branco é de R$ 3.137, enquanto a de um homem negro cai quase pela metade, indo a R$ 1.740. No universo feminino, a média salarial das mulheres brancas é de R$ 2.331 e a das mulheres negras fica em R$ 1.336.

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Equiparação de salário só faz bem bem para a economia

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Apesar da desigualdade salarial, as mulheres movimentam R$ 1,7 trilhão por ano no Brasil. De acordo com a pesquisa, existem hoje 107 milhões de brasileiras que, nos últimos anos, impulsionaram importantes transformações no País. Se houvesse uma equiparação de salários entre os sexos, seriam injetados R$ 461 bilhões na economia do País.

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Ainda de acordo com dados do Instituto, em 20 anos, a variação do número de mulheres com carteira assinada teve um aumento de 113%, enquanto a população feminina aumentou 34% no País. Entretanto, mesmo com a crescente introdução de mulheres no mercado de trabalho, 31 milhões de homens acham que “é justo mulheres assumirem menos cargos de chefia do que homens, já que podem engravidar e sair de licença maternidade”. Além disso, 75% dos trabalhadores brasileiros já viram uma colega ser desqualificada no emprego apenas por ser mulher.

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De acordo com Barbara Hannelore, especialista em desenvolvimento pessoal do projeto Arrase Mulher, para acabar com a desigualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho, é fundamental que as empresas propiciem um ambiente de desenvolvimento na carreira e também adotem medidas para acabar com o preconceito.

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“Os empresários e contratantes precisam enxergar as particularidades de cada mulher e, ao mesmo tempo, construírem políticas internas para as acolherem em diferentes momentos. Quando rompermos com o pensamento machista de que ‘mulher tem que ocupar menos cargos de chefia porque podem engravidar e sair de licença maternidade’, entre outras coisas, vamos ter uma sociedade mais próxima de se pensar e construir possibilidades”, comenta.

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O presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, complementa: “Se por um lado as mulheres foram fundamentais para modificar a economia brasileira na última década, por outro, o machismo naturalizado na sociedade brasileira segue produzindo injustiças que prejudicam não apenas as mulheres, mas toda a sociedade”.

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E se o trabalho doméstico fosse remunerado?

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Você já pensou em quanto tempo gasta com os afazeres domésticos e cuidados com a família? Ainda nos dias atuais ocorre uma forte desigualdade nas responsabilidades domésticas, de acordo com o levantamento. Entre os homens, 64% afirmaram realizar essas tarefas, totalizando 47 horas por mês. Enquanto isso, 93% das mulheres disseram ser responsáveis pelos afazeres domésticos e/ou cuidado de pessoas, o que totaliza 92 horas por mês.

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Ao colocar isso na ponta do lápis, se fossemos remuneradas pelas horas trabalhadas em casa, ganharíamos mais R$ 1,066 trilhão por ano. “Olhando pelo prisma do reconhecimento próprio, tão necessário para que possamos nos sentir autoconfiantes, os resultados apresentam motivos concretos para que a mulher se valorize e ocupe seu espaço”, pontua Barbara.

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“Quando nos apropriamos da nossa força, inclusive para movimentar a economia do nosso País, passamos a ver a nossa importância e a requerer direitos nos espaços que ocupamos. Embora exista ainda a diferença salarial entre os sexos, é importante que a mulher reconheça o seu valor para negociar melhores condições salariais e qualidade de vida no trabalho”, conclui.

 

 

 

 

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