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Por Aline Werneck
Segundo dados mundiais, o risco de uma mulher ser agredida em sua própria casa, pelo marido, ex-marido, namorado ou companheiro, é nove vezes maior do que a possibilidade de ser agredida na rua. De acordo com levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), 8,5% do total de assassinatos por arma de fogo registrados no país no ano de 2016 fizeram como vítimas mulheres.
A pesquisa indica que, nos últimos dez anos, quase 40 mil brasileiras foram mortas por arma de fogo. O levantamento indica ainda que, na maior parte das vezes, as mulheres são assassinadas em um contexto de violência doméstica, em brigas com o marido ou companheiro, ou quando decidem encerrar o relacionamento.
O que o estudo não aponta é o percentual de mulheres agredidas, mas não mortas, por pessoas com quem mantêm algum tipo de relacionamento doméstico. Ao que tudo indica, a modernização por que passa a sociedade não alcança o intelecto de muitos homens, de todas as classes sociais, que ainda mantêm uma mentalidade arcaica e se sentem senhores de suas esposas, namoradas, filhas, mães e irmãs, como se elas fossem um objeto e não humanas.
De acordo com entidades ligadas à defesa dos direitos da mulher, geralmente a violência decorre de alcoolismo, uso de drogas, dificuldades financeiras, ciúmes e personalidade violenta do agressor. Nenhum desses motivos justifica a agressão. Ninguém é obrigado a conviver com outra pessoa. O diálogo e a separação consensual são meios mais racionais e dignos para interromper um relacionamento. O sentido de viver a dois é a busca da felicidade, que não se instalará num contexto de violência.
É a hora de muitos homens – e mulheres também – compreenderem isso. Os homens precisam entender que suas companheiras possuem as mesmas capacidades e necessidades que eles e, portanto, merecem o mesmo respeito. Para as mulheres, a necessidade é de olhar para si mesmas com respeito ao ponto de denunciar seus agressores e de assenhorear-se de seus destinos. Dessa forma, talvez possamos mudar o quadro de violência doméstica no Brasil e as casas de inúmeras brasileiras se tornem, efetivamente, lares.
Veja publicação original: Defensoria pública em face da mulher vitima de violência domestica é VETADA pelo Prefeito, e a população ainda se Revolta.