Saiu no site UNIVERSA
Veja a Publicação original: O caso da menina capixaba de dez anos, estuprada pelo tio, que engravidou e conseguiu interromper a gestação após um périplo que envolveu a revelação de sua identidade, protegida por lei, e protestos contra a própria menina e a equipe médica que a atendeu atingiu em cheio a atriz Karen Junqueira. “Quando fundamentalistas religiosos chamam uma criança de assassina, a gente não tem que repensar as estruturas da sociedade? Como expor uma vítima e proteger o abusador?”, questiona a atriz….
“Quando fundamentalistas religiosos chamam uma criança de assassina, a gente não tem que repensar as estruturas da sociedade? Como expor uma vítima e proteger o abusador?”, questiona a atriz. Karen Junqueira também foi vítima de abuso infantil. Depois de anos de silêncio sobre o que passou, ela decidiu tornar pública a traumática experiência de ser estuprada aos 12 anos pelo pai de uma amiga, em relato à revista Claudia, em julho. Disse que decidiu se abrir para encorajar outras vítimas a não se calarem.
“Era aniversário da minha melhor amiga e acabei passando a noite na casa dela. Eu me lembro de cada detalhe. Estávamos juntas, lado a lado, dormindo na mesma cama. Era tarde da noite, usávamos o mesmo pijama branco estampado com palhacinhos vermelhos. Foi quando meu sono foi interrompido pelo pai dela. Naquele instante meu mundo parou. Eu congelei e sequer consegui abrir os olhos ou a boca para gritar”, escreve a atriz no relato. Aos 37 anos, a mineira, que vive no Rio de Janeiro e atuou em novelas como “Malhação” e “Haja Coração”, enxerga a informação como chave mudar esse cenário. Algo muito distante da realidade de quando ela era pequena, em Caxambu (cidade de cerca de 21 mil habitantes), como conta a Universa..
“Fui acordada no meio do sono e alguém veio arrancar minha intimidade. Uma intimidade que eu nem sabia ainda para o que era direito. Hoje, temos a comunicação a nosso favor. Na minha época, não tinha internet e a informação era limitada.” Pai rígido e pacto de silêncio com a mãe Os costumes patriarcais enraizados junto a uma “culpa religiosa”, que trazia uma sensação de impureza, a fizeram calar sobre o abuso. Sentia-se culpada, mesmo sendo uma vítima. Ela só contou para a mãe o que aconteceu quando o pai morreu. Juntas, fizeram pacto de silêncio. Karen não julga a mãe. Entende que ela agiu de acordo com a sociedade da época. “Meu pai era muito rígido e eu fiquei com medo de qual…