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Veja publicação original: Cresce a presença de mulheres na pesquisa científica
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O Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência é celebrado em 11 de fevereiro e representa a conquista feminina numa área (ainda) dominada pelos homens.
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“Para a mulher vencer na vida, ela tem que se atirar. Se erra uma vez, tem que tentar outras cem. É justamente a nova geração a responsável para levar avante a luta da mulher pela igualdade”. A frase é da ativista feminina, bióloga e cientista brasileira Bertha Lutz (1894 – 1976).
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Em sua trajetória na ciência, Bertha também impulsionou a partir de 1919 os ideais feministas no Brasil. Isso abriu caminho para que outras mulheres também se tornassem cientistas. A realidade de hoje é fruto da conquista de várias outras que já passaram e da luta daquelas que continuam. Por isso, o número de mulheres cientistas cresce cada vez mais.
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O Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado em 11 de fevereiro, é uma justa homenagem à conquista feminina numa área que ainda é dominada pelo sexo masculino. É o que constata pesquisa realizada em 2013/14 pelo Instituto de Psicologia (IP), da Universidade de São Paulo (USP), entre os membros da Academia Brasileira de Ciências (ABC), por sexo e área. No campo das ciências exatas, o número de mulheres no setor de engenharia elétrica foi de 13 para 269 homens, já nas áreas de física e matemática são 101 mulheres para 806 homens e 29 para 271, respectivamente.
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Contraditoriamente, as mulheres correspondem à maioria da população brasileira. Segundo o último censo do IBGE, 51,09% da população são mulheres. Além disso, são também maioria no ingresso em universidade. Dados do Censo da Educação Superior revelam que as mulheres representam 57,2% dos estudantes matriculados em cursos de graduação. Já de acordo com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), as mulheres ficam com 59% das bolsas de iniciação científica.
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Na Universidade de Fortaleza, as mulheres já ocupam posição de destaque na área de pesquisa. No Mestrado em Ciências Médicas, por exemplo, das 46 dissertações defendidas em 2018, 28 foram de mulheres. No mesmo ano, dos 948 alunos do Mestrado na Unifor, 549 eram do sexo feminino. Já no Doutorado, 53% dos 307 alunos eram mulheres.
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De acordo com a coordenadora do Mestrado em Ciências Médicas, professora Adriana Rolim, a estrutura organizacional da Unifor também é bastante feminina. “Reitoria, chefia de gabinete, vice-reitoria de pós-graduação, diretoria de comunicação e marketing e três (dos quatro) centros de ciências são cargos ocupados por mulheres. Na pós-graduação Stricto Sensu, quatro dos seis programas acadêmicos são coordenados por mulheres e dois dos cinco mestrados profissionais também são coordenados por mulheres”, comenta. Ressalta-se ainda que toda a direção da pós-graduação é feminina.
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A professora do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Raimunda Magalhães é uma das pioneiras em pesquisa na Unifor. Com sua participação na pesquisa desde 1990 e atuante na Unifor desde 2002, a professora comenta que as mudanças em relação à presença da mulher na área da pesquisa são perceptíveis com o passar do tempo. “Temos várias mulheres hoje que são pesquisadoras e muito bem valorizadas e reconhecidas no Brasil e no exterior. Isso é muito importante”, comenta.
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“Quando eu era bolsista de iniciação científica, o meu orientador dizia: ‘a Luana um dia vai casar, fazer um bom casamento’. Isso me deixava muito indignada, porque eu estava em um ambiente de trabalho, e os planos que o meu orientador tinha para mim eram um bom casamento. E eu queria muito mais do que isso. Eu queria ser uma pesquisadora bem sucedida, eu queria ter uma carreira profissional, eu queria publicar artigos científicos de relevância, de impacto internacional, e hoje é isso que eu faço” – Luana Elayne, 31, aluna do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Unifor
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Desestímulo?
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Juliana Martins, aluna do Programa de Pós-Graduação em Informática Aplicada da Unifor. — Foto: Diego William/Unifor
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“Você está sempre sendo colocada à prova, sempre sendo testada para saber se consegue dar conta de alguma coisa. Isso existe mesmo, principalmente nos cargos de gerência e liderança”, ressalta Juliana Martins, 34, aluna do Programa de Pós-Graduação em Informática Aplicada (PPGIA). Para ela, que atua na área de tecnologia, é ainda mais difícil encontrar colegas mulheres, mas garante que, desde que iniciou na graduação em 2002, tem notado maior presença de mulheres em sala de aula. “Eu fazia matemática e tinha poucas mulheres. Depois fui para a computação e tinha duas mulheres em sala, quando terminei a graduação tinham 10. Isso é muito grande para uma graduação tecnológica”, explica.
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Samira Ribeiro, aluna do Programa de Pós-Graduação em Informática Aplicada da Unifor — Foto: Diego William/Unifor
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Da mesma forma aconteceu com Samira Ribeiro, 35, também aluna do PPGIA. “Quando eu me formei na graduação da Unifor, na minha foto de formatura só tinha eu de mulher e o resto eram homens. No mestrado foi um pouco diferente. Já havia mais duas mulheres na foto de formatura (risos). Então eu percebo que está havendo uma modificação”, comenta. “Eu fico bem animada com essa mudança de pensamento da sociedade, querendo engajar as mulheres, trazendo elas para essas posições de liderança, de pesquisa e eu estou percebendo mais abertura para isso. Antes não tinha essa visibilidade”, acrescenta.
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Na área da tecnologia, Juliana Martins se inspira na matemática e escritora inglesa Ada Lovelace (1815 – 1852), que escreveu o primeiro algoritmo para ser processado por uma máquina. Por esse trabalho, Ada é considerada a primeira programadora da história, em uma época que as mulheres nem tinham direito a voto no Brasil, por exemplo. Isso evidencia que a representatividade é importante e que muitas vezes a falta de mulheres em alguma área pode ser desestímulo para outras. Entretanto, para Samira Ribeiro nada pode impedir uma mulher de ser quem ela quiser. E aponta o caminho a ser traçado: “Se aquilo que você quer é muito difícil, você tem que encarar, fazer por onde, estudar e você vai conseguir enfrentar qualquer obstáculo e alcançar o sucesso”.
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Como conciliar maternidade e ciência?
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Além das provações diárias que as mulheres têm que enfrentar no mercado de trabalho, muitas também são pressionadas a ser mães. Mas como conciliar o trabalho da pesquisa com a maternidade? Luana Elayne, do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Unifor, conta que essa foi uma preocupação constante para ela, que sempre quis ser mãe, mas que a dificuldade em lidar com as duas coisas poderiam se tornar empecilho para a sua carreira profissional. “Durante o meu doutorado, eu não podia engravidar, porque se fazer um doutorado já é difícil, imagina sendo mãe. Ser mãe sempre foi um objetivo muito grande na minha vida, mas isso só poderia ser alcançado após os meus objetivos profissionais serem cumpridos e as minhas metas serem alcançadas”, comenta.
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Muitas mulheres quando tomam a decisão de se tornarem mães, às vezes acabam tendo que cuidar sozinha dos filhos, o que dificulta o retorno ao mercado de trabalho. Após concluir o doutorado, Luana teve uma filha e hoje acredita que fez a escolha certa ao adiar o sonho da maternidade. “Ambas as carreiras exigem muito da gente, principalmente a carreira acadêmica, por não ter um horário tão fixo. É um trabalho que você leva para casa, não dorme bem sabendo que tem que terminar aquele artigo, sabendo que tem que fazer aquele parecer, então a mulher está sempre dividida entre os cuidados com a criança e o seu trabalho”, explica.
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“Uma coisa bacana que eu tenho experimentado na minha maternidade é poder dividir os cuidados da minha filha com o meu esposo que também é professor e pesquisador. Eu sei que estou superando uma barreira que muitas mulheres ainda vivem, de ter os cuidados dos seus filhos eminentemente nas mãos delas”, analisa, e complementa: “Estar com um homem que não é machista tem feito toda a diferença nessa trajetória de poder retomar meu trabalho como pesquisadora”.
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Incentivo
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Para Samira Ribeiro, aluna do Programa de Pós-Graduação em Informática Aplicada da Unifor, é importante incentivar as mulheres desde crianças a participar da ciência, pois influencia na futura escolha profissional. “Desde criança a gente aprende a brincar de boneca, a brincar de coisas domésticas enquanto os meninos são mais incentivados a brincar de jogos, que estimulam o raciocínio. Menino brinca com coisa de menino e menina brinca com coisa de menina e isso vai enraizando a nossa cultura e se transforma no que a gente vê hoje”, ilustra.
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“Tem meninas que não seguem essa regra de brincar de boneca, que gosta de jogar videogame. Eu fui nessa linha. Não era muito de brincar de boneca. A gente percebe que existe um preconceito enrustido, que é bem sutil. Tentam não deixar aparecer, mas existe sim” – Samira Ribeiro, aluna do Programa de Pós-Graduação em Informática Aplicada da Unifor
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O resultado das redações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2018 mostra que o estudo e incentivo garantem bons resultados. Das 55 redações que alcançaram nota 1.000 no país, 42 foram redigidas por mulheres. No Ceará, esse número é mais feminino ainda: das 5 notas 1.000 do estado, todas foram obtidas por mulheres. “As mulheres têm o mesmo potencial do homem. Se estudar, ela chega lá”, diz Samira.
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A importância da Unifor na pesquisa
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Apesar das dificuldades das mulheres na área da ciência, alunas e professoras afirmam que estar na Unifor é receber visibilidade e oportunidades. “Tem muita pesquisa boa desenvolvida aqui na Unifor. São pesquisadoras éticas, comprometidas e que têm o prazer de trabalhar na pesquisa para mostrar resultados. Isso tudo é influenciado pela própria instituição. É uma universidade que vislumbra um futuro brilhante em termos de pesquisa, ensino e extensão”, comenta a professora Raimunda Magalhães, do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva.
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Já para Luana, as condições de trabalho na Unifor garantem oportunidades de realizar e desenvolver pesquisa. “Eu sou muito realizada de trabalhar na Unifor porque aqui eu tenho todas as condições necessárias para desenvolver pesquisa. Eu tenho excelente ambiente de trabalho, aqui eu tenho infraestrutura. Eu me sinto privilegiada de fazer pesquisa na Unifor e de ser reconhecida pelo que eu faço nessa instituição”, salienta.
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Professora Lilia Maia de Morais, Vice-Reitora do Programa de Pós-Graduação da Unifor. — Foto: Julia Rabay/Unifor
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“Na Unifor nós temos uma liderança feminina nessa perspectiva da pesquisa. É contrário ao cenário nacional e mundial e isso é um orgulho para a Universidade” – Lilia Maia de Morais, Vice-Reitora do Programa de Pós-Graduação da Unifor.
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Samira sempre gostou da área de exatas e na Unifor encontrou seu espaço em uma área até então dominada pelo sexo masculino. “Eu me sinto muito confortável nesse ambiente, afinal, a academia me recebeu muito bem. E a gente constata que não existe mais a preferência pelos homens. Existe a oportunidade para homens e mulheres”, comenta.
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