Saiu no site TERRA
Além do caso de Jéssica Paulo, Cássio Novaes é alvo de outras denúncias, envolvendo assédio e importunação sexual, e constrangimento ilegal
O coronel da Polícia Militar, Cássio Pereira Novaes, foi condenado, na última sexta-feira, 7, a 1 ano e cinco meses de prisão por assediar sexualmente a ex-soldado Jéssica Paulo do Nascimento, de 30 anos. O caso ainda cabe recurso. Ele responde também por outras quatro denúncias, sendo três de assédio sexual contra soldados, uma de importunação sexual, e uma de constrangimento ilegal, contra um capitão da corporação.
A denúncia contra ele foi feita em abril de 2021, mas as investidas contra ela começaram em 2018, e ocorriam a partir de mensagens, ameaças e humilhações, inclusiva na frente de outros colegas. O superior até teria tentado sabotá-la quando ela se recusou a ceder às investidas.
Ele chegou a chamá-la para sair, mas com a negativa, passou a “persegui-la”, conforme contou a soldado na época. Em entrevista ao Terra, ela relata que no começou foi muito difícil, e que devido ao assédio, chegou a passar por problemas psicológicos.
“Eu tive queda de cabelo, perda de peso, isso me deu até aquela síndrome do pânico. Tinha medo de sair na rua, tinha pesadelo. Enfim, isso me atingiu de diversas formas”, relembra Jéssica. O que a ajudou a superar foi a grande rede de apoio, formada pelos familiares e amigos, além de apoio psicológico.
Cerca de um mês após a denúncia, ela pediu exoneração do cargo, pois novamente foi perseguida por ele.
Alívio
A condenação de Novaes traz um alívio a ex-soldado, que confessa ter achado em alguns momentos que a denúncia não daria em nada. Segundo ela, o acusado, inclusive, chegou a dizer isso à ela, pois ele já havia sido juiz militar no Tribunal de Justiça Militar (TJM).
“Muitas pessoas falam isso, subestimam a gente, querem desanimar, acho que no intuito mesmo da gente não denunciar. Principalmente ele, que falava para eu não denunciar, que não ia dar em nada, que ele era juiz. Ele me ameaçava dessas formas. Mas graças a Deus, houve a condenação sim, e está aí para todo mundo ver”, celebra.
Outros casos
O coronel deve passar por um novo julgamento no próximo dia 14, em um processo que contém outras quatro denúncias de assédio sexual contra três soldados, e ameaça, contra um capitão da PM, que ocorreram entre fevereiro de 2020 e abril de 2021.
O Terra trouxe com exclusividade a segunda denúncia feita contra Novaes. Ele chegou a bater nas nádegas de uma das vítimas. Ele usava de sua autoridade para assediar sexualmente as policiais, além de prometer conseguir bolsas de estudos em universidades, e benefícios dentro da corporação.
“Verifica-se que o denunciado utilizou de sua autoridade com o fim de importunar a vítima sexualmente, na medida em que falava expressamente que poderia auxiliá-la nas movimentações internas da PM, deixando explícito que a vítima deveria se abster de resistir as suas investidas sexuais”, afirma o promotor na denúncia.
Já o capitão, foi ameaçado ao dizer para o coronel deixar uma das vítimas de assédio em paz, e prestar apoio à ela. Em uma das situações, o policial recebeu mensagens do coronel falando que era influente, e tinha como amigos desembargadores federais.
Novaes chegou a mencionar que era amigo de um juiz militar chamado Ronaldo Roth. “Não vem com esse agamelo de trocar cana que vai se fu****, a gente vai lá pro TJM, na minha amiga promotora, o Machado Marques, o Roth e o bicho vai pegar hein […]”. Conforme relatado pela promotoria da Justiça Militar, as ameaças tinham como propósito fazer com que o capitão não seguisse com o relato da soldado e nem noticiasse os crimes.
O Terra pediu um posicionamento da defesa de Novaes, mas até a última atualização, não obteve retorno.