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Veja publicação original: ‘Copa com as Manas’: mulheres vão ao teatro para assistir à Seleção feminina
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Evento aconteceu no Vila Velha e reuniu cerca de 50 pessoas
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Por Gabriel Moura
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Acostumada a frequentar estádios de futebol, principalmente a Fonte Nova, a produtora cultural e “tricolouca” Maria Ribeiro, 27 anos, teve uma experiência diferente como torcedora neste domingo (9). Em vez de sentar nas arquibancadas, onde o público é majoritariamente masculino, ela acompanhou a estreia da Seleção Brasileira feminina na Copa do Mundo rodeada de mulheres, no evento “Copa com as Manas”, que reuniu cerca de 50 torcedoras no Teatro Vila Velha.
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“Isso aqui está lindo. Eu cheguei cedo e vi o lugar vazio e imaginei que a galera não iria colar. Mas aos poucos as meninas foram chegando e conseguimos lotar a sala. Eu faço parte de um grupo de torcedoras do Bahia, as Tricoloucas, e costumo ir ao estádio com elas, pois prefiro torcer ao lado de mulheres, ouvi-las comentando o jogo… Quanto mais mulher ocupando os espaços melhor”, defende.
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E o evento, organizado pelo coletivo Criôla Criô, se mostrou pé-quente: o Brasil venceu por 3×0 o jogo contra a África do Sul. Se Cristiane, que marcou três gols, Andressa Alves e companhia davam um show lá em Grenoble, cidade onde aconteceu o jogo, as torcedoras baianas não ficaram atrás.
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A cada lance era um grito, um gesto demonstrando felicidade, tristeza, lamentação e, principalmente, comemoração. E a reação da torcida foi o que mais chamou a atenção do professor aposentado Juracy Tavares, que foi ver o jogo acompanhado da esposa.
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“Elas são muito vibrantes e positivas. Tem uma mesmo sentada em minha frente que, em qualquer lance, se levanta, grita e comemora. É muito legal”, disse o professor.
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“É difícil ser mulher, tanto torcendo quanto jogando, por isso, precisamos ficar firmes e fortes ao lado delas. E o melhor daqui é estar rodeada de mulheres. Os homens sempre tentam nos desqualificar quando dizemos que gostamos de futebol. Ficam perguntando isso e aquilo para tentar provar, na cabeça deles, que não entendemos do assunto. Quando estamos entre nós mesmas, podemos torcer com mais liberdade”, conta a gremista e estudante de culinária Camila Cabral, 21.
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Criar este espaço onde as mulheres possam se sentir à vontade para torcer pelo futebol feminino é um dos objetivos do “Copa com as Manas”. O outro, e principal, é levantar discussões sobre o papel da mulher tanto no futebol, quanto em outros lugares da sociedade, aliando o lazer com a reflexão.
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Torcedora ficou tensa na estreia do Brasil |
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“Além de torcer para a Seleção feminina, sempre vamos buscar levantar reflexões e questionamentos durante os eventos. Por isso, a cada edição dos jogos do Brasil vamos trazer mulheres para falar sobre suas atuações, seja na área acadêmica, de pesquisa e do ativismo social”, explica a jornalista Jamile Menezes, 38, uma das organizadoras do evento. Além de palestrantes, haverá uma apresentação musical.
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A convidada do evento deste domingo foi Cláudia Sandes, assessora de projetos do Bahia. Lá ela falou sobre a campanha “Me deixa torcer”, que busca o respeito às mulheres no estádio. “Com esse movimento, nós buscamos nos aproximar e valorizar as nossas torcedoras, mapear os lugares onde acontecem os casos de assédio e facilitar a denúncia por parte das vítimas”, explica Cláudia.
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A campanha surgiu após a tricolor Maria Ribeiro expor em seu Twitter um episódio de assédio que sofreu dentro da Fonte Nova, no jogo Bahia x Avaí. Ela conta que um grupo de homens tentou assistir a um jogo com ela e suas amigas, abordando-as com cantadas. Após a negativa das meninas, eles direcionaram xingamentos, ofensas e gestos obscenos às torcedoras, além de ameaçarem agredi-las fisicamente.
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“Após esse episódio, eu não tinha, incialmente, a intenção de denunciar, pois, infelizmente, o assédio já virou algo normalizado e rotineiro dentro dos estádios de futebol. E, quando eu vi que a patrulha da polícia também só tinha homens, fiz aquele pré-julgamento de que eles, em geral, não sairiam em defesa da gente. Não denunciei por conta disso. Mas sei que foi uma atitude errada, deveria ter feito a ocorrência”, lembra a torcedora.
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Após ela expor seu relato na rede social, o Bahia entrou em contato com ela e desenvolveu a campanha, com o intuito de dar o protagonismo às mulheres nos estádios.
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“Quando fomos escolher o nome da campanha, ficamos na dúvida entre ‘Me deixa torcer’ ou ‘Deixa ela torcer’. Optamos pelo primeiro pois o segundo dá uma ideia de que alguém precisa dar a permissão para a mulher ir ao estádio e apoiar o seu clube. O que é totalmente equivocado. Nós do Bahia entendemos que isso não é uma causa partidária, mas sim humanitária. A gente tenta educar a sociedade através do esporte”, defende Cláudia.
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Primeira transmissão
Em tempos de Copa do Mundo, apenas a competição masculina costumava receber transmissões da TV Globo. Neste domingo (9), foi diferente. Pela primeira vez, em um Mundial, as mulheres puderam receber um “Haja coração”, narrado por Galvão Bueno.
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“É algo a ser comemorado. O jogo das meninas será narrado pelo principal locutor da principal emissora do país. É um nível de igualdade que é necessário ser marcado na história. Mas, apesar disso ser algo a ser comemorado, ainda acharíamos melhor que o jogo fosse transmitido com a voz de uma mulher, como a Fernanda Gentil”, pondera Jamile.
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De acordo com dados do Ibope, a TV Globo teve uma média de 18,5 pontos de audiência no jogo, com picos de 21.
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Outro fator que comprova o grande interesse do público por esta edição da Copa do Mundo feminina é que, pela primeira vez, a Panini lançou um álbum de figurinhas para um Mundial das mulheres. Entretanto, Jamile ressalta que o interesse pela modalidade não deve acabar após a competição e que as atletas devem ser prestigiadas e apoiadas sempre.
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“Cabe a nós, sociedade, mulheres, nos mobilizarmos em relação a isso e pautar debates e ações que busquem essa maior visibilidade. O Brasil irá participar de outros torneiros e existe o futebol feminino o ano todo, através dos clubes em campeonatos nacionais ou regionais”, defende a jornalista.
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Um dos maiores obstáculos para a maior popularização da modalidade é o machismo. Para combate-lo, Jamile defende uma mudança “de fora para dentro”. “Precisamos forçar as estruturas a se moverem. Se no próprio interior da Seleção há o machismo, quando, por exemplo, demitiram uma mulher (Emilly Lima) para colocar um homem como treinador (Vadão). Por isso temos que forçar a barra até conseguir o que a gente quer”, defende.
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Onde ver os próximos jogos da Seleção
O projeto “Copa com as Manas” irá reunir mulheres ao longo de todos os jogos da Seleção na Copa do Mundo. As informações sobre os locais, horários e atrações dos encontros estão no Instagram @copamanas. Além desse projeto, outros lugares irão transmitir os jogos da Seleção. Alguns deles são:
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- Giramundo
Rua do Carmo, 15 – Santo Antônio Além do Carmo
- Velho Espanha
Rua General Labatut, 38 – Barris
- Cabaré dos Novos
Teatro Vila Velha – Passeio público
- Pastelaria Tropicália
Ecosquare – Rua Conselheiro Pedro Luiz – Rio Vermelho
- Boteco Concha da Sereia
Trav. Pedra da Sereia, 38 – Rio Vermelho
- Tô em Casa
Largo da Mariquita – Rio Vermelho
- Bão Petiscaria
R. Manoel Joaquim Alves, 314 – Stiep
- Kombita Chopp
R. Prof. Sabino Silva, 179 – Jardim Apipema
- Five Sport Bar
Shopping Paralela
* Com supervisão da subeditora Tharsila Prates
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