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É comum ouvir frases do tipo “isso é coisa de homem” quando o contexto se refere a alguma prática esportiva ou a algo que exige o uso da força física. Se você é mulher, provavelmente isso já se repetiu mais vezes do que você gostaria.
Desde crianças mulheres não são incentivadas a praticar esportes. Ao contrário dos meninos, a elas não é reservado o direito de brincar nas ruas, mas sim dentro de casa, com coisas que exercitem o cuidado e a maternidade.
Isso tem fundamento em uma série de questões sexistas e machistas que estão enraizadas culturalmente na nossa sociedade, a começar pela limitação de acesso ao espaço público. Aquela velha ideia de que a mulher pertence ao ambiente doméstico também é perpetuada no esporte.
A construção da imagem da mulher como um ser frágil e delicado também a distancia de práticas que exijam engajamento físico, força e garra, como os esportes e as lutas.
A questão da insegurança com o corpo — que não pode ser musculoso demais nem magro demais e tem que seguir um padrão estético inalcançável e disfuncional — também é outro obstáculo.
Mas isso não é apenas questão de opinião, é estatística.
O site feminista Think Olga fez uma pesquisa online para entender a relação da mulher com o esporte. Os resultados foram surpreendentes: 25% das mulheres entrevistadas já sofreram preconceito ao tentarem se exercitar de alguma forma. Essa proporção aumenta para 30% quando se trata de mulheres que vivem nas periferias.
O racismo também ficou explícito no estudo do site, que mostra que a tenista Maria Sharapova ganha quase o dobro de patrocínio que Serena Williams, mesmo que a segunda seja a maior vencedora de Grand Slam da era aberta do tênis, com 22 títulos.
Na contramão de tanto preconceito, as atletas olímpicas brasileiras resistem bravamente nesse ambiente hostil às mulheres que é o esporte.
Elas têm dado um show de habilidade e eficiência — com performances inclusive melhores que as masculinas —, o que demonstra que esporte é coisa de mulher, sim!
Nas últimas duas edições dos Jogos Olímpicos, em Pequim (2008) e em Londres (2012), as mulheres brasileiras levaram mais medalhas de ouro do que os homens.
E uma das grandes apostas para a Rio 2016 é a xodó brasileira, Flávia Saraiva, que tem apenas 16 anos e vai participar pela primeira vez de uma olimpíada.
Apesar da pouca idade, a menina tem qualidade técnica de sobra e já ganhou uma prata inédita para o Brasil em 2014, nos Jogos Olímpicos da Juventude, em Naquim, na China.
O olhar mais atento, portanto, será nas mulheres!
Afinal, há grandes expectativas para que elas batam recordes e superem os 6 pódios que alcançaram nas últimas edições de 2008 e 2012.
Brasileiras brilham nestas modalidades olímpicas
1- Vôlei
O vôlei feminino disputa o seu terceiro título Olímpico. O primeiro veio em 2008, com uma trajetória perfeita: oito jogos e oito vitórias. Em 2012 a medalha veio com mais dificuldade após uma quase eliminação precoce na primeira fase. Mas as meninas não fraquejaram e enfrentaram a rede rumo ao ouro. No Rio, a briga é com o time dos EUA, principal adversário. No time olímpico quatro atletas disputam sua terceira final olímpica seguida: Fabiana, Thaísa, Jaqueline e Sheilla. Caso vençam, elas serão as únicas jogadoras, mesmo entre os homens, com três ouros em Olimpíadas no currículo.
2- Salto com vara
Fabiana Murer está presente entre as três melhores do ranking nos últimos anos e pode ficar com alguma medalha. Em 2008, nos Jogos Olímpicos de Pequim, a atleta teve que lidar com um dos piores fantasmas de qualquer competidor: os seus equipamentos sumiram e ela teve que fazer a prova com aparelhos emprestados. Prém, no ano passado Fabiana mostrou que está muito bem na disputa: a atleta ficou em segundo lugar no Mundial e nos Jogos Pan-Americanos.
3- Handebol
A armadora da seleção Eduarda Amorim (foto) foi eleita a melhor do mundo na modalidade em 2014. Ela foi a segunda brasileira a conquistar o prêmio. Em 2012, a ponta Alexandra Nascimento também levou o prêmio. Só isso já é suficiente para dizer que as meninas comandadas pelo dinamarquês Morten Soubak vão dar trabalho. Em 2013 elas quebraram a barreira e venceram a decisão do Campeonato Mundial contra a Sérvia, em disputa na casa das adversárias, com o maior público de uma partida de handebol feminino na história.
4- Vôlei de praia
Bárbara e Ágatha são as atuais campeãs mundiais na modalidade que vem garantindo medalhas ao Brasil desde 1996, em Atlanta. Juntas desde 2011 as atletas foram as responsáveis por garantir a segunda vaga nas disputas Olímpicas. No Campeonato Mundial do ano passado, por exemplo, o país fez ouro, prata e bronze, em um pódio 100% verde-amarelo.
5- Judô
Após quatro medalhas em 2012, seis brasileiros estão espalhados no top 10 do ranking de suas respectivas categorias na modalidade. Nos dois últimos Mundiais, foram 11 medalhas. Talvez este seja o maior esporte olímpico do Brasil, mas até 2008 apenas homens tinham subido no pódio. Porém, para a Rio 2016 as mulheres são as favoritas, e Mayra Aguiar está entre as maiores esperanças. Ela é campeã mundial em 2014 e está entre as primeiras colocadas do ranking na categoria até 78kg.
Publicação Original: Conheça as atletas brasileiras que são destaques na Olimpíadas 2016