Saiu no site TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SP
Ela encontrou na conciliação forças para vencer obstáculos.
Em maio de 2015, Sélida Coelho Lima foi diagnosticada com surdez súbita e perdeu o chão. Seus sentimentos se resumiram em uma mistura de revolta e desespero, além do receio de não saber como seria sua vida dali para frente – medo de depender das pessoas, de não poder mais conversar.
Mesmo durante a adaptação ao aparelho auditivo, ela se isolou, pois não queria ser um fardo para ninguém. E foi nesse momento de grande dificuldade que recebeu o apoio de pessoas mais próximas para seguir nessa nova jornada. Em meio aos receios e incertezas, e tentando superar suas próprias limitações, um amigo não permitiu que ela se acomodasse e a levou para assistir a uma aula do curso de conciliação em Santana de Parnaíba.
“Não foi fácil”, afirma Sélida, “pois eu sempre solicitava aos professores que ficassem de frente para a sala, para que eu pudesse fazer a leitura labial. Muitas vezes não entendia e queria ir embora, pois achava que não iria conseguir, mas, meu amigo Ronaldo começou a levar um notebook e passou a escrever conforme o professor desenvolvia o tema. Minha interação começou a ser maior e terminamos a parte teórica”.
Sélida precisou de coragem para concluir o estágio, fase na qual é necessário acompanhar e participar de sessões conciliatórias. Ela lidava com pessoas desconhecidas e não sabia como agir dentro da pequena sala, onde muitas vezes o sentimento das partes superava a vontade de resolver o conflito e todos falavam alto e de uma só vez.
Foi, então, criado um processo adaptativo na conciliação, que propiciou a ela a oportunidade de aprender os termos e executar a mediação assistida. Hoje é mantida uma organização bastante peculiar nas mediações, que auxilia nessa inclusão, e que abriu as portas para que ela também possa ajudar outras pessoas a superarem seus limites.
“Graças à oportunidade que o Cejusc de Santana de Parnaíba me deu, junto ao método adaptativo e inclusivo que meu amigo mediador e eu desenvolvemos para pessoas com deficiência, tenho a possibilidade de atuar na conciliação normalmente. Minhas limitações foram vencidas graças à ajuda de pessoas muito importantes para mim, que me auxiliaram a superar os obstáculos”, diz a obstinada Sélida.
Projeto Jus_Social – Este texto faz parte do Projeto Jus_Social, implementado em março de 2011. Consiste na publicação no site do TJSP de um texto diferente do padrão técnico-jurídico-institucional. São histórias de vida, habilidades, curiosidades, exemplos de experiências que pautam as notícias publicadas sobre aqueles que, de alguma forma, realizam atividades que se destacam entre servidores ou magistrados. Pode ser no esporte, em campanhas sociais, no trabalho diário, enfim, qualquer atividade ou ação que os diferencie. Com isso, anônimos ganham vida e são apresentados. Com o Projeto Jus_Social, o Tribunal de Justiça de São Paulo ganhou o X Prêmio Nacional de Comunicação e Justiça 2012 (categoria Endomarketing).
Comunicação Social TJSP – WL (texto) / Arquivo pessoal (foto)
Veja publicação original: Conciliadora do Cejusc de Santana de Parnaíba é personagem do Jus_Social