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Veja publicação original: Conceição Evaristo batiza cerveja e autografa garrafas em Paraty
Por LUCAS NEVES
A escritora mineira Conceição Evaristo, 70, que esteve no domingo (30) à frente de uma das mesas da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) mais festejadas pelo público, não anda autografando só livros na cidade.
Os admiradores da autora de “Ponciá Vivêncio” e “Becos da Memória” também a abordam para pedir rubricas em garrafas de cerveja de trigo de 600 ml. Foto e nome dela estampam o rótulo da bebida.
Trata-se de um lançamento da Cervejaria Feminista, empresa carioca que tem cinco mulheres como sócias —uma delas é Andreia Prestes, neta de Luís Carlos Prestes (1898-1990). O primeiro produto da casa, fundada no fim do ano passado, chamava-se Maria Prestes, justamente em homenagem à viúva do líder comunista.
“Não estamos vendendo só o líquido mas também um questionamento ao machismo, ao estereótipo de que mulher não entende de cerveja, não a consome e não sabe produzi-la”, disse Elaine Barbosa, 36, uma das sócias.
Segundo ela, um carregamento de 40 caixas (com 12 garrafas cada, a um custo unitário de R$ 25) foi levado a Paraty e distribuído entre restaurantes e casas que integraram a programação paralela da festa. No domingo (30), por volta das 13h, quando a reportagem chegou ao ponto de venda improvisado na Praça da Matriz, coração da cidade, restavam cinco caixas.
A freguesia masculina se mostrou mais interessada nos goles literários do que as donas da cervejaria tinham imaginado. No fim, considerando-se o gênero da clientela, as vendas foram meio a meio —bem no espírito da Flip da paridade.
Barbosa diz que, em sua composição, a bebida leva notas de banana e canela. O teor alcoólico é de 5,7%, acima daquele das cervejas comerciais (em torno de 4,5%).
“O sabor não é aleatório. Fizemos sessões de degustação com a Conceição. Apresentamos variedades belgas, alemãs, brasileiras. Ela pediu que fosse forte, encorpada”, conta a dona do negócio.
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