Saiu no site TODAS FRIDAS
Já havia lido sobre não sermos iguais, e sim diferentes, e que cada ser humano é único em sua diferença. Mesmo assim gostamos de falar sobre igualdade. Eu nunca tinha percebido como pode ser “perigoso”, até esse fato:
Há um tempo eu estava passeando com minha filha de 2 anos e ao nosso lado havia um senhor em uma cadeira de rodas. Minha filha parou na frente dele, apontou, olhou para mim e disse:
– Mas ele não é neném, mãe.
Na cabecinha dessa criança, cadeiras para empurrar são para bebês. Carrinhos.
Fingi que não ouvi, tirei ela do local com a cara vermelha de vergonha.
Quando cheguei em casa comentei com meu marido, e juntos resolvemos conversar com ela.
Perguntei:
– filha, sabe aquele senhor que nós vimos no carrinho? Você sabe porque ele estava numa cadeira daquela?
E ela respondeu:
– Sei sim.
– Sabe? Porque então?
– Porque ele tá dodói.
Ficamos espantados com o entendimento dela sobre isso, já que não havíamos falado nada ainda. Então meu marido começou a explicar sobre condições físicas. Falou que algumas pessoas não conseguiam andar pois não tinham força nas pernas, e também que há pessoas que podem não ter algum membro do corpo. Falou tudo isso em uma linguagem que ela entendesse, e completou:
– Mas são pessoas iguais a nós.
Ela arregalou os olhos, e espantada disse:
– É? Eu também tô dodói?
– Não filha, você não tá dodói. Somos iguais dentro da sociedade.
Ela fez uma cara de “blz mãe, não entendi nada, mas tá bom” e foi brincar.
Crianças até uma certa idade não tem condições de entender subjetividade. Levam tudo ao pé da letra, tudo no literal. Para minha filha, se somos iguais aos que estão doentes, logo estamos doentes também.
Não sei ao certo a idade adequada para que ela possa entender de fato o que queremos dizer sobre igualdade social, mas esse acontecimento me fez refletir muito.
Somos todos diferentes, somos únicos e temos que lidar com tudo isso. Temos que aprender a lidar com as diferenças, porque nunca um ser humano será igual ao outro.
Na próxima oportunidade que tiver, quando surgir o assunto, quero explicar dessa forma. Acredito que fará mais sentido e provavelmente mostrará respeito para com todas as pessoas, uma diferente da outra.
Veja publicação original: Como explicar igualdade para as crianças?