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‘Coisa Mais Linda’ volta mais densa e mostra que pouca coisa mudou desde 1960

 

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Veja a publicação original:  ‘Coisa Mais Linda’ volta mais densa e mostra que pouca coisa mudou desde 1960

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Racismo, machismo, feminicídio… 2ª temporada da série que estreia nesta sexta (19) na Netflix é mais atual do que você imagina.

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Por Rafael Argemon

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O som pode ser o suave sussurro da Bossa Nova e a cidade ainda é aquele Rio de Janeiro de cartão postal, mas a nova temporada da série brasileira Coisa Mais Linda, que estreia nesta sexta (19) na Netflix, mergulha um pouco mais fundo no lado perverso desse mundo, à primeira vista, idealizado.

Mal a 2ª temporada da produção estrelada por Maria Casadevall, Pathy DeJesus, Mel Lisboa e Larissa Nunes começa, e suas protagonistas já têm de lidar com os traumas de um feminicídio.

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“Coisa mais Linda é uma série de entretenimento, com um visual lindo, mas é bem interessante você poder fazer essa comparação entre uma série que se passa em 1960 e o que vivemos em 2020 e ver que não evoluímos tanto assim em relação a questões como machismo, violência contra a mulher e feminicídio”, diz Mel Lisboa em entrevista exclusiva ao HuffPost.

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“Ainda mais agora, durante a quarentena, em que os casos de violência contra a mulher até aumentaram”, acrescenta a atriz que interpreta a moderna Thereza, que nesta temporada vai mostrar um lado bem mais vulnerável.

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Thereza (Mel Lisboa) se aventura pelas ondas do rádio.

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Tudo ganha mais intensidade nessa nova fase de Coisa Mais Linda. Até a própria reação das protagonistas femininas, que se recuperam dos muitos tombos que levaram no final da primeira temporada juntas, para se reerguer mais fortes.

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“Para a Malu é um momento de retomada. Ela ressurge depois de um trauma, vive uma experiência de coma e vai passar por um processo de resgate. Resgate de quem ela era, do momento que ela estava vivendo, de emancipação, de força, que é brutalmente interrompido por uma ação muito violenta”, explica Maria Casadevall.

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“A partir disso, ela tenta se reconectar com essas forças buscando apoio nessas mulheres, agora com a presença mais forte da Ivone [Larissa Nunes], que cresce exponencialmente nessa temporada”, completa.

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“Para a Malu é um momento de retomada”, conta a atriz Maria Casadevall.

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Ivone, a irmã mais nova de Adélia (Pathy DeJesus) é, realmente, um dos grandes trunfos da 2ª temporada. ″É o momento da Ivone desabrochar. Acho que a Ivone é o retrato de uma juventude durante esse período dos anos 1960 que, apesar de ter de fazer suas escolhas, precisa encarar a vida de um jeito muito mais decisivo. Nessa nova temporada ela ganha um espaço para que o público conheça melhor a história dela e entenda a realidade dela, como uma mulher jovem negra naquela época”, conta Larissa Nunes.

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O racismo, aliás, é uma das questões centrais da trama, que já não precisa mais situar o espectador sobre onde ele está, e não gasta mais muito tempo com aquela visão nostálgica do Rio de Janeiro da bossa nova.

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Ivone (Larissa Nunes) ganha muito mais protagonismo na 2ª temporada.

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“A maior diferença para a Adélia nesta 2ª temporada é que agora ela é a protagonista de sua própria história. Ela não fica mais orbitando em volta de outros personagens. Ela tem sua própria história, seu próprio núcleo. Na 2ª temporada temos um aumento do núcleo negro e isso é muito legal”, diz Pathy DeJesus.

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“A Adélia é um ‘oásis no deserto’ porque a gente sabe muito bem que a realidade para a grande maioria das mulheres negras naquela época não era nada perto daquilo que acontece com a Adélia. Apesar de toda a batalha da Adélia, nós sabemos que ela foi uma mulher ‘privilegiada’ dentro de sua comunidade. Acho, sim, que a gente teve um progresso pela luta dos negros mesmo, conquistado por nós, mas ao mesmo tempo você vê coisas acontecendo hoje que eu, particularmente, fico bem mal”, desabafa.

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“Agora, Adélia é a protagonista de sua própria história”, revela a atriz Pathy DeJesus.

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“Acho muito pertinente a série vir neste momento por conta dos temas que ela discute e reflete. A 2ª temporada começa com o trauma do feminicídio e como isso reverbera ao longo de toda a história. Acredito muito também nessa aproximação das pautas raciais. É muito pertinente esse encontro do momento presente com os assuntos destacados na série, mesmo que ela se passe nos anos 1960”, conclui Larissa Nunes.

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