Saiu no site G1:
Veja publicação original: Cirque du Soleil leva ao Parque Olímpico espetáculo inspirado no empoderamento feminino
Em temporada no Rio, trupe canadense traz pela primeira vez elenco com maioria de mulheres. Brasileira é a palhaça do circo: ‘Ainda é uma profissão muito machista’, diz em entrevista ao G1.
O feminino é a palavra de ordem da turnê pelo Brasil do Cirque de Soleil. Inspirado no empoderamento das mulheres, o espetáculo “Amaluna” abre sua temporada no Rio na quinta-feira (28) e vai até o dia 21 de janeiro. Além da novidade de trazer um elenco com maioria de mulheres – com uma banda 100% feminina –, o circo monta pela primeira vez a sua tenda no Parque Olímpico.
“O Parque Olímpico é um lugar novo no Rio, onde foi investido muito dinheiro. Hoje na cidade é um dos melhores lugares que tem para receber algo tão grandioso quanto o Cirque. Mesmo com a distância, o acesso é bom e é um local amplo onde a gente pode montar todas as áreas necessárias para comportar o evento. O acesso com o transporte público hoje, como aconteceram em outros grandes eventos que a cidade recebeu, facilita bastante”, explica Jean Campos, manager do Cirque du Soleil.
Com montagem original de 2012, o “Amaluna” faz a fusão das palavras “ama”, que se refere a “mãe” em algumas línguas, e “luna”, que significa “lua”. E é nesse clima de família que o espetáculo faz uma viagem por uma ilha misteriosa governada por deusas e propõe um tributo ao trabalho e à voz das mulheres.
“Esse show fala do empoderamento feminino. Foi a forma que o Soleil encontrou de homenagear a todas as mulheres. É um show que é repleto de deusas, que tem uma história romântica e para representar a forma da mulher. É o show das mulheres, como a gente fala internamente. A gente tem que pensar que esse show já tem um tempo e essa ideia de homenagear as mulheres já vem de oito anos atrás, quando o Soleil viu que esse assunto teria que ser levando em consideração”, completa Jean.
A palhaça mulher
Integrante da maioria na trupe, a atriz brasileira Gabriella Argento, de 42 anos, é a palhaça do circo. E cabe ao seu personagem descontrair e desconstruir o estereótipo da mulher no mundo circense.
“No circo tradicional, a figura da mulher é a beleza. Ela está sempre parada ao lado do mágico, do lado do domador de leão, a que está no trapézio. Ela é sempre aquele ícone do inatingível, do símbolo sensual. Então, é importante poder quebrar esse paradigma tantos outros pensamentos machistas”, considera Gabriella.
Já sobre a importância de se falar sobre e promover a representatividade da mulher, Gabriella completa: “Ser palhaça ainda é uma profissão muito machista. Na América do Sul e no Brasil a gente tem muita palhaça mulher e existe um movimento feminino muito forte, com gente muito boa. Mas, mesmo assim, se você pegar a tradição dos números para palhaço eles são feitos para homens. Então, ser mulher, ser palhaça e achar um lugar dentro do maior circo do mundo para mim é incrível. E eu carrego comigo todas as palhaças que estão há cem anos lutando por um lugar ao sol.”
O ex-ginasta e acrobata
Pela segunda vez se apresentando no Brasil, o mineiro e acrobata Gabriel Christo, de 32 anos, celebra seus quase dez anos no Cirque du Soleil com a animação da plateia brasileira.
“Se apresentar no Brasil é incrível, principalmente, porque nenhum público se comporta de maneira tão especial quanto o brasileiro. A gente, enquanto artista, sente essa energia diferente”, conta Gabriel Christo, que era atleta da seleção brasileira de ginástica.
E Gabriel sobe ao palco com mais seis rapazes, que se intercalam em acrobacias no ar e em cima de uma prancha.
“É um momento do show que é mais descontraído. O espetáculo como um todo é mais tenso, mais sério. Até que entramos os seis marinheiros e fazemos acrobacias em uma prancha. E, para tudo dar certo, o grupo tem que estar em uma sintonia muito afinada. Os treinamentos também são muito importantes por isso. Até porque, a maior dificuldade do grupo é manter a sincronia e isso a gente acerta com os treinamentos. E nós somos seis amigos, nos damos muito bem. Isso é muito importante”, explica ele, que sente falta de mais artistas brasileiros em grandes companhias.
“O Brasil não tem falta de talentos, especialmente os atletas de ginástica olímpica que estão migrando para o circo. Mas, existe uma questão um pouco complicado que é o acesso ao treinamento de alto nível. É para poucos. Acaba que, por mais que a gente tenha talentos espalhados por aí, essas pessoas não têm acesso a condições básicas”, finaliza Gabriel.
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