Saiu no site O GLOBO:
Veja publicação original: Carro de mulher saudita é incendiado após fim de proibição de conduzir
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Autoridades sauditas buscam os responsáveis por incendiar o carro de uma mulher na Arábia Saudita, pouco após ter sido levantada a proibição de conduzir imposta às sauditas no reino ultraconservador. Salma al-Sherif, de 31 anos, que mora perto da cidade sagrada de Meca, declarou à imprensa local que seu veículo foi alvo do ataque nesta semana por homens que “se opõem ao direito das mulheres de dirigir”.
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“O incidente está sendo investigado por agentes da segurança”, informou a polícia de Meca em um comunicado divulgado na terça-feira à noite. “Estamos procurando os culpados”.
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As mulheres na Arábia Saudita podem dirigir desde 24 de junho, após décadas de proibição. Mas ainda é pouco. Embora o príncipe Mohamed bin Salman, nomeado este ano como príncipe herdeiro do mais poderoso trono no Oriente Médio, tenha implantado essa e outras mudanças, como permitir o funcionamento de cinemas, o sistema de tutela sobre as mulheres ainda permanece. Graças a ele, mulheres sauditas ainda são subordinadas à vontade de um homem — pai, marido, irmão ou filho — para decisões elementares, como estudar, renovar o passaporte ou viajar para o exterior.
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O país ocupa hoje a 138ª posição, de um total de 144, no relatório 2017 do Fórum Econômico Mundial sobre paridade de gênero. Determinado a tirar a sociedade saudita do seu profundo conservadorismo, o príncipe herdeiro assinou, desde que assumiu, decretos que permitem às mulheres entrar em estádios de futebol, se inscrever na polícia e dirigir. Progressos que a maioria das ONGs, no entanto, considera insuficientes.
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Em 2000, o reino ratificou a Convenção da ONU sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres, o que, em teoria, acabaria com o sistema. Mas somente em 2017 o rei Salman ordenou que as agências governamentais fornecessem uma lista oficial de serviços que exigem a aprovação de um tutor, um passo muito pequeno em direção a uma possível revisão do sistema profundamente arraigado na sociedade. E a repressão continua: autoridades recentemente detiveram mais de uma dúzia de ativistas, acusando-as de “minar” a segurança do país, segundo grupos de direitos humanos.
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