Saiu no site VERMELHO
Veja publicação original: Carnaval anuncia: dias mulheres virão!
.
Espaço da cultura popular, da brincadeira e da irreverência, Carnaval é lugar também de manifestação política e social. É hora de levantar estandartes, mas também de defender bandeiras. Se a luta das mulheres por direitos e liberdade avança em todo o mundo, neste 2019 tornou-se ainda mais relevante na Festa de Momo.
.
Por Luciana Santos
.
A temática do empoderamento feminino esteve estampada em adesivos e slogans; nas agremiações e nas campanhas institucionais; mensagens e posturas; entre anônimos nas ruas e famosos em cima de palcos e trios elétricos.
.
O debate sobre o feminismo contagiou da Marquês de Sapucaí ao Galo da Madrugada. Questões como combate ao assédio sexual, respeito ao corpo e à liberdade das mulheres viraram pauta de Carnaval, dando origem a blocos como Nem com uma flor e Vaca Profana.
.
Trata-se de um debate que tenho orgulho de ter incentivado. Quando fui prefeita de Olinda, trabalhamos para reprimir o assédio, enfrentando uma prática que vinha se tornando comum, o “corredor do beijo forçado”.
.
Neste primeiro Carnaval após a aprovação da Lei da Importunação Sexual, o combate ao machismo e a essas práticas tem sido cada vez mais um assunto corrente, que se reflete em ações de governo. Frases como “Não é não” invadiram a festa, reiterando o que deveria ser óbvio. A Prefeitura do Recife lançou seu “Pequeno manual prático de como não ser um babaca no Carnaval”, que viralizou nas redes sociais e resultou na redução de denúncias.
.
Nós, mulheres, somos a maioria da população, mas ainda nos encontramos em uma clara situação de desigualdade na sociedade. Neste momento em que um governo federal retrógrado trabalha para retirar direitos do povo, somos a parcela mais afetada.
.
Nos dias de Momo, uma faixa na Rua do Bonfim, em Olinda, estampava o trocadilho: “dias mulheres virão”. Como primeira mulher a ocupar a vice-governadoria de Pernambuco, posso dizer que o nosso bloco já está na rua contra a opressão e em defesa da equidade. O Carnaval – espaço de luta e de fala – mostrou que somos e seremos resistência.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.