Saiu no site BRASIL DE FATO
Veja publicação no site original: Campanha monitora violência política de gênero contra mulheres
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Iniciativa parte de deputadas federais e deverá colher denúncias vindas de todo o país
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Por Cristiane Sampaio
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A luta feminista nos espaços de articulação política conta agora com um importante reforço: os casos de violência política contra mulheres passaram a ser registrados pela Câmara dos Deputados por meio do serviço “Fale Conosco”, vinculado institucionalmente à Casa.
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A iniciativa é parte da campanha “Uma letra muda todo o contexto”, promovida pela Liderança da Minoria, em parceria com a Secretaria da Mulher e a Primeira-Secretaria da Câmara. A ideia é registrar casos de constrangimento ou punição impostos a mulheres durante sua atuação política. O recebimento das denúncias começou na última quarta-feira (11), no lançamento oficial da campanha, e passa a ser permanente.
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“Essa não é uma campanha partidária, de frente ou bancada. É uma campanha da Câmara dos Deputados, que vai permanecer nas redes de comunicação da Casa. Essa violência alcança todas as mulheres que buscam protagonizar o espaço político e, no ano que vem, que é um ano eleitoral, pode alcançar ainda mais mulheres que querem se colocar nas disputas. Nós sofremos nas candidaturas e, se nos elegemos, sofremos ainda mais. Precisamos reagir a isso”, argumenta a líder da minoria, Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
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A novidade se destina a ocorrências no âmbito do Poder Legislativo e em órgãos públicos dos diferentes níveis de poder, mas se estende também a outros espaços onde a violência ganha corpo. Esse é o caso dos ambientes relativos às candidaturas femininas, que vão desde os partidos políticos aos diversos espaços onde as campanhas interagem com o eleitor.
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Com as próximas eleições municipais já em vista, a campanha deve servir como um radar para que a Câmara e o movimento de mulheres monitorem ações de violência política.
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Para a deputada Maria do Rosário (PT-RS) a ação é particularmente importante até o período eleitoral, pois passa o recado de que “sem as mulheres e sem o respeito devido, não há democracia”.
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O diretor-executivo da Secretaria de Participação, Interação e Mídias Digitais (Semid) da Câmara, Jorge Paulo, conta que é “imensurável” a quantidade de ofensas que chegam todos os dias pelos canais virtuais da instituição e são dirigidas a deputadas.
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Com o lançamento da campanha, a secretaria espera incluir o debate sobre o tema nas mais diferentes atividades institucionais da Casa, principal ponto de circulação de pessoas no Congresso Nacional.
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“Quando a gente tem uma visitação institucional na Casa, por exemplo, é interessante levar esse tema. A campanha vai alertar pra esse tipo de comportamento e conscientizar [as pessoas] para o fato de que ele está sendo reproduzido por uma questão cultural”, afirma.
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Representatividade
As organizadoras apontam que a baixa representatividade feminina na política também ajuda a endossar o contexto de violência contra elas nos espaços de poder. Um estudo feito pela União Interparlamentar com deputadas de 39 países identificou que 81,8% das entrevistadas já haviam sofrido violência psicológica no exercício do trabalho, enquanto 44,4% delas relataram casos de ameaça.
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Cerca de 25% das mulheres ouvidas disseram também ter sido alvo de violência política dentro do parlamento. Para 38,7% do total de entrevistadas, esse tipo de violência dificultou as ações dos seus mandatos e a sua plena liberdade de expressão.
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Conforme a campanha lançada pela Câmara alcance maior popularização, as lideranças políticas envolvidas na criação do movimento esperam promover maior reflexão sobre o tema, incentivando homens e mulheres de todas as gerações a reverem conceitos culturais que subjugam a figura feminina, em especial quando se trata da ocupação dos espaços de poder.
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“Há um trato velado do preconceito que existe, até para tratar da questão de gênero. Alguns temas viraram tabu e você não pode abordar sequer na escola. Essa campanha pretende dar voz, mostrar o que precisa ser enfrentado pelo nosso país, inclusive a violência que, muitas vezes, nós mulheres praticamos com outras mulheres. É preciso falar a respeito de tudo isso”, defende a secretária da Mulher da Câmara, deputada Dorinha Seabra Rezende.
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Canal
A campanha será permanente e ficará responsável pelo encaminhamento das denúncias, que deverão ser repassadas aos órgãos competentes para apuração de cada caso. De acordo com o conteúdo e o tipo de ocorrência, os relatos podem ser encaminhados para o Ministério Público, para as polícias ou outras instituições.
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As denúncias devem ser feitas de forma virtual e não exigem identificação, permitindo o anonimato para aqueles que prefiram não se identificar. O link para oficialização da denúncia é o https://camara.custhelp.com/app/utils/login_form/redirect/home
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