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Brasileira morta na Inglaterra temia que ex-marido “sumisse com os filhos”

Saiu no site UNIVERSA

 

Veja publicação original:  Brasileira morta na Inglaterra temia que ex-marido “sumisse com os filhos”

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Por Mariana Gonzalez

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RESUMO DA NOTÍCIA

  • Aliny Mendes, de 39 anos, foi assassinada a facadas na última sexta-feira (8)
  • O principal suspeito é o ex-marido, o brasileiro Ricardo Godinho, que está preso
  • O crime aconteceu em Surrey depois que a vitima deixou três filhos mais velhos na escola; a caçula de três anos estaria no colo da mãe
  • Agora, a família luta para enterrar o corpo no Brasil e repatriar as quatro crianças

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Antes de ser assassinada a facadas em Surrey, na Inglaterra, a brasileira Aliny Mendes, de 39 anos, temia que o ex-marido, Ricardo Godinho, fizesse mal aos quatro filhos do casal para atingi-la. “Ele era usuário de drogas, tinha depressão e nutria um ódio muito grande contra ela”, disse à Universa Karina Silviano, amiga de Aliny e primeira mulher de Godinho, que está preso e é o principal suspeito pela morte da brasileira.

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Logo após a separação, em dezembro, Aliny pediu uma medida protetiva contra o ex-marido, que ficou proibido não só de se aproximar dela, como de ver os filhos. Segundo a polícia local, a caçula, de 3 anos, estaria com a mãe no momento do crime.

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“Ele era dependente químico. Quando estava sob efeito de drogas, costumava fazer ameaças, inclusive de morte. Ele fazia o mesmo comigo, quando vivíamos juntos, mas nunca encostou um dedo em mim. Nosso maior medo (meu e dela) era que ele sumisse com as crianças para vê-la sofrer”, conta Karina, que viveu com o suspeito durante sete anos, antes do relacionamento com Aliny.

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Ainda de acordo com a amiga, Ricardo teria relatado estar com depressão em decorrência do afastamento dos filhos e da falência da empresa de reparos e pequenas reformas que mantinha na Inglaterra. “Ele tinha muitas dívidas e não sabia o que fazer. Chegou a me dizer que cedo ou tarde seria preso”, lembra.

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A ex e a atual companheira de Godinho se aproximaram quando o filho que Karina teve com ele, hoje com 21 anos, foi viver com o pai e a madrasta na Inglaterra, entre os 7 e os 9 anos. Na adolescência, o menino voltou a passar uma nova temporada no país, aos 18 anos. “Aliny cuidava dele como se fosse [filho] dela. Era uma pessoa maravilhosa e, por isso, nos tornamos amigas. A última vez que conversei com ela foi na quinta-feira (8) [véspera do assassinato]”.

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A família da vítima vive em Belo Horizonte (MG) e, agora, terá que arcar com as despesas do translado do corpo de Aliny, cuja liberação está prevista para daqui a 30 dias. “Estamos tentando agilizar para que a mãe dela, que tem uma série de problemas de saúde, possa velar”.

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Para ajudar a trazer o corpo de Aliny para o Brasil e arcar com as despesas da adoção, evitando que as crianças sejam separadas, amigos e familiares organizaram uma arrecadação coletiva na internet. “Ajude-nos a repatriar Aliny e seus filhos. Teremos uma batalha enorme pela frente”, diz o documento, que ganhou versão em inglês e em português.

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As crianças

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Com a morte da mãe e a prisão do pai, as quatro crianças — que têm entre 3 e 12 anos — estão sob tutela do governo, vivendo em um abrigo. Karina explica que algumas amigas de Aliny na Inglaterra “que eles tratavam como tias” tentaram acolhê-las, mas, nesta situação, apenas familiares maternos podem ter acesso aos menores.

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Nesta segunda-feira (11), dois dos três irmãos de Aliny embarcaram para Surrey. Segundo Karina, apenas o mais velho sabe o que aconteceu e caberá aos tios contar aos mais novos sobre a morte da mãe.

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Como duas das crianças são brasileiras e duas são inglesas, a adoção deve ser ainda mais complicada — “a família depende do dinheiro arrecadado para arcar com um advogado experiente no assunto”, conta Karina. “Além disso, terão altos gastos com tratamento psicológico, especialmente para o mais velho, que sabia das ameaças do pai contra a mãe, e para a caçula, que estava com a Aliny na hora do crime”, explica a amiga da vítima.

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A história

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Universa conversou com Pedro*, um brasileiro que foi vizinho de Aliny e Ricardo no início dos anos 2000, quando o casal se mudou para Londres e viveu na região de Lancaster Gate, no centro da cidade.

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Segundo Pedro, os dois já eram casados quando saíram do Brasil, mas ainda não tinham filhos. “A comunidade brasileira na Inglaterra é muito unida e, por isso, a gente se ajudava muito. Ele não parecia violento e o casamento parecia tranquilo, os dois eram muito unidos”, disse, em entrevista, lembrando a relação há mais de 15 anos.

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Pedro lembra que, quando conheceu Aliny, o plano da família era viver na Inglaterra durante alguns anos e ganhar algum dinheiro para investir no Brasil. “O plano era voltar, mas acabaram criando raízes”, disse.

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O primeiro filho do casal, hoje com 12 anos, nasceu na Inglaterra. Segundo Karia Silviano, Aliny e Ricardo voltaram para o Brasil e tiveram os dois filhos do meio aqui, de 5 e 8 anos. A caçula, que viu o ataque contra a mãe na sexta-feira (9), nasceu na Inglaterra, onde a família vive ininterruptamente desde 2014.

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“Mesmo depois do divórcio, sozinha com quatro crianças, a Aliny não pensava em voltar para o Brasil, dizia que se sentia mais segura lá. Ela temia que, se a família morasse aqui, o Ricardo pudesse fazer alguma violência contra ela”, revela a amiga da vítima.

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*Nome alterado a pedido da fonte

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