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Desde que a Netflix passou a disponibilizar a seus usuários o Top 10 de produções mais assistidas na plataforma, um gênero em especial se mostrou particularmente popular: o thriller policial. Sejam obras ficcionais ou séries documentais, as tramas que retratam crimes são queridinhas do público do mundo todo, incluindo, é claro, o brasileiro. Só que, infelizmente, essa realidade não se traduz na produção audiovisual nacional.
Os exemplos de séries brasileiras desse gênero, como Bom dia, Verônica, que estreia na Netflix nesta quinta (1º), são tão poucos, que fica até difícil compará-los a outras produções nacionais semelhantes.
“Ouvia muito isso quando comecei a escrever: ‘Literatura policial não tem no Brasil. Isso não existe’. Haviam poucos autores dedicados ao gênero. E quando eu comecei a trabalhar como roteirista, fazendo novela ou séries como colaborador, eu também escutava a mesma coisa. Eu tinha muito claro que ao escrever minhas histórias, estava ajudando a criar um imaginário brasileiro para histórias desse gênero. A gente tem a ideia de que o Brasil é um país solar, alegre, e que, por isso, não há espaço para thrillers por aqui. Mas há, sim”, conta o criador, roteirista e produtor-executivo de Bom dia, Verônica, Raphael Montes.
Quando Bom dia, Verônica foi lançado, em 2016, muitos fãs de literatura policial se perguntaram quem seria Andrea Killmore, uma desconhecida autora que já demonstrava tanto talento logo em seu livro de estreia.
O mistério durou alguns meses até que o próprio Raphael Montes indicou que ele e a criminóloga Ilana Casoy – famosa por seus livros sobre serial killers brasileiros – estavam por trás do projeto. Os dois se conheceram em um evento literário em Minas Gerais e daí surgiu a ideia de unir as habilidades de contador de histórias dele com os minuciosos perfis psicológicos feitos por ela.
“No começo da minha carreira, quantas vezes eu ouvi de policiais que serial killer era coisa de americano, que aqui isso não existia. Usar nossos símbolos regionais com esse tipo de história mexe com a cabeça das pessoas porque elas podem estar vendo ali seu vizinho, amigo, pai, tio, avô… Os serial killers existem em qualquer realidade. Aqui também tem. Há alguns aspectos diferentes, mas, tecnicamente, a estrutura é a mesma, porque no mundo inteiro a dinâmica da mente humana é a mesma. Mas, obviamente, os aspectos culturais são diferentes. O da Sibéria nunca será igual ao da Bahia”, conta Ilana.
Quando escreviam o livro a quatro mãos, Raphael até brincou com Ilana de que ele viraria uma série, e não demorou muito para que a piada se transformasse em realidade. “Fiquei muito feliz em 2017 quando recebi um convite da Netflix indicando que eles queriam um thriller brasileiro que engajasse o espectador. Logo indiquei uma adaptação de Bom Dia, Verônica porque sempre tive certeza que a nossa história seria perfeita para ser transportada para esse formato. É uma série que as pessoas vão maratonar porque tem virada o tempo todo.”