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Ausência feminina na lista de melhores médicos de SP provoca reação

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Veja publicação original: Ausência feminina na lista de melhores médicos de SP provoca reação

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Por Marcos Candido

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Maioria entre recém-formados e 45,6% dos médicos em atividade no país, médicas ficaram de fora da seleção de melhores especialistas médicos da cidade de São Paulo do Datafolha e publicada no último sábado (21). A lista foi feita por indicação dos próprios médicos. Mas a ausência delas causou debate nas redes sociais.

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O levantamento, realizado a pedido da revista sãopaulo, do Grupo Folha, do qual faz parte o UOL e o Datafolha, foi baseado na indicação das maiores referências para 822 especialistas da capital. Ao final da pesquisa, foram eleitos 27 homens, mas nenhuma mulher.

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De acordo com a análise da própria revista, o perfil dos eleitos é de homens, média de 69 anos, branco, com atuação em pesquisas, líder em associações médicas e também professor em escolas de medicina de renome.

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Segundo o Datafolha, 66% dos entrevistados foram homens e 34% mulheres. O perfil dos entrevistados variou de acordo com a especialidade, segundo o instituto. Na ortopedia, por exemplo, elas eram 6% dos respondentes; 22% na cardiologia; 43% na ginecologia/obstetrícia; e 52% entre os pediatras.

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Apesar da lista de excelência sem elas, o censo Demografia Médica no Brasil 2018, publicado em março deste ano pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), mostra que distância no número de médicos homens e mulheres diminui a cada ano. A conclusão dada pelo estudo é de que a área se torna cada vez mais feminina, seguindo uma tendência mundial.

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Hoje, eles ainda são maioria, mas não líderes isolados: 54,4% dos 414.831 profissionais em atividade em 2017 no país são homens; elas, 45,6%. Médicas representam 57,4% dos profissionais da área com até 29 anos e 53,7% na faixa de 30 a 34 anos em todo o país, conforme revela o censo. Entre médicos com 65 a 69 anos, faixa que foi revelada como a favorita na capital, elas representam apenas 28,3%.

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Segundo o Cremesp (Conselho Regional de Medicina de São Paulo), atualmente existem 34.830 médicas registradas somente na cidade de São Paulo, onde o levantamento foi feito. No estado, foram 62.318 registros.

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Com a palavra, elas

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A ausência de mulheres no ranking gerou críticas nas redes. “O que vejo é que entre os colegas é que há, sim, discriminação. Felizmente, não entre os pacientes”, diz uma médica que intitula cardiologista. “Isso desanima até a mim, que sou apaixonada pela profissão”, escreveu uma médica e pesquisadora.

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Para Mariana Perroni, médica intensivista dos principais hospitais da capital paulista e também ativista médica influente na rede, o resultado é um “paradoxo” e demonstra ainda falta de reconhecimento.

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“É uma classe historicamente de homens, mas nós já sequenciamos genomas, nos tornamos especialistas, somos a maioria dos novos médicos e ainda temos que discutir assuntos como falta de reconhecimento e de mulheres em cargo de liderança médica”, afirma. Ela diz presenciar um tratamento diferenciado desde a formação. “Na faculdade, já ouvi de professor: dobra essa gaze direito. Ele me disse ‘Como você quer se casar se não sabe dobrar uma gaze?’”, relembra.

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A médica cardiologista Juliana Giorgi, que  trabalha no hospital Sírio Libanês e é uma das únicas cardiologistas do país que domina a técnica da implantação do coração artificial, não se surpreende. Para ela, ainda há poucas mulheres em cargos de liderança em associações médicas.

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“Acho que outro médico sempre acaba pensando em outro médico em primeiro lugar em vez de uma mulher. É uma bagagem cultural. Lembro que desde a época da faculdade eu tinha professoras que recebiam pouco destaque”, explica a doutora que, entre outros feitos, é membro de uma equipe que ajudou a modernizar o transplante artificial de coração no País.

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A pesquisa

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Em nota, o Datafolha diz: “Para a pesquisa, trabalhamos com listas de médicos da cidade de SP que o Datafolha possui. Os nomes dos entrevistados são sorteados, ou seja, a escolha é aleatória dentro do banco de nomes. O conteúdo da pesquisa pertence à Folha [do Grupo Folha, do qual faz parte o UOL] que ainda está trabalhando com esse material, por isso não disponibilizamos o conteúdo em nosso site”.

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