Saiu no site CAMPO GRANDE NEWS
Vanessa descreve em 4 minutos como própria polícia não deu alternativas senão ela voltar para onde foi morta
No áudio, ela relata que foi atendida de forma fria pela delegada, que o noivo estava sendo protegido e que foi mandada de volta sem apoio. No mesmo dia, no fim da tarde, ela foi assassinada. Vanessa chegou a ser resgatada, mas morreu por volta das 23h55 de quarta-feira (12), depois de passar por cirurgia no Hospital da Santa Casa de Campo Grande. O autor do feminicídio está preso.
O Campo Grande News teve acesso a um áudio de quatro minutos em que Vanessa explica como foi atendida na Delegacia da Mulher. Está claro que ela não tinha segurança em voltar ao local com Caio presente, conta que estava pensando com amigo, o também jornalista Joilson Francelino, o que fazer. Foi justamente Joilson que estava com ela no momento do crime e que quase foi morto por Caio também.
“Eu fui falar com a delegada e explicar toda a situação. Ela me tratou bem fria, seca, toda hora me cortava. Eu queria ver o histórico da pessoa [Caio] e falou para mim que não podia passar”. Na sequência, a delegada teria dito que Vanessa já sabia dos históricos de agressões de Caio.
Depois, Vanessa relatou à delegada que Caio mandava mensagens informando que conversava com o sogro e que não conseguia falar com ela. Conforme a fala, Vanessa estava há dois dias fora de casa, sem tomar banho. Nisso, a delegada disse: “Então vai para a sua casa, você já avisou ele, manda uma mensagem falando para ele [Caio] deixar a casa.”
Vanessa ao lado do autor do feminicídio, Caio Nascimento (Foto: Redes Sociais)
Vanessa, na sequência, lamentou que a Deam não entendeu a dimensão da situação e que Caio já tinha dito que só sairia de casa com a polícia. “Mas de qualquer forma, eu vou ter que ir lá na casa”. Além disso, em áudio, Vanessa diz que a medida protetiva ainda não pôde ser assinada porque depende de um mandado judicial.
No final, Vanessa cita que está decepcionada e esgotada mentalmente. “Eu estou me sentindo culpada, porque eu fui registrar o BO [boletim de ocorrência]. Eu estou bem impactada com o atendimento da Casa da Mulher Brasileira. Eu que tenho toda a instrução, escolaridade, fui tratada dessa maneira, imagina uma pessoa, uma mulher vulnerável lá. Essas que vão para a estatística do feminicídio”.
Vanessa Ricarte foi a segunda vítima de feminicídio em Mato Grosso do Sul no ano (Foto: Redes Sociais)
O que é relatado por Vanessa no áudio desmente totalmente o que foi dito pela delegada titular da Deam, Elaine Benicasa e pela adjunta, Analu Ferraz, na quinta-feira (13), em entrevista coletiva. As duas enfatizaram em 20 minutos falando à imprensa que foi dado todo suporte à Vanessa, mas que ela não teria aceitado e que decidiu ir por conta própria à casa. “Às vezes, a gente não acredita na potencialidade do agressor ou a gente não imagina que isso vai acontecer com a gente. Todo agressor de violência doméstica é um potencial feminicida”, disse Analu na ocasião.
Áudio da jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, enviado a um amigo após ser atendida pela Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) mostra que a própria polícia induziu ela a voltar para casa onde foi brutalmente assassinada com três facadas no peito pelo ex-noivo, Caio Nascimento nesta quarta-feira (12).