Saiu no site REVISTA MARIE CLAIRE
Veja publicação original: Atrizes se unem em ensaio empoderador: “Liberdade e igualdade”
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Por Felipe Carvalho
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Desde que O Tempo Não Para começou a dar seus primeiros passos no horário das 7, Mario Teixeira apresentou um texto empoderado, cheio de críticas à sociedade e, principalmente, tocando fundo na ferida do preconceito racial. Para celebrar um momento tão histórico, Lucy Ramos uniu suas colegas de elenco Cris Vianna, Aline Dias, Juliana Alves e Olívia Araújo para fechar o ciclo da novela com um ensaio exclusivo para a Marie Claire.
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Lucy, por exemplo, está radiante com o resultado de sua personagem, a advogada Vanda, que mostrou em 155 capítulos que a mulher negra pode ser sim uma profissional de sucesso. Ela salienta o brilho e competência dessa geração de atrizes negras que estão fazendo a diferença na telinha.
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“Apesar de alguns dos papéis interpretados terem relação direta com o período da escravidão no Brasil, houve espaço para a reflexão sobre liberdade e igualdade. Hoje nos consideramos mais livres, conseguimos expor o que pensamos e comemoramos cada pequena conquista dos nossos direitos. Com competência e disposição, queremos dar um sentido positivo à expressão: ‘a coisa está ficando preta’. E se depender dessas cinco mulheres, dessa força e união, o novo sentido já está valendo”, afirma.
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Aline Dias, que está com 27 anos, cresceu sem muitas referências de negras de sucesso e interpretou uma ex-escrava que se descongelou em pleno século 21 e se tornou uma chef de cozinha.
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“Estou com um sentimento de satisfação e amando viver esse tempo em que as mulheres finalmente se uniram e estão dando voz a vários assuntos pertinentes, que antes nos calávamos. Continuar o trabalho representando tantas meninas ao lado de grandes atrizes só me faz olhar para trás e agradecer a atrizes negras que lutaram para abrir nossos caminhos. Zezé Motta, Dona Ruth, Dona Chica, Taís Araújo… graças a Deus, estamos em um número maior, nos fortalecendo e lutando para não sermos exceções”, fala.
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Olívia Araújo, que já tem 7 novelas no currículo, além de séries e filmes, acredita que falta oportunidade para estas mulheres. Ela comenta que existe uma geração de atores talentosos, no teatro e no cinema, que vem chegando com mais força à TV.
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“Estamos pouco a pouco quebrando os estereótipos e sendo colocados como de fato é a realidade, sendo inseridos dentro da sociedade. Só assim veremos atores negros interpretando personagens diversos, de empregados domésticos a médicos, de cientistas a ambulantes, bandidos a delegados, advogados a professores, enfim retratando o que é o dia a dia. Acredito que desta forma, quando tivermos que contar histórias de época em que éramos escravizados, o entendimento também será outro, afinal viemos buscando ao longo de séculos caminhos que para sejamos contemplados ou até mesmo julgados pela nosso competência e talento, não pelo gênero ou raça. Afinal, independe da raça, somos apenas pessoas em evolução”, discursa ela que interpretou a ex-escrava Cesárea que se tornou milionária.
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Já Juliana Alves declara que, apesar de vivermos um momento cheio de incertezas e ameaças a direitos fundamentais, ainda consegue ser otimista com o futuro das crianças do país.
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“Procuro entender cada vez mais como posso contribuir para as causas que acredito. Espero, desejo e luto por um futuro que garanta educação digna para as crianças, onde se possa ter o exercício de pensamento crítico acerca do que vivenciamos no dia a dia, sem medo de nos expressarmos. Espero que elas nunca abram mão de respeitar e serem respeitadas, que se sintam potentes e capazes de contribuir para uma sociedade mais justa. Desejo que a nova geração cresça amando as riquezas naturais do nosso país, vivenciando nossa cultura e respeitando as diferenças.”
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Por fim, Cris Vianna endossa o discurso de suas colegas e lembra que o combate ao machismo também é uma luta diária que não pode jamais ser esquecida.
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“Tenho certeza que aqui no Brasil a consciência de que o machismo foi prejudicial ao crescimento de várias formações familiares, profissionais e ainda muito forte em relação às mulheres. Mas muitas delas, incluindo a mim, estamos caminhando para mudar isso com consciência desse processo no pessoal e no coletivo”, pontua.
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