Saiu no site UNIVERSA
Veja a publicação original: “Até ela tá namorando?!” você já entrou nessa pira errada?
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Outro dia tava indo dormir plena, depois de um dia minimamente equilibrada (o que em tempos quarentênicos é um luxo, convenhamos) e resolvi dar aquela última olhadinha no stories pra ver o que tava acontecendo com a vida dos outros. Bastaram 45 segundos (exatos três stories de uma conhecida minha) pra todo meu equilíbrio ir por água abaixo e eu me peguei num misto de impotência, inveja e raiva do mundo, frutos de uma pira completamente errada: Até ela tá namorando e eu não?
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A tal conhecida minha era uma amiga de colégio que eu tinha reencontrado no começo do ano. Na época ela me contou que tinha acabado de separar e tava estava no puro perrengue: dois filhos pequenos, briga por conta de pensão com ex-marido traste, sem libido, zero vontade de sair e conhecer gente nova… sensação de que olhar de novo pra vida amorosa só ia rolar em 2025. E eis que eu vejo os tais stories dela maravilhozona, quarentenando com um fulano. Sim ela, que falou que não tava saindo, que tinha horror a app de paquera, que não queria ser apresentada pra ninguém, em dois ou três meses conheceu um cara, engatou um namoro e já tá vivendo dias de isolamento bucólico no sítio do cara. Ela, os dois filhos, o cara, os dois filhos dele e um golden retriever (mais comercial de margarina família pós moderna feliz, impossível). O que eu deveria ter pensado? “Que ótimo que ela tá bem, que a vida seguiu… que bom pra ela!”. Afinal sou super do time sororidade. Mas o que eu me peguei pensando? “Não é possível!!! Até ela!! E eu aqui há seis anos nesse limbo da solteirice sem passar do terceiro date?! Sim, nessa hora eu era a pura inveja da montanha. Eu sei que tá tudo errado, por isso resolvi escrever esse texto. Admitir esses sentimentos terrivelmente humanos é o primeiro passo pra gente mudar né?
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A pura competição feminina inconsciente
Fiquei pensando o quanto a competição feminina não é a raiz de toda essa pira errada e como a gente aprende esse modus operandi já na infância. A tal lavagem cerebral da Cinderela. Como se fôssemos todas gatas borralheiras esperando pra ver qual é o pé que cabe no sapatinho do tal príncipe encantado, como se isso fosse significar a felicidade e a completude na vida. É claro que a gente sabe que não é assim. Mas vai explicar pro meu inconsciente pós stories! E essa pira da Cinderela traz um senso de escassez bizarro. Como se o fato dela estar namorando fosse me dar menos chances de eu achar alguém pra namorar. Em nenhum momento eu quis o namorado dela, juro! Mas vem uma pira “fim de festa” sabe? Do tipo, todos os caras legais se arranjaram (olha minha projeção, eu nem sei se o tal namorado dela é legal… só conheci ele por 45 segundos!) e eu vou sobrar no canto dançando com a vassoura.
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Muito além do “o que ela tem que eu não tenho?”
Quando a gente fala em competição feminina parece que estamos nos comparando umas com as outras. Mas muitos anos de análise me fizeram ver que essa rivalidade pode ter nuances mais perversas. Quando vi o tal instagram feliz a minha pira não foi “o que ela tem que eu não tenho?”, a questão não é com ela, é comigo! Ou seja, passei horas fritando na cama num combo de duas piras: “o que eu to fazendo de errado?” e “por que todo mundo passa de fase menos eu?”
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Como joga esse videogame?
Acompanhem minha loucura: Se eu que tô com tempo disponível, que tô nos aplicativos, que tô paquerativa, não engato um romancinho há meses e ela que estava totalmente fechada já engatou um relacionamento, alguma coisa eu estou fazendo de errado pra não estar passando de fase. Pois é, por que nessa pira você começa a achar que a vida é um videogame e que existe uma espécie de macete pra você passar de fase. Como se você tivesse que pular no cogumelo vermelho, apertar a nuvem azul, dar uma dupla cambalhota e segurar a estrela dourada para que um novo portal se abrisse. E revendo minha vida amorosa comecei a achar só tenho pisado em merda e no céu do meu game nada de estrelas, só crush lixo. Ou seja, se a vida da tal conhecida é um “Super Mario Bros 3” (tô entregando minha idade, eu sei rs), a minha tá mais pra um remake mal feito do “porta dos desesperados” do Sérgio Malandro.
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Nessa hora abri minha “porta da desesperada” e as nóias se multiplicaram em progressão geométrica: Será que eu deveria fazer constelação familiar, regressão, banho de ervas? Será que eu estou falando demais da minha vida? Será que eu estou falando de menos? Será que eu estou procurando nos aplicativos errados? Será que eu devia ficar amiga dos amigos dos novos namorados dessa menina pra ver se eles não apresentam pessoas legais?
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Eis que surge um lapso de consciência!
Acorda Carolina!! Não tem macete de cogumelo nenhum. A vida não é um videogame. Quem disse que ela “passou de fase” e eu não, só porque eu não mudei o meu status no Facebook? Durante esses mesmos cinco meses que ela juntou os trapos, eu passei de tanta fase interna: estou meditando todo dia, comecei estudar psicanálise, tô expert em fazer lasanha de escarola, espinafre e abobrinha (juro que é muito bom!)… Tudo bem, ela tá namorando e eu não. Pode ser que um dia eu também venha a namorar. Enquanto isso, minha vida não é “menos” só por que não tenho um “+1”.
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Vibrando na abundância
Nessa minha “passada de fase” rumo à meditação diária, fiz o ciclo de 21 dias da abundância do Deepak Chopra e ele fala muito sobre como temos que nos desapegar desse senso de escassez que pauta quase tudo nas nossas vidas. Chega de achar que existem poucos boys namorativos no mundo. As pessoas não vão acabar, o portal mágico rumo aos relacionamentos saudáveis não vai se fechar depois das 11:11 e quem não passou ficará preso pra sempre na terra do “Caverna do Dragão” (sim, sou de 84).
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O namoro da minha tal conhecida em nada interfere na minha probabilidade de conhecer alguém. Pelo contrário, só reforça que mulheres incríveis podem recomeçar a vida quantas vezes quiserem, e sempre poderão se dar novas chances para serem felizes. Com, ou sem alguém.
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