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Veja publicação original: As talentosas pintoras impressionistas esquecidas pela história
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Por Cath Pound
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A francesa Berthe Morisot (1841-1895) e a americana Mary Cassatt (1844-1926) foram figuras importantes do movimento impressionista, respeitadas por colegas e críticos de arte. A primeira, aliás, uma das fundadoras do grupo, foi um dos espíritos mais aventureiros do período, com experimentos revolucionários do conceito de “acabado” e “inacabado” em sua pintura, além de seu enigmático retrato da mulher parisiense. Enquanto isso, Cassatt foi a única americana a ter telas exibidas junto às de seus colegas impressionistas homens. Suas singulares interpretações modernistas de temas tradicionais, como a mãe e a criança, trouxeram-lhe reconhecimento internacional.
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Mas a natureza radical de Morisot e o trabalho de Cassatt foram frequentemente ignorados por críticos que não conseguiam ir além do sujeito “feminino”. Posteriormente, historiadores da arte iriam descartá-las como figuras “secundárias” no movimento. Neste ano, duas grandes exposições, no Musée National Des Beaux-Arts Du Québec, no Canadá, e The Musée Jaquemart André, Paris, tentam corrigir isso.
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A francesa Berthe Morisot estava no centro do movimento impressionista. O pintor Édouard Manet (1832-1883) era um admirador de seu trabalho e foi quem a convidou a se juntar a eles. Ela foi casada com seu irmão, Éugene. Mesmo antes de entrar para o grupo dos impressionistas, ela tinha criado representações altamente inovadoras da mulher moderna.
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Dois de seus mais celebrados trabalhos, O Berço (1872) e Interior (1872), revelam sua capacidade inata de mostrar “a complexidade dos seres humanos”, diz a curadora Nicole R. Myers. Há um senso de ambiguidade que permanece ao longo do seu trabalho. A mãe olha fixamente para seu filho de uma maneira que poderia denotar cansaço, tédio ou até arrependimento. A incrível figura da mulher retratada na tela Interior tem uma expressão igualmente difícil de ler, deixando uma sensação de que “há mais do que os olhos dizem”, diz Myers.
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Como parte do grupo dos impressionistas, Morisot começou a pintar a seu próprio conceito de A Parisiense. A ideia de mulher elegante “estava sendo formulada na época, e Paris era vista como a epítome da modernidade”, afirma a curadora. “Então, se você está defendendo um conceito como uma grande pintora moderna, como Morisot era, o assunto em si era realmente contemporâneo e novo.”
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Usando pinceladas soltas e gestuais, ela dá a suas mulheres uma profunda presença psicológica, seja lendo, vestida para um baile ou arrumando-se. Elas são geralmente retratadas de uma janela ou sacada como se estivessem na iminência de uma descoberta ou nova possibilidade. “Ela era obcecada com a passagem do tempo, essa visão da vida que você não consegue entender”, diz a co-curadora Sylvie Patry.
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Ao final dos anos 1870, Morisot foi reconhecida na imprensa por seu papel central no impressionismo, mas sua estética inovadora era vista como resultado de sua “visão feminina”. Enquanto as pinturas de seus colegas homens eram aclamadas como originais ou vigorosas, as dela eram consideradas charmosas, graciosas ou delicadas.
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A partir dos anos de 1880, suas composições eram frequentemente influenciadas pelo rococó, escola que estava vivendo um renascimento na França naquele momento. Ela pegou aspectos como matizes em tons pastel ou representações da feminilidade sensual, adaptando-os e modernizando-os de tal forma que seu material de origem é pouco evidente. Em Diante do Espelho (1890), em que uma mulher seminua arruma o cabelo, ela transforma o que teria sido uma cena excitante no século 18 em uma exibição virtuosa de cor e técnica.
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Mas foram seus experimentos com conceito de “acabado” e ” não acabado” em sua pintura que mostraram que “ela era uma das mais audaciosas, aquela que realmente ultrapassou barreiras”, diz Patry. Em Mulher Lendo em Cinza (1879), a figura quase se dissolve no plano de fundo e as bordas são deixadas incompletas.
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Em razão disso, ela era fortemente criticada, e muitos enxergavam suas surpreendentes inovações como uma fraqueza de seu gênero. Mas seus colegas não tinham dúvidas. Um ano após sua morte precoce em 1985, eles organizaram o que continua a ser a maior retrospectiva de seu trabalho até hoje e um tributo justo ao talento dela.
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Mulher moderna
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A americana Mary Cassatt foi uma pintora com uma incansável crença em suas habilidades, que eram igualmente eficazes em desafiar as convenções. Seus sucessos precoces na exibição parisiense Salon poderiam ter lhe garantido uma lucrativa carreira em casa, mas, junto a outros artistas americanos em Paris, ela se deixou levar pelo espírito livre dos impressionistas.
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O pintor Edgar Degas (1834-1917) conheceu seu trabalho em 1874 e o admirava imensamente. Os dois se tornaram e amigos próximos, e foi ele que encontrou a modelo da pintura Menina em uma Poltrona Azul (1877-8), que pode ser vista como sua primeira pintura impressionista. O lindo retrato de uma menina reclinada sem elegância em uma poltrona, com uma expressão que sugere que atuar como modelo estava longe de ser sua ocupação, foi claramente uma indicação da habilidade inata de Cassat para capturar a vida interior de suas personagens.
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Ela sabia que a pincelada solta e o fundo brilhante provavelmente não seriam apreciados pelo júri da Exposição Universal, para onde ela enviara o quadro em 1878, mas o fez mesmo assim. Quando ele foi recusado, “era a prova de que ela era agora uma modernista fidedigna e parte da rebelião impressionista”, diz a curadora Nancy Mowl-Mathews.
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Ela foi convidada por Degas para se unir ao grupo e sua estreia ocorreu em 1878, quando recebeu críticas favoráveis da imprensa francesa, embora os americanos não tenham se impressionado com o rumo tomado por ela. “Sinto muito por Mary Cassatt … por que ela se perdeu?”, lamentou o The New York Times naquele ano.
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Cassatt ficou famosa por suas representações de mulheres modernas retratadas com um respeito único. Na pintura A Xícara de Chá(1881), em que sua irmã Lydia é pintada em um elegante vestido rosa tomando chá da tarde, fica claro que o interesse de Cassatt está mais no pensamento da figura do que na aparência exterior. “Ela estava realmente tentando capturar a ideia de pensamento”, diz Mowl-Mathews.
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Em trabalhos posteriores, como em Mulher Jovem Colhendo Fruta (1892), as mulheres têm uma “monumentalidade semelhante à de deusas”, diz Mowl-Mathews. Os críticos freqüentemente comentavam sobre a falta de atratividade de suas modelos, mas essa foi uma escolha deliberada de Cassatt, que estava determinada em provar que poderia criar obras de arte impressionantes, ignorando os conceitos tradicionais de beleza.
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Na década de 1880, ela começou a pintar imagens de mães e filhos. Cassatt se deliciou com o desafio de pintar a pele de uma criança e se destacou em captar as delicadas nuances do tom da pele. Ela costumava adaptar a técnica simbolista de usar objetos comuns como símbolos religiosos, como o espelho que paira como uma auréola sobre os modelos em Mãe e Filho (O Espelho Oval) (1899), a qual Degas chamou de “a melhor pintura do século 19”.
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Essas pinturas foram muito admiradas em ambos os lados do Atlântico, mesmo que os críticos dos EUA estivessem mais interessados em debater se as mães eram americanas ou francesas do que compreender plenamente a sutileza de suas imagens.
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O fato de que Cassatt foi uma americana pintando em um estilo inequivocamente francês é, sem dúvida, uma das principais razões por que o seu papel no impressionismo é subestimado hoje. Os curadores não têm certeza se devem pendurá-la na seção americana ou europeia, levando seu trabalho ao limbo.
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Esperemos que as novas exposições deixem mais claro a posição à qual Cassatt e Morisot pertencem – lado a lado com os outros grandes nomes da pintura impressionista.
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Berthe Morisot – Mulher impressionista no The Barnes Foundation, Philadelphia 20 de outubro 2018 – 14 de janeiro de 2019; Dallas Museum of Art, Dallas, 24 de fevereiro – 26 de maio de 2019; e Musée d’Orsay, Paris 17 de junho – 22 de setembro de 2019. Mary Cassatt – Uma impressionista americana em Paris esteve no The Musée Jaquemart André, Paris.
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