Saiu no site DIÁRIO DE NOTÍCIAS – PORTUGAL
Veja publicação original: “As mulheres estão a cumprir a sua parte. Agora é a vez de as empresas cumprirem também”
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Relatório anual mostra que, apesar das boas intenções, nos EUA as mulheres continuam a ser discriminadas: são menos contratadas para lugares de direção e têm mais dificuldade em ser promovidas.
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Por Maria João Caetano
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Nos últimos anos, as empresas norte-americanas anunciaram que estavam “altamente comprometidas” com a diversidade de género. “Mas esse compromisso não se traduziu em progressos significativos”, escreve o relatório “Mulheres no trabalho 2018” , produzido anualmente pela LeanIng.Org e a consultora McKinsey & Company: a verdade é que só 38% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres e elas são apenas 23% dos CEO (os cargos mais elevados).
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A primeira conclusão é que as mulheres continuam a ser bastante sub-representadas a todos os níveis. Desde 2015, o primeiro ano em que foram recolhidos dados, não houve praticamente evolução. “O progresso não está apenas lento – está parado”, conclui Sheryl Sandberg, diretora de operações do Facebook e fundadora daLeanIng.Org, organização que apoia as mulheres e luta desde 20013 pela igualdade entre os géneros. “As mulheres estão a cumprir a sua parte. Há 30 anos que há mais mulheres licenciadas do que homens. Elas estão a pedir promoções e a negociar salários, tal como os homens. Agora é a vez das empresas cumprir a sua parte, também.”
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No artigo que publica hoje no Wall Street Journal, Sandberg garante que as empresas devem focar a sua atuação em dois níveis: a contratação e a promoção. As mulheres estão em desvantagem desde o início: há menos mulheres a serem contratadas como funcionárias de base e depois, à medida que se avança na hierarquia, a representação das mulheres é cada vez mais escassa. Porque não são contratadas para cargos de direção nem são promovidas. Para cada 100 homens que são promovidos para cargos de direção, há apenas 79 mulheres promovidas. A situação é ainda pior para as mulheres negras: neste grupo a taxa é de 60 mulheres para 100 homens promovidos. No grupo dos CEO as mulheres negras representam apenas 4%.
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Os dados são preocupantes. Até porque, tal como a Fortune noticiou recentemente, o número de mulheres que ocupam o cargo de CEO nas 500 maiores empresas caiu de 32 (no ano passado) para 25 (este ano). O que significa que a evolução é apenas aparente.
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Quanto mais se avança na hierarquia, mais fácil é encontrar mulheres que são “as únicas” – a única mulher que chegou àquele cargo, a única mulher na direção, a única mulher no departamento. Uma em cada cinco mulheres é “a única mulher na sala” e a sua experiência no trabalho é seguramente pior do que a daquelas que trabalham com outras mulheres. Mais uma vez, as mulheres negras e lésbicas sentem de forma ainda mais agressiva esta experiência de serem “as únicas”.
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Isto leva a outros problemas: as mulheres estão mais sujeitas a sofrer discriminações quotidianas e microagressões (como por exemplo terem de provar mais vezes a sua competência ou as suas opiniões não serem tidas em conta). Para 64% das mulheres as microagressões no local de trabalho são uma realidade. E 35% das mulheres já sofreram assédio sexual em algum momento da sua carreira, desde ouvirem piadas sexistas a serem tocadas de forma imprópria. Esse valor sobe extraordinariamente quando se olha para o grupo de mulheres que chegam ao topo da carreira: 55% destas mulheres já foram assediadas.
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Perante este cenário, Sandberg conclui: “No passado, quando as empresas anunciaram o seu compromisso com a diversidade de género, nós celebrámos. Agora estamos impacientes. O futuro das mulheres nas empresas depende do equilíbrio, e as boas intenções já não chegam. As mulheres estão a fazer acontecer. As empresas têm de também fazer acontecer” (referência ao livro de Sheryl Sandberg, Lean in, publicado em Portugal em 2014 com o título Faça Acontecer)
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Leia AQUI, as conclusões do relatório “Mulheres no Trabalho 2018” que este ano abrange dados de 279 empresas norte-americanas que empregam mais de 13 milhões de pessoas. Além disso, foram entrevistados 64 mil funcionários que partilharam as suas experiências e visões do seu local de trabalho.
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