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As melhores empresas para as mulheres trabalharem

Saiu no site Claudia:

Um novo levantamento revela práticas que fazem de algumas companhias as favoritas de funcionárias mulheres – como horários flexíveis e programas de coaching
 
Por Isabella D’Ercole
Em 2016, 16% dos cargos de CEO no país eram ocupados por mulheres, apontou o relatório Mulheres nos Negócios, organizado pela consultoria Grant Thornton. Ainda muito pouco, é verdade, mas 45% maior que o número do ano anterior (11%). Sinal, portanto, de que os esforços por parte de empresas, empresárias e executivas têm surtido efeito. “Algumas ações que parecem pequenas, como flexibilidade de horário e a possibilidade de fundir um período de férias à licença-maternidade, são bastante efetivas se comparadas ao cenário de 20 anos atrás”, analisa Daniela Diniz, diretora de conteúdo e eventos da consultoria Great Places To Work, no Brasil.

De olho nisso, a Great Places To Work criou um prêmio específico para avaliar as melhores empresas para as mulheres trabalharem. Dele só poderiam participar negócios com ao menos 100 funcionários, sendo 15% deles mulheres – e 15% delas em cargos de gestão. A pesquisa é respondida pelas funcionárias, que avaliam práticas, políticas e satisfação geral.

Das 144 inscritas, 30 foram condecoradas em cerimônia realizada no mês passado em São Paulo. Delas, cinco têm mulheres à frente dos negócios. Trata-se de empresas de áreas variadas, como saúde, finanças, tecnologia e ensino.

Em comum, têm a flexibilidade como palavra de ordem. “Não estamos falando de poder sair para ir ao médico ou buscar o filho na escola, mas de uma organização que permite que a mulher se sinta confiante para dar conta de todas as suas responsabilidades, em casa e no trabalho”, afirma Diniz.

Para ela, as destacadas na seleção têm como mérito tornar a equidade uma questão de importância real dentro da corporação. E também ir além de práticas de perfumaria pouco efetivas, tais como ter um salão de cabeleireiro no escritório ou fazer uma grande festa no Dia da Mulher. “São planos para agilizar as mudanças, que, se fossem orgânicas, levariam décadas”, completa.

A seguir, conheça os diferenciais que fazem desses lugares um ambiente mais amigável para a mulher e que permitem seu desenvolvimento pleno sem entraves por gênero.

Pandora

Criada na Dinamarca há 35 anos, a joalheria chegou ao Brasil em 2007. A paulistana Rachel Maia assumiu o cargo de CEO pouco depois da abertura, quando havia apenas duas unidades no país – hoje são 35. A presença da contadora no comando tem efeito significativo: ela é força atuante na equidade de gêneros.

Hoje, 70% do conselho do escritório nacional é composto por mulheres, assim como 90% das gerências de loja. Os fortes dados são resultado de iniciativas como oferecer coaching para líderes e criar um ambiente favorável para o desenvolvimento pessoal e profissional. “As funcionárias gostam da empresa porque o perfil não é de buscar apenas resultados numéricos, mas satisfação dos colaboradores”, conta a diretora de recursos humanos Fabíola Marshall.

Há outras vantagens, como sair mais cedo na sexta-feira, folgar no dia do aniversário e receber vale-alimentação mesmo durante a licença-maternidade. Para o próximo ano, o objetivo da empresa é oficializar suas políticas em um programa, criar comitês de diversidade, indicadores para medir os avanços dentro da Pandora Brasil e criar metas de preenchimento de cargos de acordo com perfis específicos.

Thoughtworks

Enfoque genuíno nas pessoas: é assim que a ThoughtWorks Brasil define sua gestão de recursos humanos. A consultoria de tecnologia americana chegou ao Brasil há sete anos.

Hoje, o quadro de funcionários tem 38% de mulheres e 9 delas estão no time de liderança estratégica (contra dez homens). “Temos políticas básicas, como licença-maternidade e paternidade estendidas, programas para mulheres que querem desenvolver suas capacidades de liderança e todas as entrevistas de recrutamento são feitas por pares, um homem e uma mulher, evitando o viés de gênero”, explica Andrea Aranda D’Ávila, diretora de departamento pessoal e recursos humanos.

Entretanto, ela ressalta que além disso, os funcionários são convidados a se manifestar para adequações pessoais. Ainda há práticas menos comuns, como a possibilidade do colaborador solicitar uma conversa de feedback a qualquer momento e revisão anual de salário. Outra atividade ousada é proposta para melhorar a empatia entre a equipe e fazer colaboradores entenderem como seus privilégios impactaram na carreira.

Os funcionários ficam posicionados um ao lado do outro e, ao ouvirem uma pergunta de um facilitador, devem dar um passo à frente, caso a resposta seja positiva, ou para trás, em negativas. “Abre-se espaço para uma conversa sincera e a criação de uma relação de mais respeito pelo esforço do próximo”, acrescenta Natalia Natalia Menhem, head de marketing.

Fortbrasil

O conceito de igualdade de gênero Juliana Freitas aprendeu cedo, em casa. Mesmo tendo dois irmãos mais velhos, ela foi a escolhida para assumir a presidência da FortBrasil, empresa de crédito de Fortaleza, fundada pelo pai dela há 17 anos. Hoje, orgulha-se do alto escalão da empresa ser formado por 50% de mulheres.

Ali, deseja anular o que chama de “ambiente hostil dos negócios para as mulheres”, encontrado em reuniões e viagens. Com campanhas de conscientização, mudou o estereótipo de que as vagas relacionadas à números e tecnologia pertenciam aos homens. Com isso, as mulheres na área de análise de dados cresceu 25% em três anos, chegando a 55%.

A flexibilização de horário é outro atrativo. “É possível mudar de turno mensalmente”, explica o diretor administrativo Marcelo Filho. Ele ressalta também a cultura da empresa, que valoriza expressões individuais. “Queremos que as pessoas possam ser elas mesmas aqui, revelar seus gostos e personalidade sem ter medo de repressão por parte da companhia. Ninguém tem que viver escondido só porque está no seu local de trabalho”, completa.

Laboratório sabin

“É uma empresa com a alma feminina, afinal, foi fundada por duas mulheres”, afirma Lidia Abdalla, presidente do Laboratório Sabin, de Brasília. O índice de gestoras bate os 74% e a relação de transparência entre colaboradores e líderes é, em partes, responsável por isso.

Capacitando profissionais, o Sabin garante planos de carreira prolongados a quem se interessar. Além disso, oferece vantagens como a possibilidade de escolher a unidade mais próxima de casa para trabalhar ou flexibilidade de horário para homens e mulheres dividirem responsabilidades na criação dos filhos. “A confiança diminui o turnover. Mesmo em fases desafiadoras na vida pessoal, como a volta da licença-maternidade, as mulheres sabem que podem ficar tranquilas no escritório”, completa.

Para ser integrado a essa cultura, o colaborador passa por um período de adaptação de 90 dias, recebendo capacitações e treinamentos. “A ideia é disseminar esse pensamento para que se torne orgânico, para que não exista nenhum viés de diferença de gênero”, garante Mariana Bittar, gerente de recursos humanos.

Takeda

Horário flexível e licença-maternidade e paternidade estendidas são questões há muito ultrapassadas para a farmacêutica de origem japonesa Takeda. Com sede em São Paulo, estimula o time executivo a pensar na equipe, além de estratégias de negócio.

A última exigência, por exemplo, foi que cada membro do comitê levasse para aprovação uma proposta de uma política única, pioneira. “Não é só o setor de recursos humanos que se concentrar nisso, deve ser uma preocupação geral, pois é mais um item competitivo na hora de trazer os melhores profissionais e garante a satisfação, o que leva a resultados”, afirma Renata Campos, presidente.

As mulheres estão em 42% dos cargos de liderança e mais da metade da diretoria. Para Veronika Falconer, diretora executiva de recursos humanos, os funcionários estão envolvidos em um propósito de ajudar o próximo, o que garante o senso de equipe e incentiva no dia a dia.

Centro Universitário Una

Para a vice-reitora do Centro Universitário Una, o cargo mais alto na instituição, ter uma mulher nesse posto serve de inspiração para as colaboradoras. “É a questão da representatividade, as outras mulheres olham para você e se enxergam lá, sabem que podem ser chegar”, diz.

Além dela, mais 60% de mulheres ocupam cargos acadêmicos e administrativos. Como não poderia ser diferente, a empresa mineira tem como crença usar a educação para transformar a cultura negativa contra a mulher. “Passamos mais tempo aqui do que em casa, então esse também precisa ser um ambiente de bem-estar. Estimulamos conversas, motivamos com eventos diferenciados, criamos um clima leve e aberto para a troca de ideias”, afirma.

As 30 vencedoras em números

  • 50 anos é a idade média dos (ou das) CEOs das empresas selecionadas
  • 90% das empresas oferecem programas de coaching e 53% de mentoring para colaboradores
  • 62 horas por ano é a média de tempo que as empresas investem no treinamento de cada funcionário
  • 12 empresas entre as vencedoras são nacionais e 18 são multinacionais
  • 49% é o índice médio de gestoras mulheres nessas empresas
  • 86% dos contratados acreditam que a empresa só alcança bons resultados quando os inspira

 

 

 

Publicação Original: As melhores empresas para as mulheres trabalharem

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