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Veja publicação original: Armar brasileiras reduziria casos de violência contra a mulher?
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Por Giorgia Cavicchioli
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Recentemente, é possível observar uma intensa discussão sobre a flexibilização da posse de armas para mulheres. O argumento do governo federal é de que, assim, as mulheres poderiam se proteger de violência física e sexual.
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Algumas pessoas chegaram a concordar nas redes sociais com a ideia, mas será que a posse de armas faria com que as mulheres ficassem efetivamente mais seguras? Dados mostram que não. A OMS (Organização Mundial da Saúde) já mostrou que o Brasil é o quinto país que mais mata mulheres no mundo.
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De acordo com estudos feitos por várias instituições renomadas, a maioria dos crimes de violência contra a mulher, especialmente os estupros, não acontecem em becos escuros pela cidade e não são cometidos por desconhecidos.
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Segundo estudo Raio-x do Feminicídio, feito pelo MP-SP (Ministério Público de São Paulo) com dados de 2016 e 2017, 66% dos casos de morte de mulheres aconteceram dentro de casa.
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O Instituto Sou da Paz também realizou um estudo sobre o assunto em 2016. De acordo com o levantamento, 40% das mulheres que morreram em domicílio naquele ano foram mortas por pessoas que fizeram o uso de armas de fogo.
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De acordo com Carolina Ricardo, assessora da diretoria do Instituto Sou da Paz, antes de mais nada, precisamos quebrar esse mito de que o homem que irá cometer um abuso sexual contra a mulher é um desconhecido que a aborda em um canto escuro de uma rua.
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“A maioria dos estupros acontecem dentro de casa, entre pessoas que se conhecem e o alvo, geralmente, são crianças e adolescentes”, afirma lembrando que é preciso aumentar o olhar para crimes como estupro de vulnerável e marital (aquele em que o próprio parceiro da vítima comete o abuso).
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Segundo ela, quando ocorre a violência doméstica, uma arma em casa potencializa a capacidade de o agressor ameaçar a mulher que já está coagida dentro de sua residência. “Nesse caso, a arma potencializa uma situação de dominação e abuso”, diz Carolina.
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“O que precisa fazer para combater a violência contra a mulher são outras coisas que não tem a ver com armar. Uma série de serviços podem ajudar nisso, como medidas de segurança pública, de saúde e de falar sobre como a mulher é vista como um objeto”, explica a especialista.
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Sobre os casos que acontecem na rua e que são cometidos por desconhecidos, ela diz que é preciso que sejam feitas políticas públicas a respeito. A polícia, segundo ela, precisa analisar esses números e ver em quais locais acontecem, em qual hora do dia e se é a mesma pessoa que comete os crimes, por exemplo.
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Assim, de acordo com Carolina, é possível que seja melhorada a infraestrutura no local, por exemplo, com iluminação adequada. “Tem um monte de outras medidas para resolver. É fazer o trabalho de segurança pública e não armar. E isso vale para homens e mulheres. Armar a população é jogar uma cortina de fumaça”, finaliza a especialista.
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