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Amiga e familiares tentam esclarecer morte de fundadora das “Mães de Maio”

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Veja publicação original: Amiga e familiares tentam esclarecer morte de fundadora das “Mães de Maio

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Por Marcos Cândido

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Em 2006, Vera Lucia Gonzaga dos Santos, 58, embarcou num ônibus em Santos, litoral de São Paulo, rumo à capital paulista. Ao seu lado estava Débora Maria da Silva, também moradora da periferia santista, Vera Freitas e Ednalva Santos, fundadoras do que ficaria conhecido como o movimento “Mães de Maio”.

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Vera, a Verinha, teve a filha Ana Paula, grávida de nove meses, e o genro Eddie  Joey assassinados durante o conflito entre a facção PCC (Primeiro Comando da Capital) e agentes policiais. Entre policiais militares, civis, agentes penitenciários e guardas civis, 59 agentes de segurança foram mortos. Em contrapartida, 505 civis foram assassinados por policiais em “autos de resistência” ou execuções feitas por forças paramilitares.

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“A gente foi até a capital, na ouvidoria. Subimos juntas para São Paulo e ficamos sabendo que tinha quem nos ajudasse. Íamos para a luta. A Verinha chegou lá, sempre calada, na dela”, relembra Débora, mãe de Edson Rogério Silva dos Santos, também assassinado em maio de 2006, à Universa.

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Foi com a união destas quatro mães que surgiu o “Mães de Maio”, inspirado em associações de mães em busca de filhos mortos no Rio de Janeiro e na Argentina.

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No último dia 3, Vera foi encontrada morta em casa, na periferia santista. O enterro, no dia seguinte, aconteceu no Cemitério Areia Branca, onde também foram sepultados a filha, a neta e o genro. A hipótese de Débora e familiares é a de suicídio por envenenamento. O IML (Instituto Médico Legal) aponta morte por edema agudo dos pulmões, complicações cardíacas e até mesmo diabetes. A investigação segue em aberto.

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A tese, diz Débora, é endossada devido a quadros de depressão que ela considera ter atingido mães associadas ao grupo.

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A notícia

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Em 2008, Vera foi presa por associação ao tráfico. Ela e o movimento sustentaram a tese de flagrante forjado por sua postura combativa e já descolada do movimento. Vera foi condenada e passou três anos detida, sem que o falso flagrante fosse oficialmente provado.

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Em 2015, numa CPI do Senado, Vera contou que seus parentes foram comprar leite para preparar uma vitamina quando receberam os disparos. Na bancada do Senado, ela lamentou: “eu já fui presa, já perdi minha filha. Então hoje se eu morrer, para mim não faz diferença porque já me mataram e já fui enterrada junto com minha filha e minha neta. Eles têm ordem para matar e nós temos ordem para morrer.”

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As “Mães de Maio” conseguiram uma indenização por danos morais em 2015, uma pensão vitalícia equivalente a metade de um salário mínimo. A conquista não amenizou as pautas do movimento, que continuou em busca de respostas para as mortes dos filhos e parentes.

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Aquela noite

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Quando recebeu a notícia da morte, Débora estava em uma palestra na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. Ela acionou assistentes sociais e mães próximas da colega em Santos para auxiliar a família. Vera deixou três filhos.

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“Seis meses antes, ela me chamou na rodoviária de Santos, quando eu me preparava para viajar. Me disse que tinha pedido desculpa ao padre e para Deus, e que não iria aguentar mais. Falei para tirar isso da cabeça, mas ela estava muito deprimida”, lembra Débora. “Eu queria que maio não existisse no calendário. O estado me tirou mais ainda o direito em comemorar o Dia das Mães, ajudando a matar a Verinha também. Desde que mataram nossos filhos, a gente não tem o que comemorar.”

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