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Ameaças, autoexílio e escolta: como a violência política afasta mulheres da vida pública

Saiu na Marie Claire

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Eram 10 horas da manhã e a deputada federal Taliria Petrone (PSOL-RJ) já tinha recebido a primeira ameaça virtual do dia. “Esse tipo eu não ligo mais, é aos montes”, conta o parlamentar, após mostrar um print da mensagem. “Liberei seus dados para diversos marginais. Já que vc quer liberar seus assaltos, espero que vc e familiares vivam na pele. E se fizer BO ou reivindicado, aí vamos até seu gabinete”, dizia o texto enviado pelo Instagram, fazendo referência ao posicionamento antipunitivista da deputada.

Taliria sofre desde ameaças que entrou para a vida pública, em 2016, ao eleger-se vereadora de Niterói, no Rio de Janeiro. Única mulher em exercício na Câmara Municipal da cidade durante os dois primeiros anos do mandato, era também e amiga do partido da vereadora Marielle Franco , cujo assassinato em 2018 tornou-se o marco de violência política no país. Depois disso, Taliria passou a andar de escola armada.

Por questões de segurança, a deputada já mudou de casa quatro vezes. Na última e mais grave delas, em 2020, teve de sair do Rio após a Polícia Federal interceptar uma conversa de milicianos que encomendavam a sua execução. “Não tenho a menor dúvida de que é uma violência política que se agrava por eu ser mulher e uma mulher negra . É impossível descolar o debate de violência da questão de gênero e raça”, diz.

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